Às vezes ficamos um pouco cinzentos. Reflexo de um céu nublado na nossa senhora alma.
Talvez também porque percebemos que há ciclicamente um alguém conhecido que resolve passar do aquém para o além. Grande parte das vezes, por vontade não própria, força de um tempo inflexivelmente renovador.
Aquele tempo que vai envelhecendo pessoas e folhas nas árvores, tornando-as quantas vezes vistosas numa paleta variada do vermelho ao amarelo. Muitas descem à terra e amantizam-se com ela. Perfumando-a. Alimentando-a.
Outras, teimosas, agarram-se, firmes, aos ramos onde nasceram e quase nem mudam de cor. Escusam-se à morte e querem ver a vida do alto de um tronco que é o seu barco-berço ao vento.
Há um rosto de neblina, friagem, chuva miudinha, onde soltas gotículas fazem despontar uma colcha verde de trevos e demais ervas, a que se juntam umas florinhas amarelas a dançar, esbeltas, na aragem de um certo janeiro.
São belas pintas amarelas a sobressair no manto verde-chão dos pedaços de campo em constante avidez de água e de húmus.
São as azedas tão doces vestidas de um amarelo sol e limão que eu tão bem conheço dos meus tenros percursos de Alcântara à escola primária da Tapadinha.
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