terça-feira, 31 de dezembro de 2013
a batuta do olhar: artigo publicado no jornal «Rosa Maria» da Mourari...
a batuta do olhar: artigo publicado no jornal «Rosa Maria» da Mourari...: Nunca me deixarei apartar do fado (p.5) http://issuu.com/renovaramouraria/docs/jrm06_web_pg2
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
abraços natalícios
Queridos visitantes e amigos,
Desejo-vos nestes momentos festivos boa reflexão e conversa amiga com votos fraternos e pensamentos revigorados. Bom 2014. De coração aberto e mente afiada.
Sempre em melodia poética e sentimentos reinventados.
Abraços natalícios.
Desejo-vos nestes momentos festivos boa reflexão e conversa amiga com votos fraternos e pensamentos revigorados. Bom 2014. De coração aberto e mente afiada.
Sempre em melodia poética e sentimentos reinventados.
Abraços natalícios.
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
crónica de opinião publicada no «Setúbal na Rede»
EDUCAR PARA O TRABALHO
DE EQUIPA
Educar para o trabalho de equipa é um constante desafio. Pois
é sempre possível questionar as melhores estratégias quando da sua aplicação. Há
métodos já testados que seguem o padrão dos comportamentos grupais e que vão dando
resultados. Mas cada grupo é, de facto, único. Um governo, uma equipa de
futebol, uma turma, uma família, uma redação de jornal, uma firma…
Valores vividos e entendidos de forma pessoal, ou ainda por entender,
e que podem ser a força ou a fraqueza de qualquer empresa. Se existir uma séria
vontade coletiva, é uma força. Se houver uma expressão de poder ou de boicote a
sobrepor-se ao diálogo, é inevitável fraqueza. E isto quando não chegam algumas,
quem sabe premeditadas, “insolvências” prematuramente, porque o espírito de
equipa é corroído por negligências ou exclusivismos, e depressa chega aquele
momento em que os (outros) membros ambicionam a sua autossuficiência para
realizarem os seus próprios projetos. O que também faz parte do processo. É
pena é não se evitar o que poderia ser evitado: sucessivos períodos de crise ou
desaguisados. Há os conflitos que podem ser naturais, como quando os filhos se querem
autonomizar, por exemplo; mas há aqueles socialmente depressivos, no seio de uma
classe política ou de um clube desportivo…
Confiamos na nossa natureza gregária, o que é a motivação maior
para nos predispormos para o trabalho de equipa, não obstante sabermos que,
mais cedo ou mais tarde, há um preço individual deduzido, numa qualquer
situação. Por vezes até é diminuto…
Se nos perguntarmos: o que é que fazemos que não é, de todo, trabalho
de equipa? Ou, pelo contrário, o que é que o é, genuinamente? Julgo que ainda
dá que pensar…
Fernando Pessoa, considerado filósofo da humanidade, um dos
génios solitários da cultura portuguesa, não gostava que lhe pegassem no braço,
porque não se achava boa companhia. Ele queria ser sozinho. Tudo indica que a
vida logo de pequeno lho ensinou; daí sentir-se mais seguro na sua solidão e ter
aprendido a tirar partido dela. A sua escrita subscreve-o. Tinha amigos, pelos
vistos não muitos, e não estava de facto isolado do mundo. Mas fez do ato
solitário da escrita o seu principal passaporte de participação social.
Na época deste poeta, na África do Sul do
início do séc. XX onde fez os seus primeiros estudos, não sei que dificuldades ele
representaria como aluno para os seus professores. Parece que também não
gostava muito da atividade física. O certo é que os professores de hoje ainda continuam
a ser confrontados com alunos que preferem desenvolver trabalho individual.
Alguns desses alunos até são de temperamento razoavelmente sociável. Será que equacionarão
as fragilidades das regras instituídas para o trabalho de grupo? Ou será sobretudo
pelas frágeis condutas não regulamentadas, muitas e variadas, que nunca se quer
denunciar porque são tão mesquinhas quanto quem do grupo as ouse denunciar?
