sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O amor de S.Valentim


Hoje é dia de S.Valentim.

Eu sou uma romântica assumida. Embora não seja das mais incuráveis. Gosto também de dar espaço à razão, que é um ingrediente essencial para o próprio amor.

Mas o que seria do mundo sem o amor? Sem ele, nada existia. Nem a arte nas suas diferentes expressões. Nem mesmo a vontade de viver. Ora, viva então o amor! Mesmo que se esteja a falar apenas do amor conjugal. Porque, como bem sabemos, é Amor um mar imenso de colorações e marés nos diferentes oceanos do universo humano.

Confesso que não sou muito dada a celebração de efemérides, como esta, que têm sempre um certo aproveitamento comercial. Mas este santo não tem sido lembrado com o devido cuidado na sua história, ainda que lendária. Apesar da igreja católica reconhecer a possibilidade da sua existência, bem como as igrejas orientais, Valentim não tem tido as merecidas honras oficiais porque há, de facto, precariedade nas devidas comprovações históricas. A seriedade acima de tudo.

Mesmo assim, este ano resolvi pensar nele, no santo, a propósito dos jovens que são seus grandes simpatizantes e eles bem precisam de ânimo nos tempos atuais que pouco os têm favorecido.

Um dos meus filhos vai viajar para estar hoje com a namorada, no dia de S.Valentim, o que é um gesto muito romântico (o meu outro rapaz já está a viver com a sua princesa).

O mundo precisa de pensar no amor, nem que o trampolim seja uma mera data do calendário. Há nisto o lado seco do aproveitamento comercial? (nunca esperei dizer isto) Ainda bem que se faz negócio com os valentins e os meninos jesus, porque a crise económica tem flagelado todas as áreas de investimento. Haja mas é comedimento no consumo em função de cada contabilidade individual.

Dito isto, passemos à história do Valentim que é bonita e, até, um épico amoroso.

Cláudio II, um general e imperador romano, durante o seu governo, proibiu a realização de casamentos no seu reino, porque precisava de formar um grande e poderoso exército e acreditava que os jovens, se não tivessem família, alistar-se-iam com maior facilidade.

No entanto, um bispo romano prevaricador continuou a celebrar casamentos, mesmo sabendo-se sujeito a sérias consequências pela proibição decretada do imperador. O nome do bispo era Valentim e as cerimónias que realizava eram secretas. Contudo, infelizmente, a sua prática foi descoberta e o Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens lhe atiravam flores e bilhetes dizendo que ainda acreditavam no amor. Entre essas pessoas que atiraram mensagens ao bispo estava uma jovem cega, chamada Astérias, filha do próprio carcereiro, que conseguiu a permissão do pai para visitar o dito bispo Valentim. Não é que os dois se apaixonaram e, milagrosamente, a jovem recuperou a visão?! Nesta altura ainda não existia a imposição do celibato no exercício eclesiástico (pois o casamento dos sacerdotes só foi considerado herético em 1073) e o amor do bispo tornou-se incomensurável… O bispo ainda chegou a escrever uma carta de amor à sua jovem, que assinou do seguinte modo: “do seu Valentim”, expressão que ainda hoje é utilizada.

O querido e amado Valentim não se livrou da deliberação do general e a sua decapitação deu-se a 14 de fevereiro do ano de 270. A data que recordamos.

Moral da história: O imperador roubou o corpo a Valentim, mas o seu coração permaneceu vivo no peito da jovem que continuou a amá-lo.

Por isso se diz que o amor é intemporal e o canto eterniza a sua beleza inefável.

                                                                           Alfama, 14 de fevereiro de 2014

                                                                                    Rosa Maria Duarte

 

domingo, 9 de fevereiro de 2014

2ª Tertúlia de Fados na Sala Fernando Mauricio


2ª Tertúlia de Fados na Sala Fernando Mauricio


a batuta do olhar: a apresentação do meu primeiro cd de fado n'«A Mur...

a batuta do olhar: a apresentação do meu primeiro cd de fado n'«A Mur...:    Queridos familiares, colegas, amigos e visitantes,    Obrigado por todo o sincero apoio que me foi dado neste processo de gravação e ap...

a apresentação do meu primeiro cd de fado n'«A Muralha»

   Queridos familiares, colegas, amigos e visitantes,

   Obrigado por todo o sincero apoio que me foi dado neste processo de gravação e apresentação do meu primeiro trabalho de fado. (Porque não é fácil apoiar, como sabemos. E não falo só de disponibilidade de tempo e recursos...)

