Espreita.
Retribui.
Há algo nesta direção
que nos espera
em formato energia
que não vemos
que não sabemos
se um dia é alguém
mas queremos festejar
a presença virtual
cumprimentar
dizer olá como estás
mesmo sem saber
se respondes
e quando respondes
mas sorrimos
sempre, vês?
e saudamos
um bom domingo.
Reflexos ondeados
abrem a cor de um rio
a braços com o Tejo
é o fim de mais um dia
de um agosto em tons
de azul quente e algas
luz e chapéus de sombra
faluas e barcos pintados
chuveiros a condizer.
Vamos descer até ao palco
vamos subir até público
vamos lançar um papagaio
ou atirar a bola pelas escadas
voltar a trepar a pé na relva
tornar a lançar o maroto olhar
ao movimento naquele instante
voador de papel a ziguezaguear
a bola de Portugal sempre a rolar
pequenos pontapés naqueles degraus
de criança animada e a observar
já com memórias frescas cheia de vida.
Somos moinhos de roda
movidos por sonhos
nos calores coloridos
nem sempre conhecidos
pela nossa sobriedade
mas a água é bondade
frescura e vivacidade
abraça-nos a confiança
e nós envelhecidos
quase a definhar
em tempos de labaredas
vem o tempo da renovação
que livre desabrocha
e as cinzas ainda quentes
dão lugar à respiração...
Anda viaja
vamos continuar
a olhar em frente
o longe o horizonte
do alto do monte
do alto de mim
do alto de ti
juntos acreditamos
que alcançamos
um futuro melhor
em parcerias
para cada um
para todos
no mundo, não achas?
Há um contraluz
vivo no nosso cosmos
a iluminar a noite
lá fora nas árvores
senhoras quase falantes
sábias de silêncio rumorejante
são os seus ramos sonolentos
virados a cada estrela
a escrever a sua história
e o leve descansar de um rio
a entorpecer o fresco do sono
melodioso da vida noturna
a deitar pozinhos em alguém
nas pálpebras nos braços
nas costas no colo humano
rendido ao leito primordial...
