terça-feira, 30 de abril de 2019

Queres pensar comigo XLVII


- Viva! Tomas café?

- Bebo água. Em garrafa de vidro, de preferência.

- Isto dos plásticos é uma grande luta.

- Se queremos sobreviver, tem que ser. As opções na vida são sempre dilemas, por isso são atos de coragem.

- Será porque a felicidade é algo platónico?

- Sermos felizes é possível, mas implica uma caminhada. Crescemos com momentos de felicidade que existem, sem dúvida. Contudo, a compaixão e a procura mexem connosco.

- Como achas então que posso expandir a minha consciência?

- A viver um minuto de cada vez, a compreender o presente. A serenar os pensamentos e aproveitar as pequenas grandes coisas da vida. Como olhar a beleza de uma flor. Sabendo que o ontem e o amanhã é um só. E se cada vez que te fores dispensando mais da aprovação dos outros para te sentires validado, é porque já te vês ligado ao mundo que te rodeia. E darás, sentindo que recebes ainda mais.


Há muitas maneiras de oferecer uma flor...


segunda-feira, 29 de abril de 2019

Pensamento da tarde

O que diz aqui? Que há um sofisticado monitor cheio de mapas no nosso cérebro e um piloto automático cheio de vida no nosso coração. 

A anedota da Anne Bota

- Peter, acho que o sistema foi abaixo.
- What? The system of a down?
- Calma. Ainda temos o fado.
- Is it anti-system?
- Mais pró-saudade...

Olhó bom fado!
Rosa Maria Duarte
Óleo s/tela
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domingo, 28 de abril de 2019

Pensamento da tarde


Há um veludo macio e fresco no intervalo de cada pensamento que é o não-pensamento ou a voz do silêncio.


  


A anedota da Anne Bota

- Oi pessoal. Já compraram o bilhete?
- Qual bilhete?
- O bilhete para o festival de música.
- Eu já.
- Eu também.
- Não o percam.
- Não. E já para hoje. Shakespeare.

sábado, 27 de abril de 2019

Fastread poetry

Ouve, se queres caminhar leve descalço
leva o amor ao peito o cesto à cabeceira
olha a luz do candeeiro está a fraquejar
e a mortalidade com i não bate à porta.


Qual é o teu fado nesta vida?




Que fado, este!
Rosa Maria Duarte
Óleo s/tela
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sexta-feira, 26 de abril de 2019

A anedota da Anne Bota

- Mãezinha, tens alguma roca para fiar linho?
- Ó querida, eu não me importava de ter, mas é peça de museu.
- Quer dizer que é do tempo dos reis?
- Sim, há no museu de arte popular porque quem fiava o linho eram as pessoas do povo.
- Oh, então eu não posso aprender!
- Porquê, filha?
- Porque eu sou a tua princesa. E sou bela, não sou, mamã?
- Bela, mas não adormecida.


Que as Histórias de amor unam os povos.




quarta-feira, 24 de abril de 2019

O 25 de abril



- Meus senhores, minhas senhoras, confrontamo-nos hoje com um novo programa de estabilidade...que prepara o país para o futuro!
Dizem-nos. Uma boa reforma é sempre bem-vinda. Será que os jovens já não precisam de emigrar?
Atingimos, mesmo, o nível mais baixo de desigualdade de sempre?
Os governantes é que governam para o povo. Que é quem mais ordena... O povo que está no topo dos seus objetivos. Programas políticos e a sua concretização: o tal exercício de competência, honestidade e de memória coletiva.
Apesar de termos uma economia mais exposta ao exterior, perspetiva-se um plano de convergência...
O programa de estabilidade...que esperamos sempre com boas notícias.
Um programa que se confronta com grande rigor com a realidade. Será que, mesmo, com consciência dos erros cometidos no passado?
O que nós queremos, todos?
Um futuro mais confiante e mais sustentável, pois.
E nem todos somos deputados. Felizmente... Mas sabemos o que queremos. É o bem comum. Com equidade. Não é assim?
O que é o 25 de abril? É a governação com respeito por todos. E não esquecendo quem ainda não nasceu e, diga-se, queremos que nasça e que seja para ser gente de valores e boa instrução.
É que a verdade é em si um indicador economicamente de bons valores humanos e a base de uma boa Constituição democrática.
E qual é o défice atual?
Dentro e fora do país? Convenhamos que estamos na Europa e no mundo.
Mas o mundo está todo em défice... Hã? Pois...Ainda há sofrimento, violência e injustiças. A responsabilidade democrática é de quem?
É de todos.
Porquê?
É certo que nem todos governamos nações (ainda que governemos, esperando que bem, a nossa casa/a nossa vida). Mas todos (quase todos...) elegemos. Escolhemos governantes.
Não há escolhas garantidas. Errar é humano. E temos que aprender com os erros.
O problema é que levamos tempo a aprender.
E dá trabalho ouvir, observar, vivenciar, pensar. Intervir. E decidir. Sem demissões.
Mas esta é a grande conquista do 25 de abril: Poder participar. Com uma palavrinha, nem que seja.
Dar sinal de vida. Abrir a pestana. Sem pruridos. Sem medo de incomodar. Pensando nas futuras gerações.
Metas irrealistas? Bastam as realistas. O que é preciso é chegar à meta. Não morrer na praia. Levantar âncoras.
Bom 25 de abril.

