domingo, 23 de março de 2014

obrigado, queridos fãs.

   Meus queridos fãs,

   Antes de mais, obrigado pelo vosso apoio. Isto para mim está a ser quase que irreal. Como é possível que pessoas que não conhecemos, oferecerem-nos sorrisos e palavras de apoio?! É simplesmente incrível. Para não falar das pessoas incríveis que já conhecemos...

   Às vezes pergunto-me se esta minha aventura pelo fado não despertou algumas aspirações adormecidas...

   Eu também sou daquelas jovens fadistas quase cotas que fazem gosto na malta nova. É assim o ciclo natural das coisas. Os jovens são todos nossos filhos. Porque, a bem dizer, somos todos filhos do mesmo pai e bons filhos da mãe...

   Embora eu não tenha qualquer expressão no marketing fadista, desejo aos novos e aos velhos valores as maiores felicidades.

   O engraçado é que há uma vasta faixa da população portuguesa a partir dos 50 anos que, não só gosta de fado, como o sabe cantar, embora só o tenha feito para os amigos. Eu creio que alguns destes meus «fãs» perceberam que é possível levar isto um bocadinho mais a sério e participar no grande grupo fadista. É uma espécie de pedaço de um sonho tornado realidade. Vale o que vale para cada um. Mas é assim mesmo. E olhem que há muitos cotas a começar nestas lides... Dariam para fazer sessões de fado todos os dias, por todo o Portugal. Comovente fenómeno este! Dos momentos difíceis nascem os melhores sentimentos de união e de nacionalidade. A portugalidade universal, como não podia deixar de ser...somos cidadãos do mundo.

   Podem contar comigo para os eventos que organizarem. Na boa! Não sou (ainda) fadista residente em nenhuma casa comercial, mas penso que tenho contribuído para o negócio de algumas. Quando tiver algum lugar especial, convido-vos a todos. Cada um ajuda com as ferramentas que tem ao seu dispor.

   Obrigado por me aplaudirem e demonstrarem o vosso agrado. É verdade que sou humilde e a vossa amizade não se compadece com ciumeiras. Em vida é que temos de nos apreciar e fortalecer mutuamente. Obrigado por existirem.

   Boa semana, aos mais próximos e aos mais distantes, todos perto do coração.

   Viva a música e ame-se o fado e os fadistas de todos os tipos de vozes, vibratos e afinações.

                                                                                                23 de março de 2014







sexta-feira, 21 de março de 2014

dia mundial da poesia


HOJE TOMO A DECISÃO DE SER NÓS
 
Na alvorada deste meu rosto singular
Despertou um olhar difuso de gente
Consciente de ser eu e também um belo plural.
 
Somos uns quantos dentro e fora de mim.
Não é gravidez tão pouco heteronímia
Antes agravado sentimento poético
De olhares cúmplices mais gestos amigos
Confiantes infinitos de amor consentido
Numeroso de gentes qual sonho tamanho.
 
Sinto-me presente com um nós de firmado
Que ligo e entrelaço o aqui de sem-tempo
Em abraços e sorrisos e breves risinhos
E em alegrias inventadas e tão inadiadas
Estou por sobre os ombros portentosos
Dos ainda generosos desta Humanidade.
 
Hoje serei enfim aqui o nosso-tempo
Sombra lânguida de um em todos vós.
Tomei esta decisão de ser um em nós.
Ponta de linha em verso dobrado
Texto imerso no azul tracejado
Silêncio Intermitente no branco virtual
Do ecrã luminoso e iluminado da vida.
21 de março de 2014
 

quinta-feira, 20 de março de 2014

hino à primavera

Chegaste, princesa,
a prima verdadeira rosada
dos sonhos suspensos
no asfalto cinzelado
do longo dia
amolecido.
 
Alegres tempos
compasso allegro
sentimento seu
descoberto
reinventado.
Amadurecido
 
Pelo tempo
do fado maior.
 
