sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O nosso seminário é já nesta , dia 17 de Outubro, às 11h na Faculdade de Letras (Sala Pedro Hispano).

Desta vez contamos com duas comunicações:

Rosa Duarte
“O discurso mnésico autobiográfico em De Profundis, Valsa Lenta.
A (in)consciência da sensorialidade e do trauma no laboratório de escrita”
Nuno Miguel Proença
“Identidade, sofrimento e narrativa”
 





Como sempre a entrada é livre e convidamos todos a participar e a divulgar.

Os melhores cumprimentos,
 

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

crónica publicada no «Setúbal na Rede» e no «Diário da Região»

Educação
por Rosa Duarte
(Professora)


O Pedro não Brinca em serviço

Há dias admirei-me, agradavelmente, com as novas do diretor fundador do jornal "Setúbal na Rede" ao saber que, temporariamente, ia para o outro lado do mundo para abraçar um novo desafio profissional. Fiquei contente, reafirmo, mas, ao mesmo tempo, com um bichinho secreto a remexer-se cá dentro. Creio que foi o navegador quinhentista empreendedor que cada português tem dentro de si…

Hoje, mais conformada com o quotidiano sedentário, decidi homenagear, à minha fraca maneira, os 17 anos da construção e dedicação do Pedro ao "Setúbal na Rede". Ninguém me encomendou o sermão e por isso peço desculpa pela ousadia. Mas este impulso é legítimo porque é de gratidão por ter aprendido com ele boas coisas neste mundo vasto da informação. Ensinou-me e inspirou-me para o nosso RLG Reportagem. (A minha desatualizada cultura jornalística não era digital. Em tempos, eu apenas lançara o jornal escolar o "Celeiro" em suporte de papel…)
 
Este sentimento é, assim, também dos meus alunos e da minha equipa do jornal escolar digital, formada há cerca 2 anos a esta parte. É que o jornalismo ensinado por profissionais é mais vivo, mais real e envolvente. E os bons jornalistas fazem sempre falta no ensino pela sua seriedade e resiliência!
 
Agradecer, também, porque nós, professores, devemos uns aos outros, de vez em quando, uma palavra de apreço pela dedicação à carreira sinuosa e fascinante que é a docência. O jornalista Pedro Brinca foi um bom professor comunicador nos workshops e noutros encontros escolares (para além dos seus outros compromissos no Instituto Técnico e/ou outros…).  
 
Está visto que do outro lado do mundo, o mar é bem azul e deslumbrante. E com o toké de pintas coloridas no seu timbre exótico no morno ambiente do quotidiano…muito material de inspiração, portanto.
 
"Há mar e mar, há ir e voltar" ou "circular é viver" são frases sugestivas ou rifões que ocorrem por reforçar qualquer coragem para o desafio, a aventura, a viagem, que apelam igualmente ao regresso. Palavras que constroem os nossos pensamentos e nos convencem a ouvir, de vez em quando, a vontade própria do momento. Sejam estas ou outras, palavras mais ou menos feitas, quantas nascem no mundo matreiro da publicidade, mas dão uma ajuda inestimável à consciência coletiva, no bom serviço à comunidade. A primeira, por exemplo, é do poeta e publicitário Alexandre O’Neill, autor do célebre poema "Gaivota", originariamente cantado por Amália Rodrigues e musicado por Alain Oulman. Amália, essa grande fadista homenageada diariamente na rádio com o seu nome.
 
E ainda constato, sem querer, como é fascinante o mundo das naturais cumplicidades entre o jornalismo, a literatura e a música que vivem de mãos bem próximas e irrigadas. Não como uma amizade garantida nem perfeita, mas uma joia nas suas imperfeições que confirmam o seu valor e compromisso genuínos.
 
São muitos os exemplos dos escritores que começam no jornalismo, experimentam a literatura e, alguns, ainda lançam olho ao mundo da música… Quantos jornalistas são especialistas, também, na área musical? E ocorre-me a tertúlia musical no Musicando, organizada pela Câmara e pelo "Setúbal na Rede", no dia 14 de setembro, na Casa da Cultura, que foi um momento agradável, com histórias e canções de vários artistas setubalenses dos anos 50 aos 90.
 
A escrita é a fala da música e o verbo o alimento dos jornalistas. Todos se alimentam de ritmos e se elevam a partir dos factos. Sabem sentir com as palavras no olhar e perscrutar o acontecido (in)temporal.
 
Escrever notícias, afinal, não é "só" rabiscar: é olhar o mundo de frente em cada horizonte.
 
Aprender a ver e a compreender.
 
Um escrevedor é um trabalhador dorido com calos de pedreiro ou golpes de sapateiro. E, insatisfeito, anda errante na vida à procura da melhor matéria-prima para preparar e partilhar. E caminhar para quebrar mais pedra…até esculpir uma simples história.
 
Como nos confidenciou o cronista António Lobo Antunes: foi ao fim de muitos anos de escrever que ele descobriu que não sabia escrever… Que é a natural descoberta do sábio que persiste no caminho da humildade e do desafio.
 
