sexta-feira, 30 de julho de 2021

Fastread poetry

 Todos pisamos o mesmo chão de pedra terra serra e embarcação.

Nascidos à beira-corpo ligados à máquina do tempo queremos ver

caras ser corações casas e palavrões poesia e rebeldia sentir a ler

cada pele a geografia encrostada superfície oculta de cada passo.


quinta-feira, 29 de julho de 2021

Pensamento do dia

 Se erguemos muros ou paredes para nossa proteção, também os sabemos derrubar para nossa libertação.



quarta-feira, 28 de julho de 2021

A anedota da Anne Bota

 - Ó compadre, é mesmo verdade que vão aliviar as restrições?

- Éi, compadre!

- Até que enfim que já me posso juntar às minhas ovelhinhas...

- São muitas! Só no exterior, compadre.





terça-feira, 27 de julho de 2021

Fastread poetry

 Deixámos o portão entreaberto para as nuvens subirem mais alto

podem entrar se quiserem mesmo que queiram chover azul e rosa

inscrevem-se é tempo incerto de um sentimento pintor a realidade 

conversar com a luz que se deixa encantar pela água do seu olhar.

 



domingo, 25 de julho de 2021

Pensamento do dia

 Muitas vezes as diferenças acentuam-se, os defeitos atrapalham, os desequilíbrios desafiam a realidade dinâmica da natureza humana e quaisquer outras formas de vida do ecossistema, mas a vontade e a confiança coletiva é a consciência suprema de ser e fazer melhor.


sexta-feira, 23 de julho de 2021

Fastread poetry

 És uma porta lixada à espera de ser pintada pelas cores do alentejo.

És rua desabitada à coca de vizinhança que venha contar novidades.

És uma tábua esquecida junto àquele contentor aberto e deslocado.

És uma criança perdida junto à beira da estrada a olhar os gatinhos.

És a planície trigueira com muito céu e chaparros a arejar os olhares.


quinta-feira, 22 de julho de 2021

A anedota da Anne Bota

 - Que raio... O que é que fazem aí no cimo dum muro, belas sardinheiras?

- Estamos a fugir à poluição que trepa até às nossas varandas lisboetas.

- O sol alentejano é amigo. Venham daí, meninas, dar um giro.

 - Ai, ai! E se ficamos tontas e encandeadas com tanto calor? Que giraço, sô girassol!



terça-feira, 20 de julho de 2021

sexta-feira, 16 de julho de 2021

- Anda, compañero de mi vida, vamos ser um pouco melhor cada dia. :)

 



Carta a um/a desconhecido/a

 Olá.

Desculpe a ousadia, mas resolvi aceder a este simples ato social, tão em desuso nas atuais urbes. Uma saudação espontânea, casual e cordial.

 Não o/a conheço, mas achei que gostaria de uma palavra amiga...dizem que todos gostamos de um pequeno gesto amigo.

Donde nos conhecemos? Nem será preciso... É apenas para não pensar que sou mal-educada, que passei por aqui e tive medo de um ser humano a passar à mesma hora, no mesmo suporte digital. Nos tempos que correm...

Sim. Estamos a muito mais do que um metro e meio de distância. Não há risco de contágio. Nem precisa de gostar ou comentar estas fotografias do sítio onde me encontro. Onde fica? Nas margens do rio Tejo, onde vejo que se senta e talvez pense:

- Às vezes há mais humanidade no silêncio e no sentimento discreto do que nas aparências sociais ruidosas e fáceis.

E vejo que não se importaria de passar a contemplar demoradamente as águas calmas deste afluente do rio, sem medo da solidão.





quinta-feira, 15 de julho de 2021

A anedota da Anne Bota

 - Então, pai, quer dizer que na vida temos que estar sempre atentos...

- Sempre. Até a dormir. Não há férias para a atenção.

- Ou seja: nem para a desinfeção, higienização, alimentação, qualquer boa ação... 

- Nem para esta conversação que espero que seja mais que uma espécie de declaração de boa intenção...


quarta-feira, 14 de julho de 2021

Fastread poetry

 As ruas iluminadas pelos altos candeeiros são sombras

de jardins à procura de vida nos olhares dos transeuntes

deleitados a mastigar saladas e sardinhas e ouvir fados.


                            A noite bairrista/Rosa Maria Duarte/Óleo s/platex/1 mx20cm



terça-feira, 13 de julho de 2021

domingo, 11 de julho de 2021

Às vezes, perguntam-me: qual é a tua técnica quando pintas?

 Saber ensinar, requer preparação (eu que o diga!). 

Há muito de espontâneo naquilo que pinto. Gosto de experimentar. De deixar fluir a minha vontade e o estado de espírito no momento. Há sempre qualquer ignição/inspiração que foi acionada por algo, dentro e/ou fora de mim. 

Claro que a pintura, que é muitas vezes figurativa, precisa de escola. De desenho e cor. Eu tive alguma... Não como seria o ideal... Mas o que conta é o nosso trabalho e motivação.

Há também uma sensibilidade artística que pode ser exponencial no uso de várias linguagens como a escrita, a música, a pintura, a dança, o canto, a fotografia...

Contudo, quem sente aquele apelo e decide pintar, o que deve fazer? (também há quem prefira construir com materiais diversos...)

Deve pintar. Procurar conhecer mais, sim, sobre como olhar, como desenhar, como usar os materiais, mas pintar. Pintar. Pintar.

É como escrever. Procurar ler muito e boas leituras. Mas escrever, escrever, escrever.

Focados no ato em si.

Viver o presente é bom. Como olhar tranquilamente um monte alentejano, sentindo a aragem luminosa, quente e perfumada dos chaparros e das ervas secas, por exemplo. Ou reparar num objeto que vamos oferecer e nos desperta no momento.

Viver o hoje é partilhá-lo.

Amanhã é outro dia.



                                    Chaparros/Rosa Maria Duarte/Óleo s/tela/40x50