sexta-feira, 29 de agosto de 2014

museu da música em Cascais

Nós fomos e gostámos. As guitarras portuguesas deslumbraram-nos. Sentimo-nos enlevadas pela magia da música e do fado, em particular.

Obrigado, Zuzana (a minha colega fadista e guitarrista polaca)


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

As palavras são o lugar de conversação entre a consciência e o ser


UMA VIAGEM PELA FILOSOFIA


Em cada livro há uma viagem à espera de qualquer passageiro curioso.

Os livros são viagens em viagem quando viajamos na sua companhia. Como agora, por exemplo. Trago este comigo. E tenho sempre espaço para mais um. Ou se não tenho, invento. São uns viageiros discretos e humildes que se acomodam facilmente em silêncio no fundo da sacola ou na mala, ou mesmo no bolso, no porta-luvas…viageiros resistentes sem carimbos ou estampas que narrem os seus destinos ou circuitos turísticos. Quantos deles interessantíssimos! Contentam-se com simples rituais de cosmética ou tatuagem como uma dedicatória cortês ou amigável em qualquer página de rosto. Com sub-histórias privadas extra-narrativa de momentos vividos com os seus leitores, uns quantos destes que são apenas visitantes esporádicos, não obstante quase sempre serem humanos viajantes da imaginação. E há os que valorizam os livros tocados por outros dedos, uns mais tímidos outros mais possessivos, ora pingados do calor, ora sublinhados de estudo, anotados de tudo ou de nada a ver... O livro em cada olhar como pertença individual vitalícia, mas também como uma valiosa herança humana e partilha coletiva.

Os nossos olhos são os indagadores da mente que lê, ainda que sejam as mãos a iniciar o ato do caminho físico em direção ao papel ou ao ecrã e alimentam o olhar a cada virar de página.

Assim, em dias de férias como estes agora de fim de agosto, falo por mim, quando não «fadisto», leio ou escrevo.

A degustar com avidez o Alentejo, sentada neste quintal de letras e de cheiros, estou numa viagem filosófica em busca da ideia de Consciência. Desta vez pela mão de Mendo Henriques e Nazaré Barros. Saúdo-os e ao seu livro Olá, Consciência! Uma viagem pela filosofia. Escrito, e bem, para o grande público.

É um dos que me falam de tanta coisa bonita, ao sabor do vento suão que embala esta cama de rede. E digo a mim porque cada leitura num livro é uma conversa única com o seu leitor. Muito do que me diz eu já sabia, mas é muito importante porque concorda comigo em aspetos essenciais de forma clara e assumida. Sobre a criatividade, por exemplo. Que é a criatividade que permite à consciência atingir um patamar superior daquele das atividades fisiológicas. Que é a criatividade que nos liberta da tirania dos factos e que transforma o ruído em som musical, por exemplo.

Sobre a inteligência, sobre a imaginação, sobre a memória. A inteligência que cria hipóteses. A imaginação que antecipa os acontecimentos com outros cenários. A memória que recorre a experiências passadas para as rentabilizar.

Às vezes parece que atenção e a consciência são o mesmo. Mas estes professores-autores explicam bem que, de forma nenhuma, são a mesma coisa, já que é a consciência que nos permite que estejamos atentos. Mesmo quando não estamos a pensar, estamos conscientes. Mesmo quando estamos distraídos, estamos conscientes. O que sucede é que a atenção realça a realidade da consciência, intensificando um conteúdo e fixando-nos nos atos de conhecimento (2013:33).

A filosofia é assim: uma disciplina de interpretação da vida, pois sabe que as manipulações e os preconceitos distorcem o sentido da realidade. É uma aliada da verdade, tão essencial para a nossa qualidade existencial. É transversalmente vital na sociedade atual porque aceita o desafio da aventura do conhecimento. Com dignidade.

Eu, que sou uma leiga da vida, subscrevo o que entendo inteiramente.
                                                                                                               agosto/2014
                                                                                                          Rosa Maria Duarte

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

crónica de opinião publicada no «Setúbal na Rede» e no «Diário da Região»

http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=21747

Educação
por Rosa Duarte
(Professora)


Poderemos continuar juntos?

Finalmente, é tempo de férias (que rapidamente chegam ao fim). Tempo de (mais) leituras. E de uns dedinhos de conversa solta (sem machados que cortem a raiz aos deslumbramentos…).

Numa varanda virada para o mundo, daqui de um ponto alto da imponente Serra da Estrela, escrevo estas breves linhas, numa intermitência de gestos paginados e muito sol a poente.

Há gotinhas que aureolam o papel beijado por vestígios de um banho de nascente, enquanto me ajeito para retomar a leitura de umas quantas páginas de um dos capítulos do livro Octávio Paz, Da Ecologia Global à Educação Ambiental. Desperto para curtas de conversa sobre o livro.