E esta conversa toda só para desejar ao Pedro um bom trabalho neste seu mais recente desafio profissional. Ficamos a aguardar novas…
 
Aproveitamos para saudar o novo diretor do jornal desta região que, não é por ser a nossa, mas está cada vez mais glamorosa e atenta aos desafios do futuro.


Rosa Duarte - 15-10-2014 08:51
 

[Setúbal na Rede] - O Pedro não Brinca em serviço

[Setúbal na Rede] - O Pedro não Brinca em serviço

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Há quem já não possa ouvir falar de praxes!


PARA UMA SOCIEDADE PROGREDIR, PRECISA DE CRITÉRIOS DE EXCELÊNCIA


Não será, com certeza, a primeira vez que se ouve esta frase, mas é bem verdadeira e incontornável. Só se progride se formos exigentes com o caminho do progresso social, que deve zelar pelo ritmo crescente do progresso moral.

O caminho dos valores é inequívoco e indispensável para a jornada coletiva.

Na semana passada, as praxes a recriar a tragédia do Meco, com palavras desrespeitosas alusivas às circunstâncias em que os seis estudantes morreram na praia do Meco, em Leiria e em Coimbra, não podem ficar impunes. Nem tão pouco por explicar.

Há uma intenção nestas atitudes que tem que ser apurada.

Se visava pôr a ridículo a forma como os media noticiaram todo o caso do Meco, queremos perceber como.

Se visava simplesmente mediatizar o ridículo das suas praxes, tanta imaturidade não deve ser aceitável em universidades.

Pela parte da direção da ESTG, esta "lamenta profundamente" a atuação dos estudantes e apresenta "sinceras desculpas" a quem possa ter afetado e vai "averiguar os atos praticados, apurar os responsáveis e apreciar as medidas a tomar".

No meu ver, há que ponderar a possibilidade de, no futuro próximo, as comissões de praxe passarem a ser eleitas também pelo corpo docente de cada faculdade. Inevitavelmente cada comunidade olha também para os seus professores quando é questionada a responsabilidade dos certos atos dos alunos, mesmo dos mais veteranos (ou sobretudo desses…)

Ouvem-se as associações de estudantes lamentarem o sucedido e condenarem a "atitude imatura de envolver uma tragédia no que deve ser uma atividade de integração dos novos estudantes". Não outra coisa se esperaria.

Não se pode deixar que dois ou três elementos estudantis, confusos ou imaturos, comprometam a imagem de toda uma excelente geração de jovens de boas práticas académicas, cívicas e sociais, que se pautam pelo respeito mútuo e partilham do forte pesar pelo desaparecimento dos colegas praxados no Meco e da dor das suas dedicadas famílias.

 

                                                                        Laranjeiro, 6 de outubro de 2014

                                                                                Rosa Maria Duarte
 

 

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

a batuta do olhar: LANÇAMENTO DO SEGUNDO ANO DO RLG REPORTAGEM

a batuta do olhar: LANÇAMENTO DO SEGUNDO ANO DO RLG REPORTAGEM: O SEGUNDO ANO DO JORNAL DIGITAL RLG REPORTAGEM Estimados visitantes, Com o início do ano letivo de 2014/2015, o jornal digital RLG ...

LANÇAMENTO DO SEGUNDO ANO DO RLG REPORTAGEM


O SEGUNDO ANO DO JORNAL DIGITAL RLG REPORTAGEM


Estimados visitantes,

Com o início do ano letivo de 2014/2015, o jornal digital RLG REPORTAGEM retoma a sua atividade. Entra no seu segundo ano de vida.

Como fundadora e coordenadora do projeto, cabe-me informar-vos que é nossa intenção melhorar o formato gráfico do RLG Reportagem, quer nas suas secções, quer no grafismo e no acesso para a consulta diária. Vamos ver o que se consegue fazer…

O texto de reabertura está preparado pela equipa do jornal, ainda que a prioridade na produção e publicação jornalística ao longo do ano seja dada, pela sua vertente pedagógica e didática, aos alunos da nossa escola e do agrupamento.

Como sabem, o jornal RLG Reportagem é um conteúdo ativo da página eletrónica do Agrupamento Ruy Luís Gomes. E todos os outros conteúdos são igualmente interessantes e merecem também a nossa visita (como, de resto, quase que inevitavelmente costuma acontecer).

Apesar de neste ano letivo eu dispor de menos tempo para me dedicar a este projeto jornalístico, procurarei manter a mesma determinação e entusiasmo ao dinamizá-lo.

Na BE/CRE da escola-sede irá ser colocada uma caixa de correio, devidamente identificada, destinada a receber textos e sugestões para o nosso jornal, bem como a inscrição de alunos voluntários para a atividade nova a ser promovida por este jornal intitulada «Banco de Ajuda». Esta atividade tem como objetivo integrar melhor os alunos na sua escola, designando padrinhos e madrinhas para os mais novos que assim o desejem, promovendo pequenos auxílios mútuos, enfim, maior comunicação entre pares.

Queremos agradecer encarecidamente aos que nos têm apoiado e visitado até agora, em particular à diretora do nosso Agrupamento e também ao diretor do jornal digital Setúbal na Rede, que nos inspira jornalisticamente falando e que conta sempre com a nossa participação no seu «Jornalismo na Escola».

