O tempo pai e o tempo padrasto
No aqui e no agora, o tempo doméstico não é padrasto. Ou por outra, é mais um padrasto paternal cuidadoso, ainda que conservador. Não nos dá tempo para todas as coisas que gostamos de fazer, dentro e fora de casa, mas deixa-nos fazer as de fora de casa dentro dela. E as de casa, com tempo generoso e cuidadoso atemorizado pela...ocupação viral doentia do Covid-19.
O tempo do agora não se zanga connosco se o desperdiçamos sentados no sofá, a ver repetidamente as mesmas notícias. Inacreditáveis!!
E não se importa de ficar mais lento, bem mais lento, mais cinematográfico, mais tecnológico, mais elástico. Até nos aguça o ouvido e o coração para o tique-taque (tique-ataque) de algum relógio torturador domingueiro. Será ao ritmo deste cursor?
E a gente pensa: - Um par de meses passam num instante. O que são 3, 4 meses numa vida de um pobre humano? Sentados no sofá, sem ter que ir à guerra (no meio dela ou na ponta...?)... Mas o problema é que o tempo é lento no relógio e breve no coração humano, não é?
Dará o tempo do calendário suficiente tempo de qualidade ao humano para dominar uns quantos milhões de batalhões virulentos de coronas tipo novos? Já para não falar no tempo para a solidariedade de alguns representantes das finanças porta-fora...
É que se o tempo doméstico é agora talvez mais pai do que padrasto em cada lar, o tempo fora-portas tornou-se implacável nas operações sobrehumanas que requerem um novo tempo supermédico, supersanitário, superhumanitário, supersocial, supeducativo, whatever....