Claro que um chefe de Estado não costuma revelar publicamente
as pressões de que é vítima por parte de certos grupos económicos. Um aluno
evita denunciar os abusos de um colega. Um trabalhador procura desembaraçar-se
sozinho das dificuldades que certos colegas seus intencionalmente lhe colocam
no caminho….
E esta é a história da Humanidade. Há quem a conceba como uma
espiral. Outros por ciclos. Dois passos à frente e um atrás. Ou vice-versa. Quem
compare os homens aos caranguejos dentro dum balde: quando um começa a subir há
sempre algum que cuida de o puxar para baixo.
Apesar de tudo, educar continua a significar dar a alguém os
cuidados necessários ao desenvolvimento da sua personalidade e faculdades. O mesmo
é dizer que, se aprendemos uns com os outros, intencionalmente ou não, estamos
numa permanente dádiva mútua de experiências e saberes. Mesmo que os métodos nem
sempre sejam os mais pedagógicos ou legítimos.
Vamos mantendo a predisposição inata para a cooperação. Ao
longo das diferentes eras da nossa existência, alguma educação necessariamente já
adquirimos ao longo da história das civilizações. Mesmo que não seja o espírito
de equipa o forte da raça humana, pode ser que um dia o venha a ser… Pelo menos
tem despertado com vigor em situações extremas.
Entretanto, nós, educadores de profissão, cá vamos humildemente
fazendo também por contribuir para a aprendizagem em grupo, na medida em que
nós mesmos queremos (des)aprender.
Há dias deixou-nos um dos grandes defensores da Causa
Educativa, Nelson Mandela, mas o seu legado continua mais atuante que nunca: “A
educação e o ensino são as armas mais poderosas que podes usar para mudar o
mundo” (inscrição mural no Bairro da Quinta da Fonte, em Loures). Um comovido
agradecimento pelos seus sábios ensinamentos.
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
crónica de opinião publicada no «Setúbal na Rede»
«A EDUCAÇÃO JÁ NÃO É A
MINHA PAIXÃO»
Hoje em dia, as declarações de amor são cada vez mais raras. Chegam
despudoradamente a converter-se em declarações de desamor… É que a educação não
é um investimento imediato. E preciso é arrecadar dinheiro já e agora…
«A austeridade é agora a minha paixão» tresle-se em cada
declaração política na conjuntura atual portuguesa.
Fazem-se declarações de dívidas, sem amor pelo próximo, porque
as palavras amorosas, ainda que retóricas, assustam. Há o medo do fracasso
internacional, mas não há o medo da deslealdade e do abuso, até da parte daqueles
em quem se queria confiar e respeitar. Já se noticia que a austeridade tem as
suas vantagens: mantém as famílias mais unidas, mais em casa, dividindo o pão, o
que resulta em menos divórcios…
Fatidicamente, as belas cartas de amor deixam de ser lidas e
consideradas ridículas: definham de vez no esquecimento e no desprezo. A distração
com as contas bancárias virou costas à paixão pelo bem comum e aos sonhos
partilhados.
A atitude agrava-se quando se trata da suposta proteção à Educação
nacional, materializada por sucessivas declarações de desamor. Gestos e
palavras que têm fragilizado o valor da confiança no futuro da aprendizagem
escolar, cada vez mais preterido a favor dos valores da bolsa e do lucro.
O espectro da velha paixão pelo dinheiro a assombrar a mais
antiga preocupação civil que é a Educação. Consagrada como gratuita e
universal. Ou será que essa preocupação nunca chegou a ser paixão real e correspondida?
Não há seres humanos perfeitos. Em alguns títulos de filmes
ou livros, e pouco mais. É verdade que não há professores perfeitos, nem alunos
perfeitos. Muito menos ministros perfeitos ou sistemas perfeitos.
Mas as Causas podem devolver o norte e a confiança (quando
não são pretextos extremistas ou manobras populistas) e contribuir para o clima
social desejável a todos. Quem não sabe que a educação é o berço cultural e a ferramenta
genuína para a identidade nacional? Mas infelizmente há sempre quem pense que a
sua qualidade de vida é um condomínio fechado, a salvo dos todos os assaltos
monetários, civilizacionais, emocionais…
Agora nem as escolas mais seguras e organizadas conseguem
assegurar a estabilidade da comunidade educativa do ensino público português se
anualmente veem reduzidos os seus direitos e as suas condições de trabalho.