 
 
 

sexta-feira, 14 de março de 2014

nem sabem reagir a provocações


Nem sabem reagir a provocações

Há dias, numa aula de Português, convidei uma menina da turma a analisar no quadro a seguinte frase: “A educação é muito bonita.” Tão simples e algo complexa esta frase, ao mesmo tempo. Até sintaticamente. Queria testar as funções dos elementos da frase e fui-me inspirar numa atitude repentina de um jovem menos consciente nas suas vontades.
E eles, alunos, onde se vão inspirar para aprenderem certas atitudes? É tudo autodidatismo?

A palavra crise não é apenas abertura de telejornais, como alguns alunos mais perspicazes dizem. Até parece que quem não reage a provocações não é olhado como indivíduo de grande inteligência. Há quem pense que não é muito inteligente não desperdiçar tempo com disparates. Há também quem diga que opiniões não se discutem.

É aquilo que nós tanto apreciamos: a liberdade de expressão. Até para dizer disparates. Podíamo-nos chatear mais com certas malandrices de linguagem, e não só, mas a vida é tão curta e há coisas bem mais importantes do que convencer pessoas que não querem ser convencidas de nada que não sejam as suas próprias ideias. Nas quais às vezes nem elas próprias acreditam.

Há quem faça a diferença. Esperemos que muitos jovens o façam. E já se vai fazendo notar…

Cada um tem que fazer o seu próprio 25 de abril. Talvez um dia eu faça o meu. Nunca do ensino, nem do fado, nem da escrita...

Até lá comemoro o da revolução dos cravos. Então parabéns, 25 de abril. Somos quase da mesma idade...era eu uma tenra criancinha...

                                            Laranjeiro, 14 de março de 2014

Rosa Maria Duarte
 

 

segunda-feira, 10 de março de 2014

o que não nos mata, torna-nos mais fortes

   O que não nos mata, torna-nos mais fortes
 
 
Aos homens e mulheres de boa fé:
 
   Não se deixem apequenar pelas dificuldades.
 
   Nem pela mesquinhez dos invejosos.
 
   A força está no sorriso e na grandeza de espírito.
 
   Na certeza, porém, de que quem dá a cara ao disparate
 
   Já se deixou enredar em pensamentos ardilosos.
 
   Não interessa a dor de quem se alimenta da malquerença.
 
   Querem maltratar o outro? Eu ofereço-me.
 
   O que não nos mata, torna-nos mais fortes.
 
 
   A força está na alegria
    E na emoção do fado!!
 

quarta-feira, 5 de março de 2014

Fica em paz, Sidónio.

Foi um grande gosto ter-te conhecido. Excelente músico! A tua guitarra eternizar-te-á.

publicada no «Setúbal na Rede» e no «Diário da Região»

Educação
por Rosa Duarte
(Professora)



Escolhas hospitaleiras

Quem não gostaria de ter pelo menos uma oportunidade para desabafar o que pensa nos meios de comunicação social sobre o quotidiano do cidadão comum e discorrer sobre as boas ou más razões dessa situação, que se entrecruzam, porém se distinguem, ou mesmo sobre as não razões e outros ratios…

A verdade é que quando me preparo para escrever, sinto quase sempre o impulso para falar do mesmo: a educação dos jovens. É mais que natural porque têm sido a minha ocupação diária há uns anitos a esta parte. Mas custa-me ver, aos outros educadores e a mim própria, a prepará-los com tanto afinco para darem o seu melhor numa determinada área especializada e, depois, pressenti-los seguir o caminho arriscado da frustração. A luta diária é a instrução, a autodisciplina, a responsabilização, a dedicação, a observação atenta, os valores, a criatividade, os sonhos individuais…
 
E a frustração? Como se preparam atualmente os jovens para o elevado índice de frustração, se nós mesmos os ensinamos a persistir nos seus sonhos?
 