Para enviar textos por email, podem fazê-lo para os seguintes endereços: luisabatista@ruyluisgomes.org     rosaduarte@ruyluisgomes.org

Obrigado e um bom ano para todos. E estejam atentos.

                                                     Laranjeiro, 29 de setembro de 2014

                                                              Rosa Maria Duarte

                                                (profª e coordenadora do RLG Reportagem)
 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

crónica publicada no «Setúbal na Rede» e no «Diário da Região»

Educação
por Rosa Duarte
(Professora)
       http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=21836


                                    O ARRANQUE DO ANO LETIVO A 11 DE SETEMBRO
 
Este ano, a data oficial anunciada para o início do ano letivo foi entre 11 e 15 de setembro; algumas escolas iniciaram a 11 e muitas a 15 de setembro. Nada demais, pois para o calendário qualquer data é boa. Quanto mais cedo, melhor, há quem pense… Há catorze anos o dia 11 de setembro era uma data vulgaríssima. Talvez curiosa por estar a 111 dias do final do ano civil. Mas agora, mais do que qualquer lembrança ou efeito, vira-nos o olhar para o mundo de hoje, dentro e fora dos limites do país, dos continentes e, no caso, das suas escolas.

Estando eu integrada numa escola secundária, constato e tenho participado do entusiasmo geral em cada recomeço letivo que, malgrado, inevitavelmente tem alimentado o estigma do número preocupante dos professores que ficam desempregados e, também, da gradual perda de direitos dos que continuam no ativo.
 
Fora portões, os problemas escolares não se diluem, bem pelo contrário; as suas raízes duras e persistentes denunciam-se, visíveis nas famílias desestruturadas e carenciadas, na população com fracas perspetivas face ao mundo do trabalho, nos sérios problemas de inserção social e aceitação da diferença…
 
Acontece que a angústia e o desespero são potenciais inimigos da ponderação e da clareza de espírito. E esse é o 11 de setembro da atualidade.
 
Com os atentados à liberdade e à dignidade de vida das pessoas, proliferam atos de violência e de terrorismo. Somam-se testemunhos de empregados mal pagos e maltratados. De empregadores desapoiados e revoltados. De jornalistas sequestrados e até decapitados por jovens que, noutras circunstâncias, poderiam estar a aprender com esses ou com outros jornalistas experientes.
 
São graves as atuais violações dos direitos humanos.
 
As lamentáveis consequências do 11 de setembro de 2001 deveriam já ter ensinado o mundo a repudiar cabalmente a arma do terrorismo. Muitas têm sido as abordagens das causas e consequências do terrorismo em diferentes circunstâncias, expressões e suportes de comunicação de massas, e não só, com o objetivo de desenvolver o espírito coletivo inequivocamente contrário ao uso do terror psicológico e físico.
 
Afinal, o que está a falhar no processo educativo, no caso ocidental, entre os povos onde o terrorismo é condenado e, no entanto, está em crescendo? Quem foram ou são os pais, os professores e os amigos destes jovens que participam em atividades terroristas, e quem os alicia e como?
 
Estarão alguns atuais valores em vigor tão enfraquecidos por práticas de má cidadania dentro das instituições, sobretudo por parte daqueles que têm uma responsabilidade social acrescida, ao ponto de involuntariamente empurrarem certos indivíduos mais vulneráveis para o desânimo profundo e para atos contraditórios de manipulação, repressão e agressão organizados?
 
A educação é, por excelência, o antídoto do terrorismo.
 
Mas a educação não se basta a si própria. Tem sempre que ser questionada a cada passo. Refletida individualmente e em grupo. É uma obra humana que exige aperfeiçoamentos e reajustamentos constantes ou mesmo modificações profundas. Claro que as escolas nem sempre estão preparadas para o melhor modo de educar. Até porque as experiências pedagógicas precisam de tempo para darem resultados válidos. Por hábito, o ser humano reage melhor à estabilidade do conhecido do que às alterações, inovações ou reposições. A educação nunca está concluída e não pode ignorar as necessidades da comunidade e do indivíduo. É um processo em ação, se o queremos desejável.
 
E a este propósito, há dias recebi, entre outras, uma breve mensagem sobre esta problemática educacional do professor Jimenez R. José Luis, da Universidad de Santender, que citou o seu livro em preparação "Por un intento de cambio desde una educación propiá"(2013), comentando criticamente a perda de tempo no trabalho do professor com o mero recenseamento da informação aos alunos, o que condena as novas gerações à imitação e à imolação do seu crescimento pessoal, num tempo com claros sintomas de decadência cultural.
 
Em abono da verdade, muitos professores, sempre em luta pela causa educativa ao longo dos anos, têm sido mais do que meros transmissores de conhecimentos e procuram agir de modo efetivo na transformação da instituição-escola e no mundo.
 
Contudo, a sua ação só consegue desvelar-se com sério êxito quando a concertação leva à participação de todos, que só com intuitos construtivos resultam mais e melhor.




 


Rosa Duarte - 17-09-2014 09:11