terça-feira, 31 de julho de 2012

hoy soy una niña


Hoy soy una niña

Creo mucho pequeñita

Aún no sé hablar

ochered

Solamente    

vvuelooo

Con mis fogosas emociones

Para bien lejitos

Y adonde voy

Tropi

        ezo

En mis inquietos

                   P e n  s  a

                                   m  i  e   n

                                                t   o  

                                            s.



Mi mundo es una c    e r de la Luna

                              r   t

                                á

Que malo conozco

Tan profunda

Ni sé bien cuanto.



Pero curiosa

            ooo arriba

       oo

Mir

Con éste rostro suave

Casi encantado

Indagador

Y en doce pétalos

Iris coloridas

Luminosas

Avisto dibujado

        tu fraterno corazón.

 
                  CuMpLeAñOS,  2 Junio de 2008


O ENCONTRO PELA PAZ



Mais um Encontro galego-português,

Mais um passo na longa caminhada,

Não nos compadecemos com bonitas palavras,

Fazemos a Paz na luta em cada alvorada.



Com gestos, jogos, sons e animação

Reclamamos os direitos das nossas crianças,

Questionamos a vitória das inúmeras pátrias.

Descontentes, queremos melhor,

Dentro e fora de nós.



A consciência da violência,

Na pobreza e na exclusão,

No ensino, na rua e na religião,

Do direito e na prática da constituição,

Em paz, denunciaremos.



Alguns somos objectores de conciência,

Outros professores e educadores,

Enfermeiros e mais sonhadores,

Não nos bastamos como pensadores

Mas sim agentes catalizadores da Paz.



Entre índices de tristeza e brutalidade,

E da teimosa riqueza desigual,

Ainda acreditamos na Fraternidade,

E na construção da verdadeira Paz.



Mirandela, 12-11-2000.


 

VINTE E CINCO ANOS





Brindemos.



Aos Direitos

Conquistados

E à Paz.

Almejemos

Aquela que nasce

Dentro de nós

Chega a casa

Com um beijo na boca

Vai à escola

Com livros e

Pasma

Viaja pelo mundo

Com um dedo

No planeta

E tanta beleza!



Desarmemo-nos.



De palavras escorregadias

Moralidades imorais

Pesadas mágoas blindadas

Em jardins de privações.



Plantemos.



Em cada coração

Mil flores

Umas coloridas

Algumas atrevidas

Sempre agradecidas

Sem idade, género ou

Condição

Amantes

Da cidadania.



Comemoremos.



Vinte e cinco anos

De jovens Encontros

Causas regeneradoras

Sonhos e seres

Em fraternidade

Livres na procura

De

Caminhos

Talvez  maiores

Talvez mais próximos

De cada um

De todos

Nós.



Reforcemos.



A nossa vontade

De amar

Repetir

Transformar

E continuar

A aprender

A Educar

Um dia

Muitos dias

Muitas jornadas

Conseguidas

Comprometidas

Quantas inacabadas!



Juntos

No desafio

De compreender

E observar

A construção

De um abraço

Decisivo

Educativo

Definitivo

Por direito.



A caminho da Paz.



Abril/2008

os beijos


OS BEIJOS



Breve as bocas, enternecidas,

Afastam-se, quentes, humedecidas em

Beijos demorados pelas costas

Beijos repenicados na testa

Beijos soltos por entre a sombra

Como a um ancião alquimista.

Beijos em largo na fronte

- A nossa terra ressequida -

Beijos nos muros da pobreza

Encantados com a tua alegria.

Beijos agora devorados

Pelo céu da tua rua.

Beijos então apreendidos

A meio do sonho da tua dádiva.



São breves beijos abocanhados

Na dor de não ser sempre tua.

Beijos sorvidos pelos lábios

De um ser esquecido na lua.

Beijos doentes de um duende

Sorrindo-te na luz ainda crua

De uma amizade sempre nua

Com verbos mastigados pelo tempo.

Beijos-olhos, beijos-banhos

Beijos de eternos solfejos

Em sinfonia com as bocas

Beijando a melodia da vida.

Beijos sem dentes, beijos sem boca

Beijos molhados pelo mocho

Que me prometeu Sabedoria.

Raios beijadores, ventos saciadores

Nos bosques cerrados do teu Amor.

Beijos-leves, beijos-pensadores

Aquecidos nos cumes escondidos

Do desenho recortado do teu rosto.



Beijos-de-hoje, beijos-de-ontem

Beijos eternamente consumados

Na cosmogonia do teu nome.

Beijos, beijos e beijinhos

Que orbitam à minha volta.

São tantos os teus beijos-malmequeres

Que os enrolei  no regaço de mel

E logo voaram lestos para dentro de mim.