Rosa Maria Duarte
 
 
 
 
 
«Uma gaivota voava, voava…»
Rosa Maria Duarte
Óleo s/tela
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Fastread poetry

Sim, repara bem, não te passes dos carris
porque a revolução começa no teu coração.

Será que tens algum cravo entre os dedos?
Não vás cortá-lo. Ergue-o também no Carmo.


No dia 25 de abril de 1974, eu tinha dez anos. Era uma miúda magra de cabelo claro que brincava na rua e ouvia a música proibida. Hoje, o brilho do meu, do nosso olhar é ainda o mesmo, de miúdos que ainda acreditam no 25 abril.



segunda-feira, 22 de abril de 2019

A anedota da Anne Bota

- Ó mãe-Terra, quem é que vive aí no teu centro?
- Qual centro? No meu interior?
- Sim, no teu interior terrestre.
- É a minha rica sogra.
- Hã? Passa a vida aí?
- E de vez em quando deita a língua de fora.

Bom dia, Terra.


sábado, 20 de abril de 2019

Fastread poetry

Para onde estás a caminhar?
Sabes que podes estar sentado
à espera de algo ou de alguém
de ti próprio que chegues a horas
de te olhares de baixo a cima
de cima a baixo de dentro
para fora ou vice-versa
e de te encontrares, enfim. 

Aproveitámos um breve sorriso do sol no horizonte.






sexta-feira, 19 de abril de 2019

A anedota da Anne Bota

- Ó vizinho, desculpe a minha curiosidade, mas como é que sabe que é para apanhar a caca do seu cão?
- Bem...apesar de ser cego, tenho bom olfato. E depois conheço os movimentos e os horários intestinais do meu cão.
- Admirável.!Há quem veja e não apanhe… Haviam de inventar um cagatório municipal para animais, não acha?
- Se calhar...mas as minhas preocupações são ainda tantas com a segurança rodoviária…
- Ai acredito! Ia adiantar alguma?
- Olhe, por exemplo, essa de fazer malabarismos numa trotinete qualquer quando vou a caminhar na via pública!

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Fastread poetry

Pi pi pi pi pó pó pó pi pi
mas que grande confusão
de carros motos e camiões
donde vem este ruido e cheiro
neste lado colorido e romântico
não vês nada? eu só beleza e luz
Pi pi pi pi pó pó pi pi pi
mas que tráfego em todo o lado
vem da gasolineira mais próxima
será que vale a pena apitar? é greve
e mais congestionamento nas vias
vou aproveitar e ponho gasolina
sabem daqui a quanto tempo...?
ninguém faz a mais pálida ideia.
 



A anedota da Anne Bota


- Já abasteceste o depósito?
- Já comi ali qualquer coisa, sim.
- Eu refiro-me ao carro, meu.
- Nem me digas nada!!
- Então?
- Como já tinha conseguido atestar o depósito, um amigo ontem não descansou enquanto eu não lhe vendi o carro.
- Bolas! Então e agora?
- Vou deixar o ginásio e começar a ir a pé para o emprego.
- Então porque é que não aproveitas as facilidades do novo passe, pá?
- Olha… Será que o governo já sabia da greve…?