A frase “a Educação é a minha paixão” deixou de ser ridícula:
desgastou-se pelo uso abusivo e, sobretudo, pelas insuficientes dádivas
efetivas na consumação dessa promessa sentimental adiada.
Os conturbados tempos atuais, que exigem uma maior convicção
nos valores educativos, já não conseguem vislumbrar os ténues sinais da velha sensibilidade
saudosista que se dizia protetora do ensino público, retoricamente fundamentada
na democracia e na alma afoita do coração luso. O fado da árdua conquista.
É pena que as ridículas declarações de amor de antigamente se
pareçam hoje com as secas declarações dos divórcios, sem comum acordo, por
traição consumada com os contratos do novo regime jurídico sem restrições para
o ensino privado com o Estado, mortalmente dilacerada pelos cortes sucessivos
nos salários dos funcionários públicos, nos subsídios de alimentação e pelo exponencial
desemprego, quer dos professores, quer dos alunos que se veem desprotegidos e votados
à frustração da precariedade e da emigração.
Não é preciso ser-se filósofo para se pensar que a sociedade deve
ter um sistema educativo justo e responsável. E são urgentes as intenções
pragmáticas que compreendam e respondam às necessidades de todos os jovens e das
suas escolas, com vista a uma ação social saudável e pedagógica de sucesso.
As extemporâneas declarações de amor ridículas, ainda que moribundas,
parecem atingir níveis de ridicularidade ao ponto de haver quem mande condicionar
o trânsito rodoviário e aéreo no período da realização das provas de acesso ao
ensino superior, como aconteceu há dias na Coreia do Sul. Até a bolsa abriu
mais tarde. Decididamente, não reivindicamos tanto….
Laranjeiro, 13 de novembro de 2013
Rosa Maria Duarte
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
2ª versão «À beira do tempo»
À BEIRA DO TEMPO
FADO: Pedro Rodrigues
LETRA: Rosa Maria
À beira do rio da vida
Jovem marujo com tempo
Ei-lo fitando o tormento.
Altas vagas, sofrimento,
Pálido som, despedida,
Carrega no sentimento.
Porque ateimas, meu amigo,
Não arrisques o teu sonho
A tempestade contigo.
A família é o nosso abrigo
O trabalho o nosso ganho
O amor forte postigo.
Ergue-se o mar das redes
O vento engravida o tempo
E chovem tragos de sedes.
Indif’rente ao sofrimento
Beija de sal suas vestes
navega p’ró firmamento.
Olhos se acendem no agoiro
Corpos resistem n’agrura
Remos são cruzes de açoite.
Rez’á sprança, moça afoita,
Grit’ó nome da doçura
E cant’ó fado que cura.
São Martinho, 11 de novembro de 2013
Rosa Maria
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
letra de fado
À
BEIRA DO TEMPO
FADO: Pedro
Rodrigues
LETRA: Rosa
Maria
Gente na
proa do tempo
À beira do
rio da vida
Ei-la
fitando o momento.
Jovem casal consentido
Pálido som,
despedida,
Carregam no
sentimento.
Porque
ateimas, meu amigo,
Não arrisques
o teu sonho
Na tempestade
maruja.
A família é
o nosso berço
O trabalho o
nosso fado
O amor forte
destino.
Ergue-se o mar
p'las redes
O vento engravida
o tempo
E chovem
tragos sem fim.
Indif’rente ao
sofrimento
Beija de sal
quem ficou
navega p'ró firmamento.
Olhos se acendem
na noite
Corpos benzem-se
de lua
Remos são
cruzes de açoite.
Cant’á dor, moça
de luto,
Lev’ó fado da
saudade
Ao novo fruto
de vida.
28 de outubro de 2013
domingo, 20 de outubro de 2013
crónica publicada no «Setúbal na Rede»
PROJETO «JORNALISMO NA ESCOLA»
Na conjuntura atual, em que há demais cursos que não
representam “um bom futuro”, creio que é legítima a pergunta: Será que o
jornalismo continua a ser uma área de interesse escolar para os alunos?
