SEM PROJETOS NINGUÉM
VIVE
Estamos feitos
quando começamos a rememorar. Vai daí, elegemos os livros da nossa vida. Os
filmes da nossa vida. As músicas da nossa vida. Os amores da nossa vida. As
amizades da nossa vida. As viagens da nossa vida. Os lugares da nossa vida. As
escolas da nossa vida. Os profs da nossa vida. Os projetos da nossa vida ou,
inversamente, as surpresas inesquecíveis. Momentos já vividos. E os projetos
não envelhecidos. Alguns recriados ou procriativos.
Viver sem projetos?…
Há os partilhados, os confessados, os inconfessados, os adiados, os reprimidos,
os institucionalizados, os refundidos… O iogue quer atingir a libertação final
ou o nirvana e ficar emancipado das leis da natureza e do poder do perecível. E
então entrar em estado de êxtase. O sem-abrigo aparenta uma atitude sem
objetivos, mas procura o seu espaço no banco do jardim ou numa esquina de rua e
protege os seus pertences: um jornal velho para fazer de manta, uma garrafa de
plástico com vinho tinto meio azedo e demais desperdícios. S. Francisco de
Assis escolheu a pobreza extrema e o amor incondicional ao outro. Humilde
projeto convertido numa causa humanitária sem precedentes. Ainda hoje, no dia 4
de setembro, dia de S. Francisco de Assis, se celebra o dia dos direitos dos
animais, consagrados na declaração universal dos direitos dos animais,
proclamados em assembleia da Unesco, em Bruxelas, em 1978; ponto dois do artigo
2º: “O homem, como espécie animal, não
pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o
dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais.” Tem-se visto
nos sites sobre experiências com
animais…
Ou seja, projetos
individuais que são inevitáveis atos coletivos. E projetos comunitários que só
o são se preservarem a liberdade do indivíduo. Qualquer repercussão é ampliada se
as razões forem abraçadas pela vontade. Resta perceber se são razões concertadas
ou individualistas. Se são solitárias, porém cooperativas. Temos, como exemplo,
o nobre ofício do escritor, solitário e desapoiado, embora tributável, habilmente
retratado na primeira pessoa por José Cardoso Pires, como projeto de si mesmo, que
se interroga e se duvida, e se olha ao espelho dividindo a imagem com a sátira
ao dinossauro da ditadura. Este que desenvolveu um projeto que durou 48 anos, e
soçobrou.
Hoje vivemos
rodeados de projetos revigorados e de boas intenções. De cosmopolitismo. Moeda
única. Motores de busca. Incentivos ao Erasmus. Democracia. Festivais de música.
Projetos Educativos. Redes sociais. Cartões de cidadão. Hipotecas. Dicas da
Semana. Taxas moderadoras. Taxas de redução remuneratórias. Escolaridade obrigatória.
Tolerância 0. Tv por cabo. Leasing… E
o mega projeto em curso continua por cumprir: o ser humano. A sua educação.
A vivência dos valores normativos por celebrar em pilares identitários,
ideários, empírico-funcionais e locais de cada agrupamento. Nós, profs., sentamo-nos
para projetar.
27/março/12
Rosa
Duarte
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