sexta-feira, 5 de abril de 2019

«Fronteiras»

Fronteiras

Vivemos rodeados de fronteiras. Quantas fronteiras? Imensas. Sim, também do pensamento. E de cada opinião...
Fronteiras como limites ou muros que o Homem ergue voluntária ou involuntariamente fora e dentro de si.
O nosso corpo é uma fronteira inevitável. Mas cujos braços e pernas podem formar pontes e caminhos.
A educação, em regra, propõe fronteiras para o pensamento e para o comportamento humanos. Fronteiras culturais, sociais, ideológicas.
Mas a educação quando é boa propõe também um espaço de liberdade para cada indivíduo e para cada comunidade estabelecerem as suas próprias fronteiras e, sobretudo, estradas e pontes de diálogo.
Fala-se muito em fronteiras territoriais que estão na base da formação das nações. A História e a Política têm ditado as suas linhas, quantas vezes polémicas e dolorosas...
Mas há fronteiras em que o Homem não consegue erguer muros físicos. O mar não quer fronteiras. A fé não tem fronteiras. O clima não se compadece com fronteiras. A ajuda não tem fronteiras. A dor e a alegria são sem fronteiras. A poluição é transfronteiriça.
O planeta Terra é a grande fronteira. O seu corpo desenha continentes, mas é um todo para todos os que o habitam.
Então as fronteiras do planeta Terra são o mar e a terra, não decididas apenas pela vontade humana. É que a natureza reescreve as nossas decisões a cada momento. Tem sempre a última palavra.
Com fronteiras de orgulho e de soberba, continuamos a comprometer a nação planetária. Quanto tempo temos?
Os lixos não encontram fronteiras no mar. As bactérias e os vírus no ar. Os quatro elementos naturais têm-se pronunciado, cada um à sua maneira, sobre o efeito nefasto da ação do Homem. E neste planeta, pelos vistos, só há paraísos fiscais e pouco mais.
Alguns de nós estão adormecidos para estes (e outros) problemas. Uns quantos distraídos. Os demais conscientes com o muito que ainda há por fazer.
Serão as alterações climáticas, de facto, um problema urgente de todos e para todos?
Se continuarmos a priorizar as fronteiras e territórios humanos como forma de poder e de riqueza, como tem acontecido desde a génese do Homem, os nossos erros erradicarão não apenas as grandes civilizações. Dizimarão, como a ciência tem vaticinado, o gigante habitáculo coletivo cujos recursos têm rendido milagrosamente.
E parece que só há duas maneiras de viver esta vida plantária (segundo o nosso génio moderno da ciência, Einstein): viver como se nada fosse um milagre ou, pelo contrário, viver como se tudo fosse um milagre.
E, digam lá, se cada nascimento, em terra ou no mar, não é um verdadeiro milagre?

Rosa Maria Duarte










Sem comentários:

Enviar um comentário