DESP(ED)IDAS
Olho.
Vejo um rosto…
Montanha agreste
Esculpida pelo tempo
Em recorte arenoso
Tingido de verde.
Tens olhos em pinhas
Melaço de seiva.
Teus beijos sempre húmidos
Transbordam os nossos
De eterno vermelho.
Ofereces-me uma taça
Champanhe principiado
Bebido sem fim.
Toco o cabelo.
Distraidamente.
Languidamente.
Em gestos de ternura
Recebo fragrâncias de sabor;
Breves momentos de aparente domínio
Ilusões não consentidas.
Recordo.
As ruas estreitas ajardinadas
São folhas secas esvoaçando
Tapetes de suaves tons de carmim.
As portas de rua
caminhos amantes
São casas em sombras desenhando os passeios.
Oiço.
As senhoras conversam
Sentadas de escuro.
Ao longe a rapaziada
Grita palavras
Em garrafas sem fundo.
Sinto…
As despedidas quase constantes
Despidas
dilacerantes
De um amor fantasiado.
São as verdades breves
Ainda não vividas.
Grândola, 26 de Agosto/06
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