Que o jornalismo continua a ser a atividade especializada de
grande relevo na sociedade moderna nesta era da Comunicação, é inquestionável.
E que as novas ferramentas online têm
engrossado a participação popular, mais ou menos espontânea, de cidadãos de
diferentes idades mais interventivos, também é verdade, nomeadamente através das
redes sociais.
Qual é então atualmente o papel formativo da escola na
educação dos jovens para algum tipo de desempenho jornalístico com vista à sua participação
social?
Não obstante me parecerem poucas as escolas secundárias nacionais
com o curso profissional de Comunicação e Jornalismo, provavelmente (também)
por causa da tal conjuntura do mercado atual de trabalho, muitas continuam
sendo as atividades de jornalismo que as escolas desenvolvem.
Na minha escola, por exemplo, aceitámos, no ano letivo
transato, o desafio de desenvolver algumas atividades no âmbito do projeto
«Jornalismo na Escola» promovido por este jornal online Setúbal na Rede. Os alunos puderam publicar algumas notícias na
respetiva secção. Aproveitámos ainda para assistir e participar em alguns
debates mensais, organizar workshps moderados
pelo presidente da direção deste jornal…
Falar de saudades da antiga composição feita à mão nas
páginas de papel de um jornal, como se fazia tão artesanalmente nas escolas, soa
a um analfabetismo informático indesejável. Apesar do convívio que tal
implicava até às tantas da noite, como aconteceu com os primeiros números do
jornal escolar O Celeiro da ex-escola
secundária Moinho de Maré, é unânime o reconhecimento da qualidade, rapidez e
outras potencialidades dadas pelas novas tecnologias à imprensa escrita. Online e em rede.
Como é hoje feita a aprendizagem curricular e extracurricular
do jornalismo nas escolas secundárias?
Obviamente com o indispensável recurso às novas tecnologias e
aos ainda manuais em livro, no âmbito de programa de Português, das TIC e de
clubes ou projetos escolares. Os jornais em suporte papel, felizmente, ainda
sobrevivem, mas o professor recorre à Internet para mostrar e trabalhar os
conteúdos jornalísticos. Por curiosidade, traz alguns jornais para a sala que,
por vezes, dispersam a atenção dos alunos. Que ainda são consultados com entusiasmo,
é um facto.
Sabemos que a proliferação de meios e cadeias de comunicação massiva
tem, muitas vezes, banalizado ou mesmo desautorizado o princípio da seriedade e
da responsabilização individual e coletiva, o que só poderá ser efetivamente
salvaguardado pelo natural processo educativo desde tenra idade.
Não basta ser-se um hábil utilizador ou técnico exímio das
ferramentas eletrónicas. O seu devido uso implica inevitavelmente o conhecer e
respeitar as regras do bom jornalismo e a ética implícita à privacidade de cada
instituição e de cada indivíduo (nada de escutas, por ex.).
Por isso, a educação escolar para a atividade jornalística,
ainda que possa não ter o estatuto de uma disciplina ou área especializada no
desenho curricular das turmas do básico e secundário, continua a ser (ou a ter
que ser) trabalhada regularmente no espaço escolar pelo seu papel didático insubstituível
na formação das comunidades educativas.
Mesmo que o produto final não se apresente num formato
convencional de jornal ou folha informativa, porque os hábitos de consumo dos
diferentes públicos mudaram, os seus conteúdos jornalísticos poderão, por
exemplo, integrar o corpo central da página eletrónica das escolas, como
contamos venha a acontecer na nossa página da RLG.
O segredo está na vontade leal e no desempenho em equipa.
