domingo, 24 de setembro de 2017

À distância de um clique.

Vivemos tão próximos e tão afastados.

Somos vizinhos algo estranhos uns dos outros.

Conhecemo-nos de onde, senhorita Vivan?

Minha gémea não é porque não me lembro

de a ver no mesmo ventre dilatado a respirar.

Somos talvez torres gémeas que se admiram

e nunca se tocam. Sentem-se e não se beijam.


Um dia basta e a distância será encurtada.

O corpo será descartado e conceberá um novo

Não à distância de um clique num ecrã qualquer

mas num universo onde os nossos rostos

não serão iguais dentro do mesmo rosto divino

sem braços sem pernas sem olhar inquiridor

intensa luz de um arco-íris que de um desejo

de ser imortal quererá autêntico. Seremos o nosso deus.


Rosa Maria Duarte




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