COMO SE REVELA O ESPÍRITO DE EQUIPA
Hoje em dia ninguém tem dúvida de que o bom trabalho é aquele que é
feito com espírito de equipa, com verdadeira cooperação. Recentemente têm
surgido projetos inovadores de coaching,
para ajudar à motivação individual e grupal. Os treinadores desportivos, como
José Mourinho por exemplo, revelam o segredo do seu sucesso de liderança à
comunicação social com clareza: o segredo está na estratégia adequada ao trabalho
de equipa, de acordo com os fatores externos num dado desafio (o adversário, o
público, o clima…). Trata-se inevitavelmente de um sucesso participado por
todos os elementos. Cada um com a sua incumbência, a trabalhar para o bem
comum: a vitória.
Nós, professores, conhecemos bem esses valores. A realidade escolar e o
sistema de ensino vão sofrendo mudanças ao longo do tempo, mas a nossa preocupação
em adequar a nossa prática diária à comunidade escolar leva-nos a reunir e
debater estratégias, a frequentar ações de formação e cursos sobre gestão de
conflitos, cooperação e outras temáticas afins, como sinal do nosso propósito
maior que é a aprendizagem e a atualização científica e pedagógica.
A vivência das inúmeras situações nos diferentes grupos que compõem a
comunidade educativa confronta-nos com a nossa real capacidade de seguirmos
esse nosso sentido de vida nos momentos mais exigentes da nossa profissão.
Estou a pensar, por exemplo, nos inevitáveis momentos de avaliação. Sabemos que
o processo de avaliação, seja de uma escola, de um professor, de um aluno, de
um funcionário, pauta-se pelo rigor dos seus critérios, pelo grau de desempenho
de cada elemento ou do grupo em causa no cumprimento das suas funções, mas
também, e sempre, pela capacidade desse grupo de conseguir integrar, motivar e trabalhar
com a participação de todos os elementos em cooperação, segundo as orientações
fundamentais definidas em equipa para uma boa autonomia e prestação individual.
Na verdade, não há sucesso exclusivamente individual. Nem tão pouco fracasso
individual. Todos dependemos uns dos outros. Até este texto que estou a
escrever depende da leitura que farão dele. Refletir periodicamente sobre as
nossas experiências e ideias, é aquilo que me motiva a escrevê-lo, partilhando-as,
neste caso por envio eletrónico.
O trabalho de cada docente é um contributo indispensável para o sucesso
de uma escola/agrupamento. Daí que a sua responsabilidade deva ser, não
fiscalizada ou fragilizada por sentimentos menos nobres, mas sustentada num trabalho
de equipa, com as suas naturais especificidades, quer em trabalho de preparação
(como, por exemplo, as diferentes planificações em cada área disciplinar), como
na colaboração diária pontual.
A propósito da conjuntura económica atual do nosso país, dizem os
politólogos e economistas que os atuais momentos de crise servem para obrigar a
mudanças necessárias para crescer e fortalecer a nação.
Relativamente ao ensino, eu diria que o sistema atual procura equivocadamente
o modelo de avaliação dos professores adequado ao seu real papel, ou seja contribuir
para o melhor desempenho dos mesmos, num período crítico que serve quase
unicamente o seguinte propósito: avaliar o espírito cooperativo entre os
professores. As pontuações que são dadas neste modelo não são verdadeiramente
individuais, mas revelam a qualidade do espírito de equipa de cada grupo
disciplinar, sobretudo nos parâmetros do pressuposto trabalho previamente
definido em grupo.
Mais haveria a dizer, mas termino saudando as escolas que estão a
encarar este processo de avaliação com exemplar unidade e companheirismo,
sentados todos à mesma mesa, deixando uma cadeira sempre vaga para quem vier
entretanto.
Laranjeiro, 2 de outubro de 2011
Rosa Silva Duarte
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