15 de outubro de 2013
Rosa Duarte
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
terça-feira, 1 de outubro de 2013
a minha escola
Nós Somos o que Escrevemos
No ano letivo de 2012/2013, um grupo de alunos do ensino secundário produziu textos literários individuais, em prosa e poesia, que decidiu reunir numa coletânea eletrónica, no âmbito das atividades do departamento de Línguas. Intitula-se «Nós Somos o que Escrevemos». Pode conhecê-la aqui.
http://es23.ruyluisgomes.org/
No ano letivo de 2012/2013, um grupo de alunos do ensino secundário produziu textos literários individuais, em prosa e poesia, que decidiu reunir numa coletânea eletrónica, no âmbito das atividades do departamento de Línguas. Intitula-se «Nós Somos o que Escrevemos». Pode conhecê-la aqui.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
és o vento da minha vida
Sonho em tronco e raízes
Sonho remexido pelo tempo
Com sinos, anjos e querubins
Infinito éden à minha espera
Cativa enamorada do teu colo
Cosmo tão imenso de vento.
Quando chegas nasce o dia
Tudo em volta é claridade
Contigo sou um feliz arco-íris
Nas pérolas do teu enlaço
Seiva mel de contentamento
Brilho colar do meu viver.
Jatos, asas e pensamentos
Descrevem no céu a geometria
Fresca rosácea do mundo veloz
Ardentes olhares rodopiantes
Revelação de mil sentimentais proezas.
30 de
setembro/2013
Rosa
Maria
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
a ternura
ternas são as coisas belas da vida
que nos afagam as amarguras
do amor tranvestido de egoismos
saltimbancos ditos malabaristas.
ternas são as tuas mãos sonhadoras
que traçam no meu destino breve
delongas conversas de olhar ardente
dilatado pelo meu ventre rimado.
tensas são as tuas veias incontidas
que me amarram a luz do poente
no travesseiro aquecido pela espera
sonâmbula do lúcido adormecer.
tesas são as tuas repetidas vontades
que me norteiam no fado sentido
nas sinuosas calçadas estreitas
mal amadas da alfama sorridente.
tidas são emoções cantadas em verso
que não pedes em gesto agreste
mas desconcertado ciúme disfarçado
oculto nos devaneios intimistas.
adeus
.
vou com o fado.
25 de set/2013
Rosa Maria (a fadista)
que nos afagam as amarguras
do amor tranvestido de egoismos
saltimbancos ditos malabaristas.
ternas são as tuas mãos sonhadoras
que traçam no meu destino breve
delongas conversas de olhar ardente
dilatado pelo meu ventre rimado.
tensas são as tuas veias incontidas
que me amarram a luz do poente
no travesseiro aquecido pela espera
sonâmbula do lúcido adormecer.
tesas são as tuas repetidas vontades
que me norteiam no fado sentido
nas sinuosas calçadas estreitas
mal amadas da alfama sorridente.
tidas são emoções cantadas em verso
que não pedes em gesto agreste
mas desconcertado ciúme disfarçado
oculto nos devaneios intimistas.
adeus
.
vou com o fado.
25 de set/2013
Rosa Maria (a fadista)
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
"give a little respect..."
Crónica de opinião publicada no «Setúbal na Rede»
PROFESSORES ESPANCADOS NO MÉXICO
É uma afronta não apenas para alguns, mas para o mundo
inteiro.
São profissionais que, embora se encontrem geograficamente
afastados, vivem uma realidade comum: a luta pelo direito a uma carreira
docente digna. Como os professores brasileiros.
No cenário das agressões contra os professores mexicanos, na
praça emblemática das contestações, é significativo o apelo de uma mulher
transeunte, em alta voz, que se dirigiu emotivamente aos polícias em ação:
“Protejam-nos dos cartéis das drogas; mas não dos professores”.
Pontapeados no chão, com bastonadas no rosto em sangue, as
imagens são chocantes. Para os removerem daquele local.
Estamos perante uma situação social difícil num país cuja
mentalidade dos seus governantes são o grande entrave ao bom entendimento com
os cidadãos. Que indignam toda a classe docente internacional…
É uma inqualificável falta de educação maltratar os
educadores profissionais que, como quaisquer outros, precisam de ver reforçadas
as suas muitas qualidades que os engrandecem.
Agredir física e psicologicamente professores, mestres dos
nossos pais e dos nossos avós, por ordem expressa, por incrível que pareça, dos
próprios representantes da «ordem» nacional, é fender brutalmente o pilar forte
das sociedades e dos valores que as sustentam.
