Era uma vez um pombo que sonhava com todos os comestíveis de um bairro incaracterístico na margem sul do Tejo.
Ele via bem o desperdício de comida nos caixotes do lixo. E alguns humanos pobres a revolvê-los, acompanhados de cães empoeirados e pulguentos.
Não era fácil ser um vulgar pombo cinzento, de pescoço matizado de brilhante verde e rosado, tão amigo de voar e de pousar em cada parapeito de janela de alumínio convencional.
Até que um dia, uma senhora bem posta, talvez nostálgica da proteção do seu pobre que lhe batia à porta quando vivia no Restelo, adotou-o.
Batizou-o de Cinzento.
Ainda hoje o Cinzento vai à janela da senhora de bem, que trocou o seu Restelo por Corroios, e come, sôfrego, pela mão. da senhora. Hoje já traz a sua companheira e mãe dos seus pequenotes.
A dita senhora um dia confidenciou-lhe: - Cinzento, és o meu primeiro animal de estimação que vive em plena liberdade. - E sorriu.
A senhora de bem Rosa Maria Duarte Óleo s/tela 55x46 |
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