terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Nada cai do céu a não ser água e uma pedrinha espacial...

Anda, vamos descer à rua da nossa saudade
olhar o céu sempre com vontade de azular
ver se alguma nuvem tem branco no olhar
sombra no acolchoar ou lágrima no passear.


Vamos alçar o rosto até ao alto fresco navegar

e ver gaivotas no teu olhar, asas rijas a trabalhar

águas a gotejar ou pedrinhas espaciais imaginar

porque nada cai do céu a não ser chuva com sabor a mar.


Rosa Maria Duarte



domingo, 28 de janeiro de 2018

Psicologia de uma pulga

- Já viram isto, hem?! Isto é um pulguedo! 

- Ó dona, não gosta de beber acompanhada?

- Ó rica, se o meu cachorrinho quisesse ser generoso, tinha ido dar sangue ao banco do hospital, não acha?

- Cachorrinho? Eu estou a passear num braço peludo... Deixe lá que vou agora mesmo para casa.

- Para casa?

- Sim, sim, não sou nenhuma parasita. Moro aqui ao lado no vão de escada mais escuro. Estou só à espera que a porteira mal-cheirosa de esfregona em riste vá dar banho ao cão.

- Ao meu??? (...e salta...)



20 anos sobre a morte de José Cardoso Pires

José Cardoso Pires não era da minha família.

Mas há pessoas que, por circunstâncias especiais, ascendem a um autoproclamado estatuto de família. José Cardoso Pires é um caso desses.

Acho que a melhor forma de homenagear qualquer escritor é lê-lo.

Quantas horas da sua vida dedicou José Cardoso Pires a ler e a escrever para nós leitores?

É bom termos pessoas a quem possamos chamar de amigos. Não apenas 'amigos' virtuais.

É bom que esses amigos estejam fisicamente por perto, por todas as razões e mais alguma... (nesta era de in?seguranças...).

Mas, mesmo à distância, há pessoas que nos fazem bem. Que nos proporcionam momentos únicos. Que nos fazem pensar. E rir. E chorar. E zangar. E que nos ensinam. Que nos confidenciam estados de alma. Que dão o seu melhor naquilo que fazem. Alguns deles são escritores.

E um deles é José Cardoso Pires.


sábado, 27 de janeiro de 2018

Alex, um dos guitarristas da família

A sua famosa guitarra




Qual é a tua história de vida?


Cada um de nós vai reconhecendo a sua história no outro, aqui ou ali, num filme, numa peça de teatro, num livro, num desenho animado, numa biografia, na vida de um vizinho, de um amigo, de um desconhecido com quem se cruza todos os dias...



Já alguma vez vos contrariaram, intencionalmente?



Vocês próprios, alguma vez se contrariaram?



A vida, quantas vezes vos tem contrariado?



Que continua... na rotina, na vontade, nos sonhos, nos projetos, nos fracassos, nos sucessos, nas desistências, nas resiliências...



Eu, o Manel e o Artur resolvemos contar a história de modelo de corpo humano para desenho que não desiste, no seu coração, de ser, ele próprio, pintor.

Tomé, é o seu nome, cada vez mais ganha menos como modelo de madeira. Então vê-se na contingência de trabalhar para os esgotos públicos na grande Lisboa.

Trabalha, sem problema. Mas o seu sonho é ser pintor.

É uma animação muito simples e uma história muito singular.

O Artur está a ainda tratar da montagem. 

Uma experiência tão simples como o respirar.




Sonhar é Fácil
Rosa Maria Duarte
55x46
Óleo s/tela





Tomé, o modelo de madeira






sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Diz um peixe para outro...

- Onde vais, peixoso? Não vás p'rós lados de Abrantes!

- O que é que se passa por lá? De facto, sinto, mesmo aqui, a água já a ficar turva e um tanto p'ró malcheirosa.

- O peixoal que não sabe, vai por lá, mas aquelas águas do Tejo foram atacadas por armamento humano tóxico.

- Bem, já estou a ver que mete piscídio.

- Exatamente, carapau. É uma gigante câmara de líquido espumoso e escuro de extermínio generalizado.

- Obrigado, amigo. Vou já avisar o meu cardume que ficou a descansar ali à entrada de Vila Velha de Ródão e aproveito e aviso às autoridades de Neptuno.

- Sim, que Neptuno não é para brincadeiras!!!


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Porque é que se desperdiça tanta comida?

- Mana, porque é que se desperdiça tanta comida? 
   Dizem os entendidos nesta matéria que os Estados Unidos lideram as estatísticas porque é praticamente igual a quantidade de comida desperdiçada comparativamente com aquela que é, de facto, consumida.



- Realmente, há tanto desequilíbrio da riqueza no mundo inteiro!




- Cá em Portugal, a riqueza aumenta, mas concentra-se em 10% da população.




- Pois é. Mas eu acredito que a maior riqueza é uma boa educação para o consumo, para a saúde, para o ambiente, para a cidadania, para a paz, para a sustentabilidade...




- ...e para a arte e espetáculo?! Bora mas é lá!



A anedota da Anne Bota

- Que é feito da ovelha Dolly?

- Já morreu há uns anos. Parece que agora vão nascer macacos Dolly.

- Olha, é uma ideia bem clonada. Até eu gostava de ser clonada.

- Credo!! Para quê?

- Para poder me safar de vez em quando...


quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Porque não se fazem mais declarações de amor?

- Achas que as pessoas evitam ter manifestações de afeto?

- Infelizmente, acho.

- E porque é que será?

- Porque têm medo da vaidade e da manipulação do outro.

- Então e se depois a pessoa que se ama for alvo de manifestações de afeto dos outros?

- Pois...por isso é que certos casais se isolam. O que não deve acontecer.