Olívia Campos/2006

poemas II


À BEIRA-MAR



Com muito sol   este Dezembro

Feito de momentos e ausências

Ou presenças quase fugidias.

De Sofias sibilinas enlevadas

Revivendo um mar sempre presente

No olhar de um marinheiro

No berço de uma baleia

No corpo de um homem-rã

Na dor de um fadista

Na canastra da varina

Carregada de pregões de sal

Que emanam da voz matriarca

Uma pátria à beira-mar.



Muito peixe a secar ao sol

Cada vez mais a sul de uma

Costa feminina lusitana.

Barracões enredados

De bóias, anzóis e iscos

Daqueles que o vão dividir

À mesa dos pescadores,

Mentes grávidas de uma vida

Cansada e impaciente,

Que poetas do mar salgado

Abraçam com o cantar do galo.



Prestes se fazem ao mar

Estes marinheiros da escrita.

Destemidos em vagas encapeladas.

Soltam as redes da emoção

Os beijos à virgem-mãe

E agradecem de novo aos peixes

O alimento vocabular.



Saciados com o banquete

Em terra firme   com carapaus

Chocos  espadartes e bacalhaus,

Brindam à saúde dos sonhos

Daqueles que nascem no ventre

Da dor da amante esquecida.



C.Caparica, 22 de Dezembro/04





LETRAS DE DESASSOSSEGO



Fico calada!

Vejo a vida a meu lado

Na azáfama da conquista,

Um epíteto de conforto

Rumo ao sonho idealizado.



Fico emudecida

E esforço-me em silêncio:

Não quero desfazer o nó

que me ata a garganta e

Abafa desacordos, desconcertos,

Depósito de cansaços,

Fracassos do ser.



Fico passiva e

Exorcizo a razão em mim.

Rebentos de lágrimas despontam

Nos extremos da visão

Na esperança de perdoar

Quem não me compreendeu.

Atiro-me ao espaço sideral

(e deixo-me…)



Salvé aquela dor

Parida na tolerância e

Na nossa união!



Cacilhas, 29 de Janeiro/05











INCERTEZAS



Trocar de sentimento

Rebenta o peito

Reescreve o sonho

Estoira de cansaço

Condena o mundo

Queima a vida

E atira-nos para fora

Do interior de nós.



Que risco é falar

Aliviar o ruído

De dentro do teu

Pseudo-amor!



As ruas são longas

Os braços são curtos

Para alcançar-te.

Beija-me o som

Daquele ressonar

Masculino, ventoso,

Narinas dilatadas

Sonhando comigo?



Caparica, 7 de Fevereiro de 2005









SONIDOS SUBIDOS



Ouvir cantar a Vida

Em momentos excelsos de contemplação

De distância à Dor, esquecendo-a,

É sentir o dia fazer-se crepúsculo

Ao longo da rua do amolador

Onde se faz tarde. E fica noite.

Recortadas silhuetas naturais

De um sapal quase amado

Animadamente visitado por

Seres elevados da Noite

Que grilam, piam, ralam, coaxam,

Guturizam a sinfonia da sobre(a)vivência,

Na harmonia acima do convívio,

A verdade simplesmente partilhada.



Caparica, 5 de Junho de 06







O NADA QUE SOU



Visto e travisto-me

No quarto, depois da esquina

Da morada encontrada

Dentro de mim.



Olho-me ao espelho

Desprendidamente

E vejo-me abraçada a um

Corpo diferente do eu

Ainda sobreposto ao brilho

Do tempo, momento,

De eterna juventude.



Não me pertenço!



Entro a falar e preciso pensar

No entroncamento entre a cozinha

E a sala, nas letras e a ordem dos talheres,

Nos piscas, o sexo e a omolete,

As aulas, as estrelas e a bracelete,

As compras, as roupas e a marioneta,

Qual mãe, mulher, esposa e expatriada

Alienada, ludibriada, manipulada,

Babada, gozada, engraxada,

Apertada, amada e abraçada

Pela dor de ser Tudo

E ser Nada.



Almada, 8 de Junho de 2006



POEMA A TI



No fundo de Ti, Amigo,

Há o Ser observando o Outro

Nem sempre distinto

Muitas vezes amado

Breve na busca da Palavra

Grande na intenção do Amor.



Rosto magro, de finos óculos,

Serena tens a expressão corporal.

Figura solta, firme com a Vida.

Sabes olhar para além de Tudo,

De Ti, jovem intemporal,

Da Verdade que conheces

E do silêncio a que te permites.



És o Maior das constelações

Mais brilhantes da Humanidade.

Tens nos olhos a transparência

Iluminada pela melodia da Amizade

E na Alma a Liberdade peregrina

Por idílicos caminhos zagalenses.



Com Shiva cultuas a Vida aventurosa,

Com Osho a compreensão do Amor.

