sábado, 28 de julho de 2012


DESP(ED)IDAS





Olho.



Vejo um rosto…

Montanha agreste

Esculpida pelo tempo

Em recorte arenoso

Tingido de verde.



Tens olhos em pinhas

Melaço de seiva.

Teus beijos sempre húmidos

Transbordam os nossos

De eterno vermelho.



Ofereces-me uma taça

Champanhe principiado

Bebido sem fim.



Toco o cabelo.

Distraidamente.

Languidamente.



Em gestos de ternura

Recebo fragrâncias de sabor;

Breves momentos de aparente domínio

Ilusões não consentidas.



Recordo.



As ruas estreitas ajardinadas

São folhas secas esvoaçando

Tapetes de suaves tons de carmim.

As portas de rua   caminhos amantes

São casas em sombras desenhando os passeios.



Oiço.



As senhoras conversam

Sentadas   de escuro.

Ao longe a rapaziada

Grita palavras

Em garrafas sem fundo.



Sinto…



As despedidas quase constantes

Despidas    dilacerantes

De um amor fantasiado.

São as verdades breves

Ainda não vividas.





                         Grândola, 26 de Agosto/06



 

Sem comentários:

Enviar um comentário