terça-feira, 31 de julho de 2012

os beijos


OS BEIJOS



Breve as bocas, enternecidas,

Afastam-se, quentes, humedecidas em

Beijos demorados pelas costas

Beijos repenicados na testa

Beijos soltos por entre a sombra

Como a um ancião alquimista.

Beijos em largo na fronte

- A nossa terra ressequida -

Beijos nos muros da pobreza

Encantados com a tua alegria.

Beijos agora devorados

Pelo céu da tua rua.

Beijos então apreendidos

A meio do sonho da tua dádiva.



São breves beijos abocanhados

Na dor de não ser sempre tua.

Beijos sorvidos pelos lábios

De um ser esquecido na lua.

Beijos doentes de um duende

Sorrindo-te na luz ainda crua

De uma amizade sempre nua

Com verbos mastigados pelo tempo.

Beijos-olhos, beijos-banhos

Beijos de eternos solfejos

Em sinfonia com as bocas

Beijando a melodia da vida.

Beijos sem dentes, beijos sem boca

Beijos molhados pelo mocho

Que me prometeu Sabedoria.

Raios beijadores, ventos saciadores

Nos bosques cerrados do teu Amor.

Beijos-leves, beijos-pensadores

Aquecidos nos cumes escondidos

Do desenho recortado do teu rosto.



Beijos-de-hoje, beijos-de-ontem

Beijos eternamente consumados

Na cosmogonia do teu nome.

Beijos, beijos e beijinhos

Que orbitam à minha volta.

São tantos os teus beijos-malmequeres

Que os enrolei  no regaço de mel

E logo voaram lestos para dentro de mim.





Olívia Campos/2006

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