sábado, 28 de julho de 2012

adiciono-te como amigo


ADICIONO-TE COMO AMIGO

   Vou adicionar-te como meu amigo. De modo que, sempre que nos virmos, reconhecer-te-ei porque me recebes com um cumprimento de aceitação, estendes-me um lugar à tua beira e ofereces-me um sorriso desanuviado, desafetado, sincero e com orgulho a toda a gente.

   Sem grandes explicações, compreenderás os meus anseios de aprender e investigar as palavras dos outros, mais profundas do que as minhas, no amanhecer da alma dos escritores, sem vergonha de sentir satisfação e sem medo da minha ignorância perante tanto saber.

   Saudaremos juntos a importância da autoridade do conhecimento consistente no seu humilde exemplo e a sua demanda na beleza do novo paradigma com todos os saberes.

   Captarás o meu consentimento para me olhares por dentro e veres o ser pequeno em crescimento, qual criança pobre e insegura que sempre fui.

   Compreenderemos juntos que os valores não se quantificam por números ou nomenclaturas sonantes de humano equívoco ou perversão, mas pela bondade do coração e partilha do saber.

   Aprenderemos que a depressão e a angústia são alimentadas por inverdades e desconfianças e não deixaremos para trás os mais vulneráveis e esquecidos maliciosamente enredados nestas, porque a verdadeira amizade é determinada.

   Observaremos com apreço que o sucesso se alcança pela concertação de esforços e pelo êxito participado.

   Discerniremos que as nossas vidas só farão realmente sentido quando deixarmos de poluir o mundo com palavras e gestos de exclusão que nos envelhecem as mãos e nos escurecem o sorriso.

   Confiaremos que a amizade não se confina a uma palavra escrita ou a um nome adicionado no computador, sem expressões humanas no rosto, mas que se manifesta pela vontade e pela partilha do entusiasmo ou do fracasso.

   Sentiremos que somos seres em construção, ansiosos por saber qual é a nossa missão mais difícil para, a seu tempo, saborearmos o gosto comum do dever cumprido.

   Confirmaremos que a amizade não tem fronteiras de condição social, estatuto académico, religião, idade ou sexo, interesse ou aspiração, cultura ou dissidência, moda ou estilo de vida.

   Faremos com que a amizade se respire como uma flor num jardim, com espaço e carinho.

   Cuidaremos que ninguém à nossa volta seja maltratado ou desprovido do nosso olhar amigo.

   Inauguraremos a palavra amizade, como um gesto de vida, nascida do quase nada, num simples clique, mas paciente fertilizadora de quase tudo.

   Sonharemos com o nosso sentimento de amizade gerado e expandido para toda a humanidade, celebrado com banquetes de manjares, de palavras de encantar e melodias para abraçar.

   Vou adicionar-te como amigo, mesmo que ainda não te conheça. És um virtual aspirante e eu respeito-te por isso. Se fores amigo dos meus verdadeiros amigos, certo que meu amigo serás. Então, partilharemos aquela amizade menina que nos lembrará a intemporal frase tão sincera na boca de uma criança Queres ser meu amigo? celebrada com uma partida de caricas, um treino insuflado de pontaria com caroços ou um simples concurso de pontapés às latas. 

                           Laranjeiro, 19 de outubro de 2011                           Rosa Duarte


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