Não gastes o azul todo aí e vem pintar os olhos dos pensadores.
Não esqueças o verde do sentimento do perceber este momento.
Não desperdices o querer que há no agradecimento do horizonte.
Não gastes o azul todo aí e vem pintar os olhos dos pensadores.
Não esqueças o verde do sentimento do perceber este momento.
Não desperdices o querer que há no agradecimento do horizonte.
- Ó da casa!
- Quem vem lá?
- Santo sapateiro honrado.
- Como vens tão carregado! Que queréis?
- Ser acolhido e recompensado.
- O senhor está enganado. Isto já foi o purgatório, mas agora é um condomínio. É mais rentável.
- Ai sim? Bem...e o preço das casa?
- Oh! As casas estão pela hora da morte.
Ainda tentámos namorar à janela, amor, mas só o céu azul
nos falava aos nossos sentimentos enamorados citadinos ali
e as portadas no cimento altas a sonhar com o verde campo.
Vem, o sol ainda brilha no horizonte a encandear o mar
a prender o nosso olhar deslumbrado com a vida macia
imenso universo oceanos dentro de nós é o som infinito.
No tempo em que era pequenita, e ainda só tinha 3 irmãos, a minha mãe mandava-me à mercearia fazer recados e dizia-me: - Rosa, não deixes toda a gente passar-te à frente, tens que prestar atenção, quando chegas, naquelas pessoas que já lá estão.
Mas isso era uma tarefa complicada, porque uma criança pequenita como eu era tem dificuldade, ao levantar a cabeça, de reconhecer os rostos grandes e cheios de saliências dos adultos...
E acontecia com frequência ficar horas a fio a admirar os feijões, os azeites, os bacalhaus, os frascos e muitas outras atrações.
Foi no tempo em que o comércio local não tinha mãos a medir...
O céu olha-se no espelho do mar e sorri ao azul a bailar.
O sol olha-se no voar do canário e sente-se luz a chilrear.
A noite olha o escuro masculino e oferece a lua a brilhar.
A flor olha-se no branco de encantar e sente-se noiva a embelezar.
Ai sobre nós há uma luz tão senhora de si intensa no sentir
abraça com tal fervor os familiares planetas que conseguir
afrouxar tal amor ardente numa sombra é quase impossível.
Ai calor ai calorzinho de manhã à tarde e à noitinha
não há lençol que te resista nem água que te demova
vieste intenso e abrasivo abraçar os banhistas aflitos
sorrir aos amigos bailarinos crianças bolas de Berlim.
- Ó amiga, que bem que cheira!
- Não sou só eu, querida. Somos maçãzinhas, somos irmãs. E filhas de um deus maior, claro.
- O que é um deus, irmã?
- Hã?? Amanhã explico-te, querida.
Vide, Vide, verdinha a terra tocada sentida p'las Avé Marias
berço de calmaria perfumada p'las urzes parras e salgueiros
águas levadas nas encostas fontes frescas verdes resineiros
rio alvôco serras em espelho casas xisto alfaiates e chilreios.