"Poderemos continuar a viver juntos?" é a questão-chave de algumas temáticas em análise.

Que gostamos da ideia de viver juntos, não me assaltam dúvidas sobre o assunto. Desde que se vá construindo o necessário respeito pelo espaço individual, pelas idiossincrasias pessoais e grupais: estou a pensar no ato criativo, reflexivo, opinativo, contemplativo, cooperativo…seja ele qual for.

Contudo, a qualidade da comunicação é um fator determinante para o sucesso gregário de cada pequeno ou de cada grande grupo. Quantas vezes a intensa afetividade entre pares se vê fragilizada por certas investidas, ainda que bem intencionadas, de aproximação que falham por descuido ou deseducação e comprometem a harmoniza do ritmo comum dos desejos e dos pensamentos que se querem partilhados?! Sem liberdade pessoal não há verdadeiro bem-estar coletivo, e o contrário também é inquestionável.

Diz Valdo Barcelos, o autor do livro que tenho em mãos, que é a aposta no diálogo entre as diferentes disciplinas e saberes que torna possível alcançar não apenas um mas vários caminhos ou metodologias rumo à construção da educação ambiental. Ambiente que sabemos ser versus comunidade humana e ecológica. Vários sentidos que se podem percorrer para a proteção do ambiente, que é a proteção do próprio homem. E se sem ambiente não existe homem, sem homem não há educação.

O autor propõe-se neste livro dar a conhecer o pensamento de Octávio Paz sobre esta matéria. E cita um instigante livro intitulado "Poderemos Viver Juntos?" do pensador Alain Touraine (2003). 

Está visto que é mais pacífico viver junto dos livros do que dos homens. Ou mesmo dos seus autores. Junto dos livros podemos e iremos continuar a viver, se nos deixarem, conquanto saibamos escolher os que melhor oferecem algo de tocante e esclarecedor. Seja em que suporte for.

Afinal, qual é o melhor ambiente para a humanidade? Se o homem depende do ambiente para viver, não se pode imiscuir de cuidar e de viver nele. Conseguirá continuar a viver e a conviver no seu território de sempre, embora pareça atualmente muito mais pequeno?

O momento presente de globalização tem sido um desafio tremendo para o planeta Terra. Para o bem e para o mal, estamos todos ligados, em inevitável comunicação. Continuamos juntos num condomínio fechado. Nem sempre a dar o nosso melhor para conviver e compartilhar construtivamente as diferentes culturas, religiões, etnias, ideologias, economias, ecologias.

Aparentemente não nos falta nada e no entanto falta-nos tanto! Temos todas as ferramentas para comunicar, rápida e até despudoradamente, e a movimentação e a comunicação das pessoas está sobrevigiada. Há um défice de liberdade.
As estradas unem-nos e a desconfiança distancia-nos. O progresso dinamiza e a intolerância degrada.

Há uma compressão dos tempos e dos espaços que assusta as forças do poder e leva a uma busca apertada de controle. Constata-se o preocupante renascer dos nacionalismos, dos fundamentalismos, dos terrorismos de Estado.

Estamos juntos, mas em grandes picos de tensão. Tão juntos e tão separados!

Não sabemos viver juntos, mas também não conseguimos viver separados. O quarto planetário é pequeno demais para camas separadas…

Até ver, continuamos no impasse de livre arbítrio: se queremos uma vida em comum num quase ou assumido castigo ou, antes pelo contrário, como recebendo um prémio diariamente merecido.

Diga-se, para concluir, e em abono da modesta gratidão humana, que a primeira entrada do prémio foi o dote reconhecidamente ganho logo no princípio da nossa união de facto. Saibamos honrá-la.

Rosa Duarte - 20-08-2014 09:15


[Setúbal na Rede] - Poderemos continuar juntos?

[Setúbal na Rede] - Poderemos continuar juntos?

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

boas férias a todos

Mais um ano, ah?!

Cá vamos nós de férias. Que chatice (sorriso malandreco).

Claro que nem todos vão agora. Já foram. Ainda irão... Férias é pausa. Vou fazer por isso. Mas levo o fado e a poesia comigo.

E a vossa amizade também. Às vezes, a melhor é a mais serena e silenciosa. Não precisa de muitos likes, nem voyeurismo. À distancia, ainda que de um clique num vídeo da rádio Amália.

É o tempo de qualidade: na companhia do sol, da melodia, do azul que nos une ao céu e ao mar. Ao horizonte das coisas belas.

Obrigado, queridos. Mesmo àqueles que ainda não me deixaram partilhar o melhor de mim.

A cada dia que passa, tudo é mais claro e macio na voragem do sonho.

Sempre unidos pelo fado.