segunda-feira, 31 de julho de 2017
domingo, 30 de julho de 2017
sábado, 29 de julho de 2017
«Tanta gente, Mariana»
Muito gostava o professor Mário Dionísio de falar de «Tanta Gente, Mariana» de Judite de Carvalho.
E não me esqueci. Pelo contrário.
A solidão entre multidões.
E não me esqueci. Pelo contrário.
A solidão entre multidões.
sexta-feira, 28 de julho de 2017
A anedota da Anne Bota
- É pá, hoje quando fui beber o café depois do almoço, o empregado, familiar, diz-me assim: «Ai, senhor Rui, ando que nem posso. Quem me viu e quem me vê. Dantes era uma águia. Ninguém me agarrava. Agora não passo de um condor. Com dor aqui, com dor ali...»
Os sonhos da lua
Ei-la
tão redonda e amarela
confiante de si mesma
conversando com cada estrela
e com as bolas de fogo que se passeiam
tão cadentes pelo espaço matizado
-olá- nem que seja um cumprimento.
Ali
a lua
olha tudo à sua volta
não quer dormir a noite é sua
e vai girando a cada portada aberta
gosta de cortinas abertas para espreitar-nos
curiosa oferece-nos fantásticos sonhos
de que só à lua se lembraria.
Então...
sai de leve
de mansinho
ainda a cruzar-se com ele
o senhor da sua vida o Sol da sua lua
deixa-se ficar um pouco a fazer fita
a desenhar no seu círculo o azul já em luz
e adormece no firmamento bela e amarela
cantada por seres apaixonados, a humanidade.
Rosa Maria Duarte
quinta-feira, 27 de julho de 2017
A anedota de Anne Bota
- Queridas amigas, vocês são lindas de morrer, mais belas do que as apaparicadas flores de canteiro!
- Achas mesmo que se nota a nossa beleza no meio de vocês, troncos meio-secos de arbustos silvestres?
- Oh, estaríamos completamente pisados e esquecidos se não fosse a vossa simples graciosidade...vejam o exemplo desta foto!
- Pois...a mim não me valeu de nada (diz uma esmagada miosótis moribunda, que ficou de fora da captação da máquina fotográfica).
quarta-feira, 26 de julho de 2017
terça-feira, 25 de julho de 2017
Rostos que riem de si próprios
Os rostos magoados pelo vento forte
do lado mar são desenhados pelo aroma
a sal e a algas luzidias carnudas de verde
tão verde que apetece cheirar e comer
dormir e oferecer a outros rostos amigos.
Os rostos sofridos sabem também colorir
rostos que riem de si próprios ao luar
porque conhecem a verdade da vida
e da morte e não se escondem nas copas
das árvores também elas fustigadas
pelos partos dos ramos que tanto amam.
Rosa Maria Duarte
segunda-feira, 24 de julho de 2017
Pensamento 'à la minute'
Somos simples sombras a querer crescer durante a caminhada exigente que é a vida.
Podemos ser um coletivo, e que procuramos sê-lo, mas o caminho que cada um vai pisando é marcado pela solidão.
domingo, 23 de julho de 2017
A anedota da Anne Bota
- Conheces alguém que não se importe de pisar uma obra de arte?
- Olha, eu se calhar já pisei alguma e nem dei por isso.
sábado, 22 de julho de 2017
Abraços seiva-de-colo
Tenras, dançarinas, são hastes quase troncos
topo de serras a sonhar ventos, faces de lua
céus de outras ruas, bebendo aromas húmus
trôpegas agulhas filhas de entroncados pinhos
parentes jovenzinhas que fazem pouca sombra
não sabem sacudir tempestades vociferantes
soltas e desinibidas, trovejantes e belas
cintilantes e divinais na sua majestade senhora.
Tais árvores-meninas tímidas sorriem à descoberta
de novos sons, cores, companhias formigantes
águias reais em fundo azul, roedores radares
transeuntes elevatórios que provocam comichão
meninas doloridas à espera do abraço seiva-de-colo
sementes das mamãs que espreitam o sentir-lhes
o crescer-lhes, o contar-lhes as invernias de açoites
a apressá-las e a mimá-las carinhosamente
com pinhões soltos das suas vastas economias.
Se o tempo e o mundo quiser, um dia serão também
senhoras e majestosas mães extremosas
de outras árvores-meninas, tão fogosas e dançarinas.
Rosa Maria Duarte
quinta-feira, 20 de julho de 2017
Criança-soldado
Oiço um grito, mãe
aqui nesta almofada
já o sufoquei com as mãos
tão pequenas e nervosas
apertadas contra a boca
que afinal era a minha.
Oiço um tiro, mãe
junto a este encolhido peito
será que ainda não morri?
sou franzino quase osso
p'rá dor mal preparado
já mal te conheço, mãe.
Oiço um gemido, mãe
no ventre quase inchado
que se contorce vazio
e transpira perturbado
mal comido açoitado
acordado toda a noite.
Já não oiço, mãe
quando me mexo
o ar ficou mais frio
deixei de o respirar.
Estás comigo, mãe?
Posso ir aí ter? Até já.
Rosa Maria Duarte
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