O pintor finaliza o trabalho.

 Explicar? O quê?

Cada olhar é um olhar novo.

Há sempre algo ou alguém que inspira quem cria, in ou out.

Qual a ideia do autor? Pode ser apenas proporcionar leituras...

Os livros de céu aberto no quotidiano tão humano quanto sensorial e plástico...simbólico...emotivo...afetivo...quase onírico.

Pintar
Rosa Maria Duarte
Óleo s/tela
50x70

A anedota da Anne Bota

- Neste dia de reflexão, e como velhos compadres, já decidiu em que partido vai votar?

- Claro, compadre. Ê cá nã sô de secretismos. A minha senhôra vai votar nos verdes porque a nossa terra está muito seca...

- E vomecemessê?

- Ê cá vou votari nos amarelos.

- Nos amarelos?

- Sim senhori. Nã quero o mundo destruido, pois então! Antes amarelo que em carvão.

A anedota da Anne Bota

(Entre alunos num departamento académico)

- Já viste estas cenas?! Deixam-me um bocado contrariado! Lá tenho que levar uma beca...

- Uma beca de quê?

- Uma beca chateado!

- Mas estás uma beca chateado porquê?

- Ah!! Estou uma beca chateado porque tenho que levar uma beca.

- Uma beca beca? 

- Uma beca beca.

- Quando?

- Na cena da formatura académica, pois...

- 😒

A anedota da Anne Bota

(A certa altura)

- Estou com vontade de comprar uma casaca para este outono.

- Tens bom remédio! Hoje em dia há para aí coisas giras em conta.

- No comércio local? Sabes que faço sempre por ir às lojas da zona.

- A sério?? Continuas a chata que não vira casacas...

O nosso alentejo.

A lua equilibrista.

À distância de um clique.

Vivemos tão próximos e tão afastados.

Somos vizinhos algo estranhos uns dos outros.

Conhecemo-nos de onde, senhorita Vivan?

Minha gémea não é porque não me lembro

de a ver no mesmo ventre dilatado a respirar.

Somos talvez torres gémeas que se admiram

e nunca se tocam. Sentem-se e não se beijam.


Um dia basta e a distância será encurtada.

O corpo será descartado e conceberá um novo

Não à distância de um clique num ecrã qualquer

mas num universo onde os nossos rostos

não serão iguais dentro do mesmo rosto divino

sem braços sem pernas sem olhar inquiridor

intensa luz de um arco-íris que de um desejo

de ser imortal quererá autêntico. Seremos o nosso deus.


Rosa Maria Duarte

A anedota da Anne Bota

- Qual é o teu maior sonho? - pergunta-lhe o amigo.

- O meu maior sonho é comer o maior gelado do mundo - responde. - E tu?

- O meu sonho era viver num quarto virado para o Jardim Zoológico.

- Está visto que gostas muito de animais.

- Não é por isso. É para a vizinhança não perceber que o meu pai ressona...

Há perspetivas em nós que são interditas?

Porquê? São feias? São indecentes? Não nos identificam? Não somos nós?

Se deixarmos publicar uma imagem nossa não bonita, não reconhecível, somos parvos (estúpidos, idiotas, whatever...)?

Uma flor de cor de que sei de cor para ti.

Um céu riscado a giz pela mão apressada do Homem-Pássaro.

A anedota da Anne Bota

- Amigo, vamos comer à fast food?

- É pá, eu queria um sítio mais relaxado...

- Compreendo...estás habituado à tua casa.

A arte é como um voo, um pássaro que observa.

Entre a calma e a alegria dos caloiros em Almada