segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Fastread poetry

 A noite chega sempre onde mora. Ei-la bem nascida irmã do silêncio

lento nos campos, nas ruas, nas casas, nas árvores, nos sentimentos.

Coração santo desejo descanso à mercê da claridade que o desperta.



Pensamento do dia

 Se o nosso planeta vive em constantes remodelações decorativas urbanas, porque não proporcionar em conjunto uma sustentabilidade natural e saudável urgente, evitando doenças e delírios?


domingo, 29 de novembro de 2020

A anedota da Anne Bota

 - Até podes ter defeitos giros, sobreiro velho, mas achas possível seres eleito árvore de Natal? Sabes ao menos assobiar?

- Eu? Não.

- Eu como teu compadre ainda mais velho, eleito a sobreiro-assobiador, digo-te já que o pódio não é para todos!

- Só é para ti? Não me encortices, senão dou-te na bolota!

 








Com a alegria de um fadinho saudoso, vamos percebendo que o dia de hoje serve para receber o dia de amanhã.

 



sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Fastread poetry

 Traços de seiva se levantam nesse horizonte aureolado de luz

desenhos de aromas a som solto folhas a conversar sem pudor

beijos de terra húmida e sanguínea escondem raízes valentes

caminhos são vida calcados a pensamentos palavras e poesia.


quinta-feira, 26 de novembro de 2020

A anedota da Anne Bota

 - Vamos lá ver, camarada: será que és nuvem de outono ou, pelo contrário, és nuvem de inverno?

- Não me interpretes mal. Eu sei que sou uma nuvem negra. Peço desculpa por às vezes me entusiasmar a chover e a trovejar, mas rego sem qualquer conotação ou filiação. Digamos que sou independente e universal. E de tal modo é isto verdade que chovo em qualquer parte, até nos quintais mais pobres, sem intenção de favorecer ou esperar um lugar ao sol.




Pensamento do dia

 Caminhar ao sabor da maresia e da brisa descalça à beira-mar é ser uma gaivota em bando a cheirar o tempo para ganhar forças e voar.


quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Queres pensar comigo LXX

 - Queres vir passar o Natal connosco?

- Vamos ver como estaremos nessa altura...

- Esperemos que melhor... com luz...talvez já a meio do túnel...

- Vamos acreditar...nesta viagem constante de compreender o fenómeno da vida e da vivência humana, que implica naturalmente a consciência de quem somos e da nossa força face aos desafios.

- E quem é que somos?

- Somos quem vemos em cada um de nós, o que compreendemos, o que não compreendemos, o que ainda não conseguimos ver porque não está acessível aos olhos mais distraídos. E mesmo o que podemos ver, nem sempre vemos (bem), por falta da atenção.

- Será por isso que nós não gostamos muito de nos ver ao espelho?  

- Porque o espelho são os olhos dos outros? Há quem se veja mais como quem gostaria de ser...mas os outros são os outros. Cada um tem que saber conhecer-se.

- Achas que nos desleixamos com o essencial dentro de nós? Tipo boas ações e mais não sei quê....

- Há um natal em cada minuto de vida de cada ser humano que é o caminho do discernimento em busca do equilíbrio e das suas prioridades intrínsecas, que dependem naturalmente da capacidade de nos fazermos entender a nós próprios e perante o mundo que nos rodeia. 

- Não é nada fácil! Ter uma batuta, é uma coisa, mas o ouvido só ouve o que o nosso coração deixar. 

- Quando há universo, há som, logo há melodia à espera para ajudar cada um e o seu todo neste projeto de encontro e reencontro.




                                O som primordial / Rosa Maria Duarte / Óleo s/tela / 55x46



Verdes são os campos da cor do limão / assim são os ideais da nova geração

 


terça-feira, 24 de novembro de 2020

- Olhó carapauzinho fresquinho e a alforreca!

 







Fastread poetry

 Cheiro a terra Cheiro o céu Cheiro todos nomes inscritos no vale

Juramos na infância Códigos de amizade Corações são para sempre?

Veias a olhar-nos Minas de generais Sementes tão rentes Rugas de beleza.


segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Até amanhã. Votos de um bom pôr do sol.