- Eu compreendo que o bem-estar dos dois é importante, mas deve ser gerido com sensatez. Mas há muita gente expansiva nesse aspeto, não achas?

- Sim, é verdade. Ou porque confiam mais ou porque não amam tanto...

- Achas? Como é que tu te classificas?




terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Queres pensar comigo IV

- No caminho para cá vinha a pensar naquilo que dizemos e escrevemos. E decidi partilhar esta reflexão contigo. Não achas que as pessoas dão demasiada importância às palavras? Afinal o que interessa são os atos de cada um de nós, individualmente e em grupo.


- Olá, boa tarde. Essa é uma reflexão que muitos de nós fazemos. Os atos são a confirmação ou o desmentido das palavras. Sem dúvida. Como nos tribunais. Mas a força das palavras é indesmentível nos atos humanos. Porque o ato coletivo guia-se pela palavra e pelo gesto. Até o ato individual é pensado por palavras. Eu sei que há pessoas muito boas a trabalhar e com menos capacidade comunicativa e vice-versa.

- Por isso é que os políticos devem ter competências acrescidas: bons comunicadores e bom executores.

- Bons oradores com particulares competências persuasivas. Só assim conseguem ser eleitos e então, se quiserem e conseguirem, atuarem segundo o que se espera.

- Às vezes acho que certas profissões parecem uma atividade mais pensada a partir de um sonho infanto-juvenil.

- Como assim?

- Eu sei que é estranho este meu pensamento. O futebol, por exemplo. A dança. A literatura. Certas profissões ligadas à política, à religião...não são tão vitais para a existência humana como a medicina, a enfermagem, a culinária, a construção civil, certas atividades artística mesmo, a ação judicial e outras.

- É realmente estranho, mas estou a tentar perceber-te. Por exemplo, a filosofia aparentemente não determina a sobrevivência humana. Nós não precisaríamos de estar aqui a conversar sobre as nossas reflexões. E não é uma atividade que normalmente se inclua nas ocupações preferenciais das crianças e dos jovens. Mas as profissões mais utilitárias não são, comprovadamente, suficientes para a sobrevivência do Homem. E não estou a falar só de Progresso.

- Cada vez mais, não achas?

- Diria que sim. Com a evolução humana, o grau de exigência da sua qualidade de vida tende a aumentar, felizmente.

- Estamos a pensar assim só porque somos otimistas?

- Acho que não. Tem havido de facto, apesar de tudo (do qual se poderá dizer muito), uma gradual e inconstante evolução humana. Vamos jantar?




A anedota da Anne Bota

- Viste aquilo?

- Aquilo, o quê?

- Um jogador a sangrar da cara em pleno jogo. O futebol é um jogo de risco!

- Em parte tens razão, mas aquilo foi só um pequeno golpe causado acho que por uma queda.

- Então e os outros casos mais agressivos? Ficam em casa todos magoados... Este é um português, não é? Acho que se chama Mário Centeno?

- Hã??? Ó mulher, não percebes nada de futebol. Bem, também nem é preciso ser fã para conhecer o Ronaldo!

- Era o nosso Cristi? Devia ter adivinhado! A sangrar daquele maneira?! Sofrimento para o sucesso.





segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Quando saíres de casa, leva o casaco

Olha os vidros da janela...

O que te parecem?

Estão embaciados, é certo;
choram gotículas miudinhas
para o balcão de pedra fria...
Acho que vou lá desenhar o teu nome...

E ao longe esse tempo?

O céu tem amassado um cinzento...
manto da noite que o besuntou de sombra
um véu leitoso alimenta a melancolia
patamar espesso de aviões superiores
que desfrutam do azul tão altíssimo...

Será que Prometeu vem?

Quando saíres, leva o casaco, por favor.

Rosa Maria Duarte


domingo, 21 de janeiro de 2018

A anedota da Anne Bota

- Estou a pensar fazer uma curta. O que é que achas?

- Very cool!! Sobre o que é mesmo esse filme?

- Sobre o Papa Francisco.

- Bem..., você lá sabe, né?!...

- Tranquilo! É uma coisa simples. Vou encenar um super-mini santificado casamento entre surfistas em plena onda gigante na Nazaré.

- 😵???







Pinta esse arco-íris, rapaz, sobre as nuvens de algodão doce.


Quanto tempo falta para o Carnaval, padrinho?

Às vezes penso como é que há adultos que não gostam de brincar?! 

Eu espero gostar sempre de ser um inventor de momentos divertidos. 😆👅😇


sábado, 20 de janeiro de 2018

Sala-ateliê de longa data













A anedota da Anne Bota

(Um grupo de homens na tasca do senhor Júlio, no Alentejo)

- Querem ouvir esta, compadres? (acomodam-se)

   Estava o pai migando pão p'rá sopa, enquanto via televisão. Estava tão embasbacado com o programa que o filho mais piqueno, sempre que o pai olhava p'rá tv, comia uma colherada de sopa sem o omi ver. O pai sempre migando e o filho sempr' comendo. Nisto acabou o programa e omi preparou-se para comer a sopa. Olhou a malga e não viu nada. - Quem comeu o meu caldinho? - O pai pergunta, zangado. O miúdo, que era ainda inocente, respondeu:     - Fui eu pai. - O pai olhou p'ró miúdo, hesitou, mas ainda assim deu-lhe um tabefe. O moço gritou, gritou e nisto lembrou-se de repetir as palavras que ouvia volta e mea da boca do pai.


- Filho dum cabrão, não? (dizem em coro)

- Isso mesmo, compadres. Filho dum cabrão. O pai, furioso, agarrou nele e berrou-lhe: - Atão?, agora que é afinal, o filho dum cabrão???


- Sô eu paizinho, sô eu!!