PROJETO «JORNALISMO NA ESCOLA»
Na conjuntura atual, em que há demais cursos que não
representam “um bom futuro”, creio que é legítima a pergunta: Será que o
jornalismo continua a ser uma área de interesse escolar para os alunos?
Que o jornalismo continua a ser a atividade especializada de
grande relevo na sociedade moderna nesta era da Comunicação, é inquestionável.
E que as novas ferramentas online têm
engrossado a participação popular, mais ou menos espontânea, de cidadãos de
diferentes idades mais interventivos, também é verdade, nomeadamente através das
redes sociais.
Qual é então atualmente o papel formativo da escola na
educação dos jovens para algum tipo de desempenho jornalístico com vista à sua participação
social?
Não obstante me parecerem poucas as escolas secundárias nacionais
com o curso profissional de Comunicação e Jornalismo, provavelmente (também)
por causa da tal conjuntura do mercado atual de trabalho, muitas continuam
sendo as atividades de jornalismo que as escolas desenvolvem.
Na minha escola, por exemplo, aceitámos, no ano letivo
transato, o desafio de desenvolver algumas atividades no âmbito do projeto
«Jornalismo na Escola» promovido por este jornal online Setúbal na Rede. Os alunos puderam publicar algumas notícias na
respetiva secção. Aproveitámos ainda para assistir e participar em alguns
debates mensais, organizar workshps moderados
pelo presidente da direção deste jornal…
Falar de saudades da antiga composição feita à mão nas
páginas de papel de um jornal, como se fazia tão artesanalmente nas escolas, soa
a um analfabetismo informático indesejável. Apesar do convívio que tal
implicava até às tantas da noite, como aconteceu com os primeiros números do
jornal escolar O Celeiro da ex-escola
secundária Moinho de Maré, é unânime o reconhecimento da qualidade, rapidez e
outras potencialidades dadas pelas novas tecnologias à imprensa escrita. Online e em rede.
Como é hoje feita a aprendizagem curricular e extracurricular
do jornalismo nas escolas secundárias?
Obviamente com o indispensável recurso às novas tecnologias e
aos ainda manuais em livro, no âmbito de programa de Português, das TIC e de
clubes ou projetos escolares. Os jornais em suporte papel, felizmente, ainda
sobrevivem, mas o professor recorre à Internet para mostrar e trabalhar os
conteúdos jornalísticos. Por curiosidade, traz alguns jornais para a sala que,
por vezes, dispersam a atenção dos alunos. Que ainda são consultados com entusiasmo,
é um facto.
Sabemos que a proliferação de meios e cadeias de comunicação massiva
tem, muitas vezes, banalizado ou mesmo desautorizado o princípio da seriedade e
da responsabilização individual e coletiva, o que só poderá ser efetivamente
salvaguardado pelo natural processo educativo desde tenra idade.
Não basta ser-se um hábil utilizador ou técnico exímio das
ferramentas eletrónicas. O seu devido uso implica inevitavelmente o conhecer e
respeitar as regras do bom jornalismo e a ética implícita à privacidade de cada
instituição e de cada indivíduo (nada de escutas, por ex.).
Por isso, a educação escolar para a atividade jornalística,
ainda que possa não ter o estatuto de uma disciplina ou área especializada no
desenho curricular das turmas do básico e secundário, continua a ser (ou a ter
que ser) trabalhada regularmente no espaço escolar pelo seu papel didático insubstituível
na formação das comunidades educativas.
Mesmo que o produto final não se apresente num formato
convencional de jornal ou folha informativa, porque os hábitos de consumo dos
diferentes públicos mudaram, os seus conteúdos jornalísticos poderão, por
exemplo, integrar o corpo central da página eletrónica das escolas, como
contamos venha a acontecer na nossa página da RLG.
O segredo está na vontade leal e no desempenho em equipa.
15 de outubro de 2013
Rosa Duarte
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