sábado, 2 de setembro de 2017

Nascemos e morremos sozinhos.

Nasci assim sozinha sem muita vontade de chorar.
Estava bem por existir e querer conhecer o mundo.
Era o ventre da minha mãe uma casa bem quentinha.
Os meus pais e meus irmãos uma séria casa de família.
Fiz um e mais outro chichi na minha simples caminha.
Os papéis e os lápis foram eleitos ocupações divinas.
A rua das Fontainhas, palco de muitas brincadeiras.
A escola e algumas colegas minhas novas companhias.
O curso de datilografia uma oferta e vontade minha.
O trabalho de dia e escola à noite um jeito de ajudar.
Namorar e talvez casar para uma bonita família formar.
Ensinar para aprender uma escolha vocacional infinda.
Alta missão-maternidade: um sonho com intenção linda
de devolver ao milagre da existência a criação em linha. 
Escrever, pintar, cantar, paixões com larga devoção sofrida.

Viver para contar-la, o incontável de um coração a bater
entre vontades e metades de entusiasmos e de cansaços.
Viver o vivível de um ser sensato que procura no seu interior
o está dentro e fora de si para aprender e crescer e morrer.

Medo humano. Nascer e morrer apenas com a visita da sorte.
E vai-se sem ficar ao nosso lado. Nascer e morrer só consigo.


Rosa Maria Duarte





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