sábado, 7 de novembro de 2015

Arte à janela

ARTE À JANELA
Arte à janela
Rosa Maria Duarte
Óleo s/tela
73x54

Pensemos sobre a arte. Como se ela fosse uma melodia a arejar uma casa fechada, mas com janela…

Será a arte (também) utilitária?

A arte é mais que utilitária: é vital para a sobrevivência física, emocional e psicológica de todo o ser humano na rotina repetida do seu dia-a-dia. E não apenas para aquele(s) que assume(m) essa inevitabilidade na engrenagem da sua vida.

Claro que a arte pode ser, e é em muitos casos, o sustento do indivíduo. Objeto de troca por patacos. Mas o talento artístico não se exprime por objetivos (puramente) financeiros. Ninguém é premeditadamente artista para ser milionário. Creio que até os próprios empresários não podem (ou não devem) iniciar a sua atividade com esse propósito. O próprio Yves Saint Laurent, segundo consta, não o fez…

Os artistas são fazedores ao serviço da arte. A arte não salva vidas num bloco operatório, mas pode evitar o consumo de psicotrópicos ou certos estados de enfado ou tristeza.

E os fazedores de arte distinguem-se dos simples curiosos (potenciais artistas...), porque a sociedade trata logo de os testar e filtrar. O olhar alheio é perito nisso: arredar o outro da “inutilidade” da arte (ou do seu prestígio) começando a testar das formas mais criativas (e aqui entra uma parente afastada da arte arte) questionando a qualidade e a dedicação daquele artista à sua causa, com olhares, atitudes e mesmo palavras que podem abalar a sua convicção, mesmo daquele que julga ser suficientemente forte. É certo que a opinião alheia, sobretudo reiterada intencionalmente, pode ter algum fundamento e/ou efeito, que depende de quem a dá e como dá, mas é imprescindível o próprio relativizar sempre o olhar do outro, porque a vontade própria e o impulso criativo devem imperar sobre as emoções, suas e do outro, e a sua afetação ao nível da personalidade.

O valor do trabalho artístico deve estar acima dos cânones de cada época e sensibilidades.

A arte começa no coração de cada (potencial) artista.

Sem arte, as civilizações ruíam (ainda mais!). Mesmo com a atividade artística em ação, o homem tem comprometido a sua felicidade. Fará se ela não existisse ou fosse aniquilada na experiência humana (que não é possível!).

É que o presente só existe porque somos todos um pouco artistas, cada um à sua maneira e com o grau de entendimento que tem de si e do mundo.

 

                                                                        7 de novembro de 2015

                                                                            Rosa Maria Duarte
 

 

 

 


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