Nunca me deixarei
apartar do fado
Vivo numa canseira louca
Pois estou encontrando maneira
De me aportar residente
Na terra contagiante do fado
Sem que o teu ciúme infundado
Me procure estrangular o ar.
Deixa-me assim tão somente
viver sentida ao teu lado a cantar
Os meus fadinhos d’Alcântara
Da Mouraria e da nossa Alfama
O marujo de boina e madeixa
Lisboa com cheirinho a cravo
A teima do amor perdido
A gaivota do céu encantado.
Gosto de ti e dos meninos
Num amor belo e grandioso
De tardia fadista tomada
Pela doença fatal dolorida
A meio de uma semicheia vida
Albergue de letra corrida
E verso humano consentido.
Não me toldarás a minha veia
Vital e determinada guerreira
nem que me faças passar
Por mulher vaidosa e convencida
Egoísta sórdida malfadada
Com história vulgar e conhecida.
Cantar onde houver guitarras
Não fosse eu mais uma Rosa Maria
Marulho poético concha de praia
Discreta livre na areia lavrada
De amor e som fresco, maresia
Tristeza que é som subido
Verdadeiro sedutor no fado.
Nada nem ninguém de todo nada
Me fará por momentos recuar.
Inventa aliados, gestos, disfarces
E olhares de estudada reprovação.
O meu destino está traçado:
Cantarei a vida e a
morte
E o canto do esbelto cisne
Amor canção em dor maior
Em homenagem ao meu destino
Meu eterno e querido pai, o Fado.
Alcântara, 2 de
julho de 2013
Rosa
Maria (a fadista)
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