Alguns adultos tentam ajudá-los testemunhando a experiência de frustração como potencial processo de transição. Outros falando da inevitabilidade da frustração permanente, ainda que com focos móveis… Nem todos os jovens se sentem perdidos e alguns até sabem o que querem da vida. Basta decidirem trabalhar ou querer continuar a estudar, são objetivos determinantes. Poder decidir é um direito nem sempre possível. Em quê ou em o quê é que implica maior definição da vontade própria. Porque isto de perceber a vocação individual é na realidade um trabalho de grupo que nem todos sabemos, podemos ou arriscamos fazer. Já para não falar da natureza dinâmica, evolutiva e versátil da ideia de vocação…nem sempre tão aprazível quanto aparenta.
 
Na última concentração de bolseiros a 21 de janeiro junto à Fundação para a Ciência e Tecnologia, em Lisboa, foi doloroso ver tantos rostos desanimados com a difícil situação. Eu sei que há meia dúzia de empregos, uns mais precários que outros, cá em Portugal, que alguns são sacrifícios por que muitos já passámos. E quantas vezes são necessários sacrifícios para crescer profissionalmente. Mas o problema agora é que as expetativas são elevadas para um tempo a prazo ilimitado que não oferece horizontes: não se avistam alternativas ao trabalho pro-precário. Os números oficiais do desemprego explicam muito pouco. É pouco provável que a tal oportunidade profissional seja para todos, especialmente com o apoio do país, sobretudo em certas áreas do saber e do fazer. A retoma económica de que se fala é da reausteridade? Vivíamos todos tão bem que é impensável recuperar essa vida de utopia.
 
Portugal é feito pelos e para os portugueses. E não só… 42 jovens estudantes sírios recebidos na madrugada de um de março em Lisboa é comovente. Mas as disparidades num país em desenvolvimento continuam ao abrigo das novas leis da austeridade e acentuam-se. Calibrar aspirações é ainda uma tarefa de diversão. Há quem diga que é inglória. Penso que passa por priorizar a necessidade do bem comum. Quando um dia o dinheiro milionário não se confundir com o bem-estar e a realização pessoal, talvez seja possível.
 
Não há que fantasiar o percurso profissional aos mais novos. Nem tão pouco destruir os seus projetos. Ensiná-los a calcorrear para encontrar, talvez seja o lema atual. Se lhes andamos a meter na cabeça toda uma esperança vocacional e especializada, é preciso que o país não descure o essencial da sua nação: o futuro. Ou então emigraremos todos um dia para o país da aposentação não remunerada.
 
Os programas de reajustamento menos valorizados da atualidade são a honestidade, a boa gestão de recursos, o diálogo, o sentido do outro…
 
E com isto pouco tempo nos sobra para pensar nos afortunados cidadãos empregados. Sobretudo nos felizardos que trabalham por vocação. O que é que lhes poderá faltar? Só se for aumento no ordenado, o vil metal? …
 
As condições de trabalho são vitais para o sucesso social. E o sucesso de um é o sucesso de todos. Se houver sentido de préstimo, respeito mútuo, toda a comunidade beneficia. É sempre desejável encontrar boas condições na primeira fase da vida, na vida escolar, porque é o caminho mais seguro para conquistar uma sociedade sã e escorreita. Com sentido crítico e apreço pelo espaço individual.
 
As condições de trabalho, na sua dimensão física e logística, são cruciais. Mas a estima mútua é estruturante. Quantas escolas pequenas são verdadeiramente grandes hospitaleiras?
 
Embora pareça de somenos relevância o ambiente humano no trabalho, e que muitos profissionais de boa supervisão procuram gerir de forma exímia e subtil, são-no da responsabilidade de todos, pois é exigível o espírito de equipa no quotidiano de qualquer cidadão. Os mais respeitados devem ser os mais responsabilizados por isso. Devem «hospedar» todos e manter em harmonia o desafio saudável das diversas tarefas diárias conducentes ao sucesso e ao bem-estar dos pequenos e dos grandes grupos. Com séria lealdade e companheirismo.
 
Há escolas assim. 
 


Rosa Duarte - 05-03-2014 09:14

[Setúbal na Rede] - Escolhas hospitaleiras

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