   Os que não estiveram presentes na apresentação, ainda não tiveram oportunidade de ouvir o cd «Fado Que Cura». Espero que possam ouvi-lo em breve.

   Foi um momento simples e familiar, de grande intensidade musical e humana.

   A alegria deve ser partilhada. Espero que o tenha conseguido. Vocês já me fizeram chegar essa certeza.

   Agradeço também a amável cedência do espaço que, pela hora que me foi proposta, não interferiu com o horário habitual do serviço de restauração.

   Obrigado aos fadistas convidados que estiveram presentes.

   A capa do cd revela o espírito de companheirismo e de equipa que procurei envolver todas as etapas do trabalho que, na minha modesta opinião, contou com os melhores músicos de fado. Foram estes que me desafiaram para a famosa foto da capa.

   Tentámos, neste primeiro projeto, dar o nosso melhor. Claro que para uma próxima, haverá sempre que melhorar.

   Fica, então, aqui uma foto cedida pelo Jorge Morais que pretende minimamente ilustrar a hora e meia de conversa com fados que passámos juntos. Não contando, claro, com o belo repasto que o Sr. Paulo nos serviu.

   Bem hajam.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

o meu comovido obrigado ao diretor do «Setúbal na Rede»

Colaboradora do canal de educação do "Setúbal na Rede"

Professora do Laranjeiro estreia-se em disco de fado


Professora do Laranjeiro estreia-se em disco de fadoDocente de português na Escola Secundária Ruy Luís Gomes, no Laranjeiro, Rosa Maria Duarte lança o seu primeiro disco de fado aos 50 anos. Embora tenha nascido em Alcântara e convivido desde pequena com a canção tradicional lisboeta, nunca a sentiu “de forma tão envolvente como agora”. É uma “fadista tardia”, afetada pelo “vício” que a deixa em “descompensação” ao fim de uns dias sem cantar. “Fado que Cura” é apresentado esta sexta-feira no restaurante A Muralha, em Lisboa.

Composto por catorze fados, escolhidos sobretudo a partir das suas preferências pessoais, “Fado que Cura” pretende pôr fim a uma etapa e servir como “cartão-de-visita” da cantora. Um espécie de “portefólio” que lhe permita abrir outras portas para uma carreira cada vez mais séria no fado. Amália Rodrigues está presente em grande parte das escolhas porque “ajuda a integrar no mundo do fado”. É um meio muito conservador, onde “não há possibilidade de inovar com muita intensidade”, pelo que é preciso “criar um caminho a pouco e pouco” para conseguir “romper o espartilho da cultura fadista”.
 
Rosa define-se como uma “pessoa positiva”, que não gosta de “ficar agarrada ao passado”, mas reconhece que “para trás está a rede, o berço onde tudo começou”. Mas não esconde a sua costela de “rebeldia”, que a faz, ainda hoje, ser apreciadora de rock e frequentar os grandes festivais. Ouve Metallica, Supertramp ou Queens of the Stone Age, aprecia muito Muse, assim como se deleita com jazz, blues ou country, porque o “corpo também precisa de extravasar energia” e o fado obriga a uma “contenção de movimentos”.
 
A abrir o CD está o único original do disco, “Fado que Cura”, com um poema da própria Rosa Maria Duarte e com uma música tradicional do fado, de Pedro Rodrigues. Na gaveta estão outros poemas para novas oportunidades, mas não se pode esquecer que “o público gosta do conhecido”. Afinal, a poesia não é nada de estranho para esta professora, conhecedora profunda da literatura portuguesa e em mãos com uma tese de doutoramento que também a ajudou a entrar neste mundo do fado.
 
Ao abordar a “criatividade no processo de produção literária”, a investigadora debruçou-se sobre figuras como José Cardoso Pires, “um homem da noite”. Por isso, o fado surge quase “no seguimento do doutoramento”, pois o fado assenta sobretudo na sua componente literária. “É por isso que o fado não enfada”, diz.
 
Repartindo-se entre as aulas e a investigação, a colaboração com o “Setúbal na Rede” e a família, Rosa aposta no seu “autocontrolo e disciplina” para conciliar tudo. Canta quatro vezes por semana em casas lisboetas, frequenta a escola de fado da Mouraria, e consegue “cumprir três dias da semana com uma vida normalíssima”. A professora acredita que uma carreira de fadista é perfeitamente compatível com o resto, até porque “o fado é pós-laboral”.


