E sonhas todos os dias?
Há neste sonho sombras e luz
passos irrefletidos nas folhas
do caminho estreito e belo
às vezes misterioso
pedras chilreadas
sussurradas
segredadas
tantas vezes emocionadas
passamos as mãos em carícia
e não queremos olhar para trás.
Temos umas pernas hesitantes
talvez um pouco cansadas
mas queremos olhar em frente
ainda olhamos à volta
onde há certezas
e as incertezas
muitos silêncios
nos nossos pés acima
as cores das nossas pernas
bronzeadas pela luz
entre a folhagem
os muros de altos
sentimentos
que conversam baixinho
uns com os outros
para não acordar
a avó velhinha
do nosso passado
naqueles mesmos lugares
maternais ancestrais
tão intensos e embelezados
enrugados
pelo tempo esverdeado
com as lágrimas da saudade.