quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Queres pensar comigo XLIV

- Mas que raio!, explicas-me uma coisa?


- Sim…


- Para quê tanta pressa de viver se vamos morrer?


- Há quem pense ao contrário: se vamos morrer, tenho que me despachar!


- Despachar para quê?


- Olha, por exemplo, para o ato criativo. Criar febrilmente. Fernando Pessoa, Van Gogh…


- Sentes essa febre de criar?


- Sinto. Preciso de introduzir a 'festa' no meu dia-a-dia. Rolland Barthes, O Prazer do Texto, por exemplo.


- Mas és compulsivo a criar, mesmo?


- Confesso que sou compulsivo a criar.


- Mas foste sempre assim?


- Eu acho que não. Sempre me senti um pouco incomodado pela monotonia, mas acho que tive alguns, o que costumamos chamar, 'insights'. Ou seja, a minha consciência alargou-se, expandiu e passei a viver e a olhar a vida de uma forma mais intensa, talvez mais profunda.


- Quer dizer que acreditas no ato criativo?


- Porquê, tu não acreditas? É discutível, sim. Estive a reler O Canto do Cisne no Retorno do Eu ao Ato da Escrita. Fala também sobre isso. Eu sou muito intuitivo, mas também gosto de usar o intelecto. A minha mãe dizia que era, de quando em quando, clarividente. Mas, muito sinceramente, acho que não sou. Ou deixei de ser.


- Pois...a clarividência é outro assunto que, para mim, é muito discutível. Por isso, não faço questão de falarmos hoje sobre isso. Não te importas?




Queres pensar comigo?
Rosa Maria Duarte
Óleo s/tela
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