domingo, 15 de dezembro de 2019

Queres pensar comigo LVI

- Já compraste todas as prendas de Natal?

- Este ano até já comprei meia dúzia delas. Mas eu creio que esta quadra natalícia apela a mais do que isso...apela também ao lado espiritual do ser humano.

- Achas????

- Eu sei que isto parece fantasia da minha cabeça, mas repara que o ato de comprar em dose redobrada (para quem pode, claro está!) provoca frequentemente estados de cansaço, ansiedade e até frustração. Mesmo sem o dizer, grande parte das pessoas já se vai questionando sobre aquilo que realmente quer do Natal...

- Mas estás a esquecer-te das exigências de determinados estilos de sociabilização que passam pelas aparências...

- Não há dúvida que tens razão. Contudo, o espírito de solidariedade que fica bem a toda a gente, e que eu acredito que é verdadeiro e sentido, faz pensar. Mesmo quando precisamos, não sabemos receber...e não falo só de bens materiais. 

- E onde é que avalias a espiritualidade dos outros no meio deste ruído e azáfama? Nas igrejas e