Nestas traseiras, no tempo em que as crianças brincavam na rua, no tempo em que não havia tantos carros, brincávamos nós também à apanhada, às escondidas, ao elástico, à barra, ao mata, à linda falua...viam-se no bairro de Alcântara muitas crianças que se cumprimentavam e desafiavam para a brincadeira.

 

Fastread poetry

O longe é quase ausente

daqui de si deste caminho

escreve as nuvens ao de leve

no efémero em livre deslizar

o tempo lido quase pessoa.

- Eu estou naquela folhinha meia amarelinha, a segunda a contar da ponta, pendurada no terceiro ramo à tua direita na árvore da nossa família. Vou mexer-me para me veres melhor. Olá. Estou-te a ver :)

 

- Vais miar à lua, gatinho? Ou estás à espera de um fadinho?

                                O gato, o fado e a lua/Rosa Maria Duarte/Óleo s/tela/41x27

A morada é esta. Achas que ainda haja quem toque à campainha?

 

Às vezes o céu, fértil em luz e água, tem grandes copas de árvores desenhadas, brilhantes, tufadas, sombreadas de um branco neve.

 

Fastread poetry

 Hela ó casas de baixa estatura cidade das sete colinas

ruas estreitas calçadas degraus às portas para repousar

e ver passar as nuvens os turistas os carros a resvalar

cores coloridas nas paredes e varandas verdes antigas

sombras do tamanho do tempo +parlamento ao fundo.

Moçoila marafada

- Vem aí tempestade, moça! Vem para dentro e traz o gato.

- Estou à espera, minha mãe. 

- À espera de quê, moçoila marafada?

- À espera que chova...

                                      Moçoila marafada/Rosa Maria Duarte/Óleo s/tela/30x40

- Ó mãe, o que é a estratosfera? - É a segunda camada da atmosfera. - E também já está poluída? - Pois! Por restos de satélites e outras coisas....

 

Haja saúde, amigos, a caminho do presente que apresenta desafios constantes na inconstância do quotidiano. Um aceno matinal cordial de peregrinos.

 

Depois da tempestade vem a cor do sol a colorir o desejo de um dia claro, calmo e uma concertada paz no mundo.

 

- Arre, burrinho, que vem lá temporal...

 

A vontade de reconstruir não esquece o passado para procurar aprender com ele e tentar fazer melhor.

 

Sim. Queremos compreender a complexidade de cada olhar humano e expandir a consciência coletiva.

 

Cinzenta de luz e sombra, a noite caminha pelas águas, silenciosa, à espera que o sol adormeça nos braços da esperança de alguma serenidade humana.

 

Fastread poetry

 Às vezes gostamos do outono. Deixamo-nos deslizar pelo ar

como folhas leves a ziguezaguear por entre ramos e troncos

pedras e pernas até cairmos sem medo na terra ou na calçada

a fazermos parte de um cenário colorido belo breve sonolento.

«Olhai os lírios da reconciliação» (entre os povos)

 

Vamos levantar a cabeça. O azul é amigo do branco, do verde, do cinzento, do longe, do infinito... É que há muito mais para além dos humanos vendedores de passados doloridos e ressentidos...

 

É preciso que se adjetive claramente: nós somos uma proposta ambiciosa de progresso...talvez com capacidade de olhar para os desafios existenciais com futuro porque vamos sendo mar, terra, ar e redes neurais.

 

Vem ver: é uma queda de água em tinta verde de montanha de luz a escorrer pela tela de tamanho médio que comprei para soltar o mistério de cada infinito na natureza que nos une.

 

                                       A Unidade/Rosa Maria Duarte/Óleo s/tela/55x46

A questão identitária e a autodeterminação sobe ao palco dos humanos em alguns momentos e às vezes é catártico, mas o texto dramático é insuficiente enquanto não culminar com o diálogo própero da Paz. Até lá, qualquer esforço e premiação são aplausos adiados...

 

E se pintássemos o céu de azul, o sol de amarelo, as folhas de verde e as nuvens de branco? Ah! Pois... E se aproveitássemos o resto do azul para o sentar, o amarelo para o espreguiçar, o verde para redecorar e o branco para te abraçar?

 

Deambular pelas ruas de Utrecht é apreciar a graça da sua colorida fertilidade e arranjo...