Não são os professores os pais da educação escolar?
Quem não os respeita, precisa
de ser reeducado com novas estratégias de aprendizagem intensiva, cujas metodologias
pedagógicas próprias devem incluir serviço social e voluntariado. Se a política
é a ciência da governação da coisa pública, implica inevitavelmente bons
princípios de sociabilização que não existem sem o valor do respeito pela
dignidade humana.
Há outas formas de agressão, é certo. Aparentemente menos
tribais ou primárias, porque mais habilidosas. Mas que são também graves. Ao
ponto de pôr em causa a sobrevivência das famílias e do indivíduo. Que é o direito
ao emprego. A exclusão profissional pela recusa ao direito ao trabalho.
Que a nossa população está a envelhecer e que leva à dispensa
do contributo de muitos professores, são fatores em voga. Mas porque é que não se
melhora as condições de trabalho de todos, com uma distribuição laboral menos
castigadora, por forma a favorecer a aprendizagem eficaz dos alunos? Até como
incentivo à família e à taxa de natalidade.
Dizem-nos que estamos encurralados num processo de contenção
de despesas públicas. A soberania da troika. Como as oitava e nona avaliações.
Mas todos sabemos onde está o dinheiro que falta: nas negociatas com fundos
públicos e nas fraudes fiscais.
Quase 18 mil professores não tiveram alternativa e recorreram
aos centros de emprego. Profissionais especializados não aproveitados. Subsídios
que, para muitos, com mais uns trocos corresponderiam aos vencimentos que
auferiam.
Este ano é a segunda classe profissional dos quadros superiores
com maior taxa de desemprego (a primeira é o quadro da Administração Pública).
E atualmente são 6 955 065 os portugueses inscritos no centro
de emprego (números recentes divulgados oficialmente). Afinal, em vez da
apregoada retoma, o desemprego aumentou 3,2% face ao período homólogo.
E estão previstos mais cortes nas pensões dos funcionários
públicos. Houve alguém que perguntou se os cortes previstos também atingiam as dos
ex-ministros…
Vivemos na era da apologia da pobreza e da resignação. Que é
aquilo de que não precisamos para
fortalecermos a vontade de trabalhar e viver com mais qualidade. Sem falsas requalificações.
Pelos vistos, nem todos estão dispostos a abdicar da sua dignidade.
E enfrentam admiravelmente os severos obstáculos. São exemplos de firmeza,
integridade e determinação.
Pequenas grandes lições de verdadeiros protagonistas da
mudança.
O nosso abraço solidário aos professores mexicanos e
brasileiros deste lado ocidental atlântico.
16 de setembro de 2013
Rosa Maria Duarte
terça-feira, 10 de setembro de 2013
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
viajar nas linhas do nosso corpo
sou um espelho de quem me vejo.
sou como quem viaja com andas
empoleirada num corpo solto
médio claro vagão de carne
de vigas firmes articuladas.
sustentar-me-ão bons pensamentos?
algo distante a focagem nas ervas rasteiras
e perto das nuvens solitárias que se desenham
na cúpula esbranquiçada da abóbada
luminosa que acolhe aviões de penas.
há um ser sem cor ou bem pardo
que viaja comigo com linhas meio curvas
deste andar desempenado e ideias redondas
que ora me persegue ora se adianta
na caminhada crespuscular até onde moro.
não me oiço a voar ou em sereno planar
apenas a calcorrear chocalhando massas
e líquidos viscosos que me lubrificam
rente ao verde bordejante do caminho.
vejo em mim um pouco de ave naquele pássaro
qual planalto tibetano onde se despede da frieza
e vai em busca das cores púrpuras exóticas.
vejo alguém maior que me segura a vontade
e anima nas linhas ténues do nosso corpo
nos abraça no além tempo vigente
deixa-me desenhar os traços do meu
encanto e me abre a janela do olhar.
é a melodia vigorosa da eterna criação
humana respiração em gestos borboletados
inventados e amorosamente repetidos.
