HUMANIZAR MAIS A ESCOLA E PARTICIPAR DA NOVA CONSCIÊNCIA COLETIVA
Eu penso que quanto mais ameaçada está a educação no nosso
país, maior é a consciência da opinião pública quanto à necessidade de esta ser
valorizada no sentido da construção intelectual, cívica e profissional dos
nossos educandos.
Muito tem sido o recente apoio de pais e alunos aos
professores a favor da qualidade de ensino, no que toca aos direitos
adquiridos, ao direito ao trabalho e às condições mínimas necessárias para se
desenvolver e humanizar mais a
instituição escola.
A crise, como todos sabemos, não é apenas económica. É
sobretudo uma crise ética e de competências sociais.
É ação prioritária da classe política de qualquer nação a
criação de futuros para os seus jovens. Que passa pelo respeito por quem
trabalha e por quem quer trabalhar.
E há bons profissionais no ensino.
Os alunos afirmam com frequência ter uma boa relação com a
escola.
Mesmo nas classes sociais menos favorecidas, temos pais e
encarregados de educação de grande espírito de investimento educacional no
acompanhamento escolar dos filhos, apostando num futuro melhor para eles.
Muitos dos meus alunos sentem a escola como a grande
oportunidade de se desenvolverem como pessoas e como cidadãos.
Hoje que a escolaridade é até ao 12º ano, a obrigação do
estado é maior ainda para assegurar os meios necessários para a dignificação do
ensino.
Contudo, há muita distração, nomeadamente consumista,
resultante da falta de consciência social.
Os políticos deviam de ser os principais agentes de
descodificação das reais necessidades e desejos da população.
Também é uma obrigação cívica de qualquer um de nós a
participação e intervenção na vida política do país.
De preferência, com o saudável despreendimento em relação a
cargos e a protagonismos.
Eu sou e sempre fui defensora da escola pública. Foi nela que
me formei. Defendo a sua qualidade e a sua gratuitidade. Que está consagrada na
declaração universal dos direitos do homem.
Acho que não temos licenciados a mais. Temos é um país com um
problema gravíssimo de governabilidade que descuida os seus próprios filhos.
Ou que dispensa a sua força de trabalho porque não lhes sabe
oferecer oportunidades e novos projetos de trabalho.
Não há dinheiro nem condições para dar trabalho? Não é verdade.
O problema é a falta de autoridade no controle do
incumprimento fiscal e na promiscuidade de interesses entre o setor público e o
setor privado. Entre a política e as empresas. Os escritórios. Os hospitais. Etc…
A solução passa por estarmos atentos e à altura de remover as
teias intrincadas de corrupção.
Reabilitar a ideia do serviço público é vital.
O que é que de melhor nós, professores, podemos dar aos
nossos alunos?
Para além dos nossos conhecimentos e experiência, é a nossa
atenção dedicada, o nosso afeto e a consciência responsável do nosso exemplo
como seres humanos.
Rosa Duarte
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