Hoje é dia de S.Valentim.
Eu sou uma romântica assumida. Embora não seja das
mais incuráveis. Gosto também de dar espaço à razão, que é um ingrediente
essencial para o próprio amor.
Mas o que seria do mundo sem o amor? Sem ele, nada
existia. Nem a arte nas suas diferentes expressões. Nem mesmo a vontade de
viver. Ora, viva então o amor! Mesmo que se esteja a falar apenas do amor
conjugal. Porque, como bem sabemos, é Amor um mar imenso de colorações e marés
nos diferentes oceanos do universo humano.
Confesso que não sou muito dada a celebração de efemérides,
como esta, que têm sempre um certo aproveitamento comercial. Mas este santo não
tem sido lembrado com o devido cuidado na sua história, ainda que lendária.
Apesar da igreja católica reconhecer a possibilidade da sua existência, bem
como as igrejas orientais, Valentim não tem tido as merecidas honras oficiais
porque há, de facto, precariedade nas devidas comprovações históricas. A
seriedade acima de tudo.
Mesmo assim, este ano resolvi pensar nele, no santo,
a propósito dos jovens que são seus grandes simpatizantes e eles bem precisam
de ânimo nos tempos atuais que pouco os têm favorecido.
Um dos meus filhos vai viajar para estar hoje com a
namorada, no dia de S.Valentim, o que é um gesto muito romântico (o meu outro rapaz
já está a viver com a sua princesa).
O mundo precisa de pensar no amor, nem que o
trampolim seja uma mera data do calendário. Há nisto o lado seco do aproveitamento
comercial? (nunca esperei dizer isto) Ainda bem que se faz negócio com os valentins
e os meninos jesus, porque a crise económica tem flagelado todas as áreas de
investimento. Haja mas é comedimento no consumo em função de cada contabilidade
individual.
Dito isto, passemos à história do Valentim que é
bonita e, até, um épico amoroso.
Cláudio II,
um general e imperador romano, durante o seu governo, proibiu a realização de casamentos
no seu reino, porque precisava de formar um grande e poderoso exército
e acreditava que os jovens, se não tivessem família, alistar-se-iam com maior
facilidade.
No
entanto, um bispo romano prevaricador continuou
a celebrar casamentos, mesmo sabendo-se sujeito a sérias consequências pela
proibição decretada do imperador. O nome do bispo era Valentim e as cerimónias que
realizava eram secretas. Contudo, infelizmente, a sua prática foi descoberta e o
Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens lhe
atiravam flores e bilhetes dizendo que ainda acreditavam no amor. Entre essas
pessoas que atiraram mensagens ao bispo estava uma jovem cega, chamada Astérias,
filha do próprio carcereiro, que conseguiu a permissão do pai para visitar o dito
bispo Valentim. Não é que os dois se apaixonaram e, milagrosamente,
a jovem recuperou a visão?! Nesta altura ainda não existia a imposição do celibato
no exercício eclesiástico (pois o casamento dos sacerdotes só foi considerado
herético em 1073) e o amor do bispo tornou-se incomensurável… O bispo ainda chegou a
escrever uma carta de amor à sua jovem, que assinou do seguinte modo: “do seu Valentim”,
expressão que ainda hoje é utilizada.
O
querido e amado Valentim não se livrou da deliberação do general e a sua decapitação deu-se a 14 de
fevereiro do ano de 270. A data que recordamos.
Moral da história: O imperador roubou o corpo a Valentim, mas o seu coração permaneceu vivo no peito da jovem que continuou a amá-lo.
Moral da história: O imperador roubou o corpo a Valentim, mas o seu coração permaneceu vivo no peito da jovem que continuou a amá-lo.
Por
isso se diz que o amor é intemporal e o canto eterniza a sua beleza inefável.
Alfama,
14 de fevereiro de 2014
Rosa Maria Duarte
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