Rosa Maria Duarte
Aldeia da Justa, 8 de setembro de 2013
sou como quem viaja com andas
empoleirada num corpo solto
médio claro vagão de carne
de vigas firmes articuladas.
sustentar-me-ão bons pensamentos?
algo distante a focagem nas ervas rasteiras
e perto das nuvens solitárias que se desenham
na cúpula esbranquiçada da abóbada
luminosa que acolhe aviões de penas.
há um ser sem cor ou bem pardo
que viaja comigo com linhas meio curvas
deste andar desempenado e ideias redondas
que ora me persegue ora se adianta
na caminhada crespuscular até onde moro.
não me oiço a voar ou em sereno planar
apenas a calcorrear chocalhando massas
e líquidos viscosos que me lubrificam
rente ao verde bordejante do caminho.
vejo em mim um pouco de ave naquele pássaro
qual planalto tibetano onde se despede da frieza
e vai em busca das cores púrpuras exóticas.
vejo alguém maior que me segura a vontade
e anima nas linhas ténues do nosso corpo
nos abraça no além tempo vigente
deixa-me desenhar os traços do meu
encanto e me abre a janela do olhar.
é a melodia vigorosa da eterna criação
humana respiração em gestos borboletados
inventados e amorosamente repetidos.
Rosa Maria Duarte
Aldeia da Justa, 8 de setembro de 2013
domingo, 8 de setembro de 2013
votos de bom regresso
vou ao fundo de um canteiro
e cheiro o poder das raízes
no tronco do meu ser
pequenos grandes bichos
da terra escura sangue
saúdam-me com o mexer
de asas negras corvo
e mostram-me o segredo
húmus dos torrões sementeiros
molhados turbulentos de
tanto viver.
venho de fundo do canteiro
ddoroso centro telúrico do nascimento
ensopada de existência agreste
ocres sonoros rumorejantes
de grandiosas insignificâncias
minúsculas ocultas terrenas
que me soam em melodias
chilreantes agora mais claras
quando me ergo e abro
o peito a cantar o fado
das horas mais próximas
de mais um dia no claroscuro
da vida matizada de
silêncios sinfónicos
do acontecer.
Mais um regresso ao
fundo do ciclo concertino.
Quinta da Atalaia, 7 de setembro/2013
Rosa Maria
e cheiro o poder das raízes
no tronco do meu ser
pequenos grandes bichos
da terra escura sangue
saúdam-me com o mexer
de asas negras corvo
e mostram-me o segredo
húmus dos torrões sementeiros
molhados turbulentos de
tanto viver.
venho de fundo do canteiro
ddoroso centro telúrico do nascimento
ensopada de existência agreste
ocres sonoros rumorejantes
de grandiosas insignificâncias
minúsculas ocultas terrenas
que me soam em melodias
chilreantes agora mais claras
quando me ergo e abro
o peito a cantar o fado
das horas mais próximas
de mais um dia no claroscuro
da vida matizada de
silêncios sinfónicos
do acontecer.
Mais um regresso ao
fundo do ciclo concertino.
Quinta da Atalaia, 7 de setembro/2013
Rosa Maria
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
domingo, 1 de setembro de 2013
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
homenagem a urbano tavares rodrigues
Texto publicado no jornal online Setúbal na Rede
http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=20165
http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=20165
UM EXCELENTE PROFESSOR E ESCRITOR
Ser professor não é apenas um
simples estatuto: é uma condição intrinsecamente existencial.
Quem se torna professor, é-o para
toda a vida. Mesmo depois de aposentado e dispensado do cumprimento do horário
diário de mais de 35/40 horas semanais. Pura e simplesmente não as contabiliza.
Gosta de ensinar e de aprender. A tempo inteiro. Até morrer. É um trabalho discreto,
mas grandioso pela semente que deixa e pelo exemplo que inevitavelmente perdura.
E há excelentes professores.
Urbano Tavares Rodrigues foi um deles. Que nunca se confinou ao espaço da sala
de aula. Como qualquer assumido professor.