Pedro Brinca - 06-02-2014 14:12

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

[Setúbal na Rede] - Professora do Laranjeiro estreia-se em disco de fado

[Setúbal na Rede] - Professora do Laranjeiro estreia-se em disco de fado

crónica publicada no «Setúbal na Rede»

O Fado, esse grande embaixador

Quem diria que o Fado, nascido numa manjedoura rufia, viesse a ser o grande embaixador da língua portuguesa, que já vai ao Brasil, ao Japão e a Macau, à Polónia, ao Reino Unido, à Alemanha e aos Estados Unidos, à Austrália e a Espanha, à África do Sul e à Nova Zelândia… É o novo Conquistador da Modernidade. Ouvido, cantado, tocado, chorado, e há quem diga que até pode ser dançado. Pois é… Cada vez mais falado e entoado. Quiçá um dos mais importantes cônsules do novo 5º Império, Valete, Frates, tão profetizado pelos nossos dois maiores representantes da língua portuguesa: Padre António Vieira e Fernando Pessoa.

"Há uma música do povo" escreveu Fernando Pessoa no Diário de Notícias, em 1929, ao referir-se ao fado, que "não é alegre nem triste"."Domou-o a alma portuguesa, quando não existia, e desejava tudo sem ter força para o desejar” e acrescentou, intelectualizando a sua alegria de ser português: "no fado, os Deuses regressam legítimos e longínquos". A este propósito, de aplaudir mais uma edição comemorativa pessoana, desta vez o Pessoa com fado, não fosse ele a alma portuguesa. Poemas seus fadados ao reportório dos grandes fadistas que os cantam. Para encanto de todos.
 
A história do fado é a nossa sina: de uma beleza antiga em apreciação reincidente, matizes intercontinentais de origens universais, humildade pobre na grandeza nativa, gratidão poética em vibratos plangentes.
 
É o fado o porta-voz cultural oficial, à luz do dia. Embora continue renitente na penumbra do silêncio expectante e comovido. Noite dentro, beijado por mar ou por terra, viageiro dos quatro cantos do mundo, a sua meninice e juventude viveu-as na nobre pátria lusa, de quem hoje tanto se orgulha e ama com verdade, sem ciúmes de música madura, mas sempre pronto a namoriscar, com alguma (in)decência, o vasto mundo do som: o jazz, o pop, o flamenco… Até já bateu à porta das escolas públicas (ainda que não faça por enquanto dos residentes programas…).
 
Fora portas, na pátria de acolhimento de Camões, por exemplo, os macaenses não se limitam a ensinar o português. Por lá vão cantando o que julgam compreender do fado. Anseiam por visitar Portugal e ver de perto quanto vale um português dos verdadeiros, mais a sua nobre pedagogia de ensinar a língua materna, bem como a não materna, pois tantos cidadãos Portugal tem do mundo. Camões cantava o eterno que acoplava à espontânea plasticidade poética e, segundo consta, também se aventurava a dedilhar a viola de mão da época a embalar as casadoiras meninas com os seus sonetos de amor.
 
Ora, não é que eles aí estão?!, os macaenses, no dia seis de fevereiro, no Laranjeiro, na escola secundária Professor Ruy Luís Gomes, para ouvir e entoar a língua portuguesa, com sotaque cantonense ou mandarim, sem sequer se privarem da suculenta degustação da poesia de Fernando Pessoa na genuína língua do super Camões. E que há tantos anos orgulhosamente é revisitada pelos nossos ilustres alunos nas aulas de Português.
 
Estes orientais professores, pelos vistos, também não dispensam um final apoteótico como um bom fadinho oferecido nas margens do rio lusíada, que de tão inspirador e fraterno se tornou morada das ninfas: o mítico Tejo dos descobrimentos. Não fosse o seu majestoso nome, Tejo, grandiloquente e épico na sua humilde origem castelhana, que carrega a inocência semântica peninsular de quem joga as suas parcas moedas à faca que teima em fincar o chão. É a secular escola fadista intemporal.


Rosa Duarte - 05-02-2014 09:36
http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=20949 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

apresentação do meu 1º CD de fado

Queridos amigos,

    Na próxima sexta-feira, dia 7 de fev, pelas 17h30m, vai ser apresentado o meu primeiro CD de fado que se intitula «Fado Que Cura».

   Essa apresentação vai acontecer no restaurante «A Muralha» em frente ao Museu do Fado, alguns metros a seguir à Casa dos Bicos/Fundação José Saramago.

   Estão todos convidados, independentemente da idade, condição, género, confissão, instrução ou convicção, como dizia o meu amigo Jesus Xares, do Movimento dos Educadores para a Paz.

   Vamos aos fados?




  

[Setúbal na Rede] - O Fado, esse grande embaixador

[Setúbal na Rede] - O Fado, esse grande embaixador