O futuro das cidades depende
da boa rede de comunicações, dos seus recursos naturais e industriais e da
valorização cultural que se preconiza.
O valor da criatividade
literária é um pilar basilar da alma de um povo e é transversal a todos os
meios urbanos, mais ou menos desenvolvidos ao longo do nosso país. Somos um
país de poetas, de escritores e de fadistas. A escrita e a música revitalizam
os locais e as comunidades.
O futuro das palavras com
sentido depende também da expansão qualitativa desta era da comunicação que
assegura as atuais civilizações.
Questões: Até
que ponto o texto literário ajudará (ou continuará a ajudar) a qualidade do
serviço dos media? Como educar a
palavra e protegê-la da corrupção? Como poupar a palavra às negociatas da
mente?
Há palavras sem retorno. Atos ilocutórios
irrepetíveis. A derrocada do projeto humano evitada pela palavra sábia. A
palavra nascida no pensamento saudável.
Serão boas as palavras
forasteiras? Será possível a sobrevivência das cidades humanas sem livros e sem
autores? Serão as cidades, um dia, novas babéis do futuro? As cidades sem
diálogo inventivo sobreviverão?
Pensar a literatura como sustentação
da narração credível dos factos presentes e futuros. Até o poeta da morte
revitaliza a existência. O único testemunho vivido da experiência possível com
a morte é o do homem que ama a palavra com vida.
Numa cidade sem palavras não
há sentidos. Só a habitada por homens de palavra. Antes da água encher as
barragens, já elas terão de estar cheias de palavras construtivas. A terra
antes de ser lavrada, já deve estar adubada de palavras. Em viagem permanente.
Mesmo não saindo de quem somos e de onde queremos estar.
Escolher uma cidade pode ser
uma decisão consciente. E a escolha implica despojamento de outras vontades
diferentes. A história é uma escolha. A palavra certa é uma escolha.
O êxtase da criação de uma
cidade ou a sua requalificação depende da sua ecologia e da ecologia mental e
verbal dos seus habitantes falantes. Mesmo no silêncio.
Lisboa, 21 de junho de 2013
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