terça-feira, 11 de julho de 2017

Crónica de opinião publicada no «Diário da Região»



Porque nascem actualmente menos bebés?

Rosa Duarte

Rosa Duarte

Mestre em Estudos Portugueses
Independentemente de sermos mais ou menos vocacionados para a maternidade/paternidade, a divulgação destas estatísticas preocupam sempre (um pouco…) as pessoas.
As razões sociológicas e outras que justificam o menor nascimento de bebés nos dias de hoje em Portugal, é uma elencagem própria para os especialistas dessas áreas de estudo.
Sinto-me mais compelida a pensar no grau do bem estar dos adultos quando o fenómeno da relação com os pequeninos seres está comprometido. Vou mais pela ideia de que os bebés, para além de tudo mais, são a fonte riquíssima de experiência e equilíbrio emocional dos humanos, qual ferramenta valiosa para o (re)conhecimento e realização a vários níveis.
Poderíamos questionar a evolução humana quanto à sua capacidade de enternecimento e  ao seu apelo/disponibilidade de cuidar de bebés. Enternecimento e desejo que não distinguem homens de mulheres.
As razões óbvias atuais dos não nascimentos, que todos conhecemos: a instabilidade económica, laboral e conjugal, não são as únicas razões. Que outras poderão existir e espelhar os seres que estamos ‘construindo’ actualmente?
A (maior) instrução e a inteligência apontam para a vontade geral de planear e controlar os factos que vão ocorrendo na vida de cada um de nós; ainda que saibamos que as nossas decisões ou indecisões nem sempre são respeitadas pelo desenrolar do enredo (in)esperado no dia a dia individual.
Inevitavelmente, vamos então percebendo, deliberada ou circunstancialmente, que o curso dos acontecimentos às vezes (muitas vezes) se impõe e somos mais observadores que palestrantes, embora igualmente presentes e interventivos.
Logo interpelamo-nos: seremos mais donos do nosso futuro quando resiliamos nas decisões que tomamos ou quando vamos dando espaço a nós próprios para um possível novo entendimento sobre aquilo que vamos vivenciando a cada dia e sobre o que nos vai sendo permitido alcançar?
Sim, não devemos desistir dos nossos sonhos. É uma máxima em que acreditamos, julgo que unanimemente. Vamos experimentando uns quantos bons resultados advenientes dessa poética convicção. Não fosse o sonho um ingrediente fundamental para a felicidade (possível) que (quase…) todos os seres pensantes anseiam.
Se não nascem mais bebés, independentemente das razões circunscritas ao momento presente e em particular no nosso país, estou certa que não é por falta do sonho humano ou da capacidade de amar um novo ser, em particular dos jovens adultos se interessarem pela experiência/responsabilidade da maternidade/paternidade.
Com bebés ou sem bebés, a verdade é que o ser humano precisa de amar para se amar e quando ama deve fazê-lo em condições mínimas para assegurar a sua realização pessoal, familiar e social.
Se for com bebés, melhor, mas com uma agenda que não esqueça um espaço/tempo para um amor mais parceiro.

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