 



A anedota da Anne Bota

 - Robin, onde estás? Anda ver o sol nascer...

- Miau, miau. Estou a cheirar a noite aqui na nossa despensa etnográfica, e a apreciá-la, claro...

- Então diz-me: Gostas mais de museus ou de mar, Robin?

- Eu? Eu gosto mais de paté. E de miar em vez de falar, pá!



                     Olha o sol que vai nascendo.../Rosa Maria Duarte/Óleo s/tela/50x60




domingo, 22 de novembro de 2020

Fastread poetry

 Anda, vamos traçar vivos caminhos para toda a gente conhecer.

Anda, vamos descobrir verdes alimentos para ninguém adoecer.

Anda, vamos dar humanos afetos para todos poderem oferecer.



Pensamento do dia

 Se o caminho da espiritualidade é intrinsecamente individual, o amor verdadeiro, mesmo que humano, e por isso imperfeito, tem sempre como valor maior a união.



sábado, 21 de novembro de 2020

O caranguejo e a boneca

 - Olá boneca. Estás perdida?

- Olá caranguejo. Estou apenas a meditar...

- A sério? Se estiveres perdida, diz. Olha que eu não sou daqueles que passam a vida a olhar para trás.

- Não te preocupes, caranguejo. Eu, às vezes, quando não estou a meditar, estou a rebobinar os meus pequeninos pensamentos.

- A sério?

- Sabes, caranguejo, eu sei que sou uma menina de plástico. Nem devia de pensar. Mas alguém me perdeu ou se esqueceu de mim.















O caminho é, na verdade, sempre solitário. Cada um tem o tamanho da sua verdade e do seu coração.

 


quinta-feira, 19 de novembro de 2020

A anedota da Anne Bota

 - Ó Fernando, vieste em má hora. Vou sair. Vou ter com a minha Lídia.

- Ó Ricardo, o teu fado é seres meu heterónimo.

- Teu quê? Ok. O que tu quiseres. Tenho que sair.

- Estás em confinamento. Houve uma pandemia. Já não estás no séc. 20.

- Então em que ano estamos? Não me digas que estamos no 20+20.

- Porquê? Bem... não pode haver ajuntamentos e somos mais de cinco...

- 😲?

                                     Fernando e Fado/Rosa Maria Duarte/Óleo/50x60



Fastread poetry

 Deixa o vento levar as desenhadas palavras no mar alto sem fim

Recolhe as redes solta alguns peixes sê liberdade crescente assim

Toca o calor do acaso longe do trator sonhador que te prende aqui.  



terça-feira, 17 de novembro de 2020

A anedota da Anne Bota

 - Ó mano, hoje foste ver o mar?

- Yap! Prá quela cena da vitamina D e ficar forte se o Covid se meter comigo.

- Ó pá! Sei não... Topaste alguém?

- Umas alforrecas. Népia de aerossóis.

- E surfistas no mar?

- Estava um ganda sol a surfar...









Súplica do Outono ao Tempo

 - Não me deixes envelhecer, Tempo.

- Vamos lá a ver: tu não és o Outono?

- Sim, Tempo, mas ainda falta o Inverno.

- Pois! Mas tu não morres. O mundo à tua volta é que vai enfraquecendo...

- Mas eu sou algum vírus?

- Não. Tu és o meu lado melancólico-romântico. Eu atribuo-te este mundo na tua fase ativa.

- A minha fase ativa de molhar tudo e amarelecer o planeta?

- Sim. Não és tu que morres. És cíclico. Como a natureza.

- E as pessoas também?

- Os corpos das pessoas morrem, mas as suas sementes continuam nas novas gerações.

- Como na natureza?

- Eles são a natureza humana. Agora vai trabalhar que os vírus andam a atacar.

- O que é que um pobre outono como eu pode fazer perante tal novo corona vírus? É microscópico, eu sei, mas por isso mesmo, é um inimigo ainda mais terrível!

- Só eu, o Tempo, consigo dar cabo desse malandro. Mas preciso da ajuda de todos.