RITOS
Ritos sagrados acorrem-te ao ouvido
melodias e cantares elevados
sons teclados e vibrados
em breve indicação celeste.
A cada encapelado olhar portentoso
fremem cúpulas generosas retumbantes
acordam amorosas e sofridas condições
e esbeltos seios de santas douram os painéis.
- Vem... - e soltas-me os dedos como cabelos
num gesto de reencontro e reconciliação
tocas no meu rosto ténue ainda perfumado
a pele de canela e madressilva retocada:
- Vês intermitentes coloridos do ciclo agreste
sobre defuntos seres pedregosos?
Uma nesga de silêncio é convite à quietude.
- Olha... - e juntos queremos ver
para além da morte e do sofrimento
os rios de estrelas de um brilhante lilás
descendo as naves até aos altares circulares
que correm pelo nosso corpo transformado
em ungido de bênçãos confluentes
uno de gotas quentes e anéis, luzes
e pequenos pássaros de cor púrpura
gerados na foz do tempo livre do pensamento
oferecidos naquela Hora intensa do amanhecer
ao Rito grandioso
imparável do Acontecer.
outubro/2009