sábado, 28 de julho de 2012

os nossos queridos pirilampos


O pirilampo



frequento a escola mágica da vida, maciça como um pão escuro de farelo.

vislumbro na mala o perfume azul do tempo e o incenso libélula do sentimento.

a pasta do meu futuro incerto abre-se à espera de uma palavra que passe.

quero pensar sobre o presente.

aceno-lhe. olhamo-nos. sorrimo-nos.

ainda é cedo. tenho que esvaziar o pensamento. limpo-me de ideias franzinas.

quem quer fazer-me a cabeça? a minha funciona, quero ser eu a fazê-la.

quanto tempo? uma vida?

oiço-me escorrer. regurgitar talvez saliva. o pão, esse, saltou à boca do estômago.

não ouço, sinto chover em mim. estou a borbulhar. penso no acontecer. com a cabeça. não sei o que sinto. fome? não interessa. arrumo num alguidar as recordações. como crescem! cheira a éter. e a presenças perdidas no tempo.

- Ruizinho, Ruizinho, muitos olhinhos, ouviste? quando Eu passar, ficarei um pouco mais. só para te ajudar. não tenhas medo. eles são uns medricas. fica. verás que o que há

mais por aí é gente esquecida. e isto é tudo muito mais simples do que pensas. só as palavras vividas podem ter sentido,

mas aos poucochinhos. porque os cegos são os que veem. os mudos são os que falam. os malucos são os ilibados. histórias. quase biografias. páginas em branco palradoras.

são as metáforas do silêncio. as parábolas das ausências. histórias desencantadas para aliviar.

viver é saber contar.

é tudo tão único! Tu és único. o medo é não saber contar. e querer juntar. multiplicar. os dividendos. o pavor de dividir. somos pirilampos sem luz. fundidos. fodidos. magoados na alma. pouco def…defendidos.

volto para casa, mas não tenhas medo.

todos os dias velarei por ti. o meu amor é um escudo. o óbolo do meu dracma. serás precioso menino. firme

olhando cada brilho intenso da lua                      a seres maior do que a gente

maior do que o sol poente que te viu nascer. cheiras a luz sininho. vou acender-te antes de partir.


Homenagem às Cercis     
  Rosa Duarte (7/maio/2012)

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