OS BEIJOS
Breve
as bocas, enternecidas,
Afastam-se,
quentes, humedecidas em
Beijos
demorados pelas costas
Beijos
repenicados na testa
Beijos
soltos por entre a sombra
Como
a um ancião alquimista.
Beijos
em largo na fronte
-
A nossa terra ressequida -
Beijos
nos muros da pobreza
Encantados
com a tua alegria.
Beijos
agora devorados
Pelo
céu da tua rua.
Beijos
então apreendidos
A
meio do sonho da tua dádiva.
São
breves beijos abocanhados
Na
dor de não ser sempre tua.
Beijos
sorvidos pelos lábios
De
um ser esquecido na lua.
Beijos
doentes de um duende
Sorrindo-te
na luz ainda crua
De
uma amizade sempre nua
Com
verbos mastigados pelo tempo.
Beijos-olhos,
beijos-banhos
Beijos
de eternos solfejos
Em
sinfonia com as bocas
Beijando
a melodia da vida.
Beijos
sem dentes, beijos sem boca
Beijos
molhados pelo mocho
Que
me prometeu Sabedoria.
Raios
beijadores, ventos saciadores
Nos
bosques cerrados do teu Amor.
Beijos-leves,
beijos-pensadores
Aquecidos
nos cumes escondidos
Do
desenho recortado do teu rosto.
Beijos-de-hoje,
beijos-de-ontem
Beijos
eternamente consumados
Na
cosmogonia do teu nome.
Beijos,
beijos e beijinhos
Que
orbitam à minha volta.
São
tantos os teus beijos-malmequeres
Que
os enrolei no regaço de mel
E
logo voaram lestos para dentro de mim.
Olívia
Campos/2006
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