E para aqueles que, como eu, não
estavam em Lisboa nos dias 9 e 10 de agosto, e não puderam participar na última
homenagem a este estimado professor e escritor, as desculpas e os pêsames
devidos, a toda a família e em particular à sua filha Isabel. Pudemos, ainda
assim, comprazer-nos com as inúmeras notícias dos seus muitos amigos que
somaram e continuam a reforçar um interminável adeus deveras sentido e
merecido. Um adeus até sempre.
Não obstante ter sido este dia o
derradeiro encontro com o notável homem de Causas, que Urbano foi, a verdade é
que quem pôde fez destes últimos meses o tempo de qualidade de encontro e despedida
com a sua pessoa e também de conversa privilegiada sobre a sua obra.
Na qualidade de ex-aluna da FLL e
atual professora, é com muito orgulho que penso no trabalho responsável e
dedicado dos profissionais do ensino, quantos formados nas aulas do Professor
Urbano Tavares Rodrigues.
Por mais exigente e insaciável
que o dia-a-dia se afigure a qualquer educador, e o faça por vezes duvidar das
suas reais aptidões, esta é uma inquestionável atividade apaixonante, para quem
naturalmente por ela sente vocação, e que proporciona o desenvolvimento do
espírito humanista, nas suas múltiplas vivências, desafia para as linguagens
artísticas e desperta a séria consciência social.
Foi mais ou menos assim o testemunho
pessoal que tive do Professor Tavares Rodrigues. A título de o entrevistar, em
abril deste ano, para o meu trabalho final de investigação, pude, desse modo,
conhecer um pouco melhor o Urbano dos nossos dias. E percebi que ao longo da
sua vida bem preenchida, a tarefa por excelência de entre as tantas a que se
dedicara, fora a de professor. Disse-o com vontade espontânea e uma comoção
desvelada.
Aquela entrevista foi, para mim,
mais do que uma boa entrevista: foi um excelente testemunho de vida. E aos 89
anos demonstrou a sua lucidez e memória invejáveis, uma eloquência sobejamente
exercitada e a mesma amizade sem reservas. Conversámos durante uma hora…e ainda
me apresentou alguns quadros e fotos de família.
Foi uma vida oferecida ao ensino
público, com contributos de grande valor, uma participação cívica e política
sempre ativas e sempre pronto a partilhar as suas vivências pelo diálogo, pela
escrita, pela pintura, pela poesia, na observação jornalística e literária da
sociedade portuguesa e do mundo atual. Mesmo com as suas capacidades físicas
debilitadas, ciente da ferocidade d’ A
Imensa Boca dessa Angústia que conta no último livro publicado em vida, a
bandeira desfraldada foi a mesma: a da beleza de respirar cada momento.
Num misto de insatisfação e de comprazimento,
o professor agradeceu cada experiência, tentou acompanhar o seu tempo no
progresso e avanços das novas tecnologias, mas nunca dispensou o olhar ao vivo
e o calor humano da voz genuína do sentimento.
Claro que falámos da conjuntura
atual, evitando saudosismos. Afinal, a liberdade não tem amarras no tempo, nem prazos
de validade. E também das mentalidades, no seu melhor e no seu pior… dos
professores que continuam a sua diáspora pelo árduo espaço de reconhecimento.
Um exemplo de um excelente professor
e escritor: Urbano Tavares Rodrigues.
Um espelho de gentileza e de
afirmação longeva nos diferentes compassos que uma intensa vida exige.
Lisboa, 11 de agosto de 2013
Rosa Duarte
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
domingo, 4 de agosto de 2013
Boas férias, se for o caso.
Meus
queridos visitantes,
Obrigado pela vossa presença virtual ao longo destes meses
por tão modesto refúgio de ideias e sentimentos.
Quero desejar-vos bom descanso estival. Boas contemplações
marítimas ou serranas. De extensas planícies alentejanas. Ou veraneios
citadinos, de boa comida e frescas esplanadas.
Deem bons mergulhos. Façam boas leituras. Desenvolvam melhores
conversas. Com muita poesia e alguma música.
E não se esqueçam: ouçam e cantem um fadinho de vez em quando!
Grande abraço solarengo.
Rosa Maria (a fadista)
4 de agosto/2013
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