Partes sem ficar à espera do Tempo

E fazes da ausência o teu regresso.



A Bússola tem a Água de que precisas

Que trouxeste do fundo do Mar, onde habitas.

Ainda a saberes a sal, a algas e a maresia

Recolhes-te, sem esforço, no Dia agitado

E recebes dos clientes um sorriso, um aviso:

- Tudo tem um preço, uma cor, um destino.



Soltas o teu cheiro a incenso, a terra, a vida,

Em posição Lótus ou em saudação do Sol

E com olhar repousado, meditação elevada,

Ofereces os teus gestos, experiências, alegrias

A quem mais não tem para retribuir

Do que é a Vontade de admirar-te e seguir-te.

Qta.Rouxinol, Julho/06





O MAR



Vim visitar o mar.

As ondas enrolam-se  mansas

No lençol de água azul.

Sonoras   convivem em

Cambalhotas à beira

Bebendo areia,

Majentas esbranquiçadas

Ondulações rasteiras.



As gaivotas descansam.

O sol já alto

De uma claridade

Quase crua,

Quase nua,

Beija as gaivotas

Em pé

No areal

Alisado

Empoçado

Infinito.



Deixam-se     elas,

Encolhidas,

Ficar juntas

À espera do amor do sol

Que as aqueça.

E esperam

Tranquilas   pacientes

A luz intensa

Do meio-dia.

Uma grasna.

Outra esvoaça.



Vê-se ao longe

Uma prancha.

E um homem.

É mais um dia

De mar.

Costa da Caparica, Fev/2007







DANÇAR A CHUVA



Trazem as nuvens

O cinzento

Vapor inalado

Pelo céu atento

Riscos desenhados

Em

Cada cabeça, curiosos.



Chove, não chove?

Interrogou Guilhermina.

Chove.

E quando?

Indagou Florinda.

Queriam dançar a chuva.

Repousar na brisa.

Amar o momento da chegada

Gota a gota

Bago a bago

Sonho a sonho

E

Ver rasgar no céu

A Luz do seu Caminho

Com dor ou sem ela

Afagos barulhentos

Demorados

Senhorita do Firmamento.



Sentir no peito intenso

O estalar do Amor alimento

A terra nascida do ventre

O acolhimento Primordial.



Vestidas com a pele aquecida

Pulsar do desprendimento

Fez-se

Consentimento natural.

Foi fusão feminina com

Águas nascidas no interior

Do tenro ventre,

Da terna Vida.



Dançando   rodopiando

Criando gestos   palavras

Carinhos de compreensão

Talvez suprema   talvez surpresa

Em cada partida

Em cada perfume deixado

Nos rostos beijados

Arrebatados

Na frescura bailante

Da

Mãe-chuva.



24/Setembro/2007  (2º dia de Outono)





A FANTASIA



Refúgio.

Fantasia.

Cor de tempo

Sem rosto

Franzina

Varina

Leito do

Amor.



Fantansio

A presença

Essa prenda

Regalo

Do meu olhar

Molhado

Regado

Com teu brinde

À nobreza

Do Ser.



Confesso.

Começo.

Esqueço o

Regaço de

Minha mãe.

E choro.

Doeu

E ficou.

Para sempre?



És um hino

Ao céu

Eterno

Do Acontecer.



28/Setemb/07





JORNADAS FRATERNAS



Katarsis



Em cada olhar

Una emoção partilhada

Abraçada em saudação.



Despertar



Para cada ensinamento dedicado

Fogo desenhado por palavras

Ardentes pela Estrela transformadora

Teosófica

Prodigiosa.



Alquimia



Em cada coração irmão

Água em nosso solo ibérico

Melodiosa convivênvia

Templo divino    erguido

Da sabedoria antiga.



El Escorial, 23 de Março/08





FRIDA KAHLO





Rostos são os teus de infindável sofrimento

Nas telas rasgadas pelo impetuoso pincel solitário

Besuntado das cores da terra e do ventre

Aberto pelo parto acidental da vida

Sempre adiado até ao dia da despedida.



Ainda jovem lambeste a morada da dor

Dissimulada no banco de um autocarro anónimo

Que te imolou para a Arte maior

Da criação, do prazer e do comprazimento

Avistando o Amor e o Ser outro em ti

Num regaço da mórbida contemplação.



Gostas do feio e do insincero masculino

Saciado nos teus seios de cristo crucificado

Presa como pele solta de tela descurada

Num tempo que, esse, conseguiste parir.



É, Frida, tua a conquista do mundo invisível

na comunhão, livre do Eu Menor da humanidade.

Hasteaste em negro fundo da solidão

Da tua casa, os vincados ferimentos da tua imagem

Bela e breve, embalada pela Eternidade dos teus mundos

Pintados pelo vigor de um não-regresso.


                                                                                                               2 de Março/2006