ARTE À JANELA
Arte à janela Rosa Maria Duarte Óleo s/tela 73x54 |
Pensemos sobre a arte. Como se ela fosse uma melodia
a arejar uma casa fechada, mas com janela…
Será a arte (também) utilitária?
A arte é mais que utilitária: é vital para a sobrevivência física,
emocional e psicológica de todo o ser humano na rotina repetida do seu dia-a-dia.
E não apenas para aquele(s) que assume(m) essa inevitabilidade na engrenagem da
sua vida.
Claro que a arte pode ser, e é em muitos casos, o sustento do
indivíduo. Objeto de troca por patacos. Mas o talento artístico não se exprime
por objetivos (puramente) financeiros. Ninguém é premeditadamente artista para
ser milionário. Creio que até os próprios empresários não podem (ou não devem) iniciar
a sua atividade com esse propósito. O próprio Yves Saint Laurent, segundo
consta, não o fez…
Os artistas são fazedores ao serviço da arte. A arte não
salva vidas num bloco operatório, mas pode evitar o consumo de psicotrópicos ou
certos estados de enfado ou tristeza.
E os fazedores de arte distinguem-se dos simples curiosos
(potenciais artistas...), porque a sociedade trata logo de os testar e filtrar.
O olhar alheio é perito nisso: arredar o outro da “inutilidade” da arte (ou do
seu prestígio) começando a testar das formas mais criativas (e aqui entra uma
parente afastada da arte arte) questionando a qualidade e a dedicação daquele
artista à sua causa, com olhares, atitudes e mesmo palavras que podem abalar a sua
convicção, mesmo daquele que julga ser suficientemente forte. É certo que a opinião
alheia, sobretudo reiterada intencionalmente, pode ter algum fundamento e/ou
efeito, que depende de quem a dá e como dá, mas é imprescindível o próprio relativizar
sempre o olhar do outro, porque a vontade própria e o impulso criativo devem imperar
sobre as emoções, suas e do outro, e a sua afetação ao nível da personalidade.
O valor do trabalho artístico deve estar acima dos cânones de
cada época e sensibilidades.
A arte começa no coração de cada (potencial) artista.
Sem arte, as civilizações ruíam (ainda mais!). Mesmo com a
atividade artística em ação, o homem tem comprometido a sua felicidade. Fará se
ela não existisse ou fosse aniquilada na experiência humana (que não é
possível!).
É que o presente só existe porque somos todos um pouco artistas,
cada um à sua maneira e com o grau de entendimento que tem de si e do
mundo.
7 de novembro de 2015
Rosa Maria Duarte
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