sábado, 28 de julho de 2012


PORQUÊ UM SORRISO


   O sorriso está onde o mar é mais azul e onde os homens testam a sua coragem e resistência à reação do outro. As crianças e os velhos refrescam-se na água azul do sorriso nos olhos de cada um. Alturas dignas de um povo sentimental, numa terra costeira e serrana, bafejada por um sol bem disposto, liberta o fundo azul da linha saudosa do horizonte. A serra da Estrela é o lugar mais bonito, quando não tem nuvens, para António Lobo Antunes. É uma serra que sorri   à nossa boa estrela e ficamos mais perto de nós próprios.

   Do humano tudo é preciso para completar o quadro de beleza e harmonia, simbolizada num sorriso. O sorriso dos viventes, simplesmente. Lábios que falam sem palavras. Lábios limpos de trovoadas, habitáculos de humana compleição.

   Há sorrisos que nos prendem vinte e quatro horas numa serena e voluntária reclusão. Extraordinários e delicados são os das crianças. Encantam pela incomensurável afinação. Pulsantes e intensos os dos jovens contidos, em especial dos mais sonhadores. São falantes os dos adultos, desajeitados e cheios de considerações. Sorrisos envelhecidos têm enfeites pregueados e alguma camuflagem de pelos que enternecem os entendidos nestas matérias de amor ao próximo.

   Desenhamos com o olhar o outro que nos decidimos focalizar. Damos vida à ausência mesmo pela má-língua e pelo sorriso dissimulado. A qualidade da mente enche a realidade de vida.

   O sorriso é alimento que fortalece sem distinção, motivado pela bem-aventurança ou pela agonia da distância. Pode sarar um lenho aberto doloroso e indelével ou ferir de um lado ao outro o corpo sentimental de um outro ser.

   O sorriso mais poderoso é o da voz e o do sentido que espreita pelo olhar do amoroso. Mesmo não sendo o olhar humano.

   Em casa, na rua, na loja, no jardim, no escritório, na casa do vizinho, no beco do sem-abrigo, no retrovisor do veículo:

   - Seja generoso. Faça a sua boa ação do dia. Faça voluntariado: sorria, sem custo nem compromisso. É um donativo muito apreciado e sem preço entre os homens e mulheres, crianças e velhinhos do novo projeto humanitário!   

                                                                                         23 de Setembro de 2011

                                                                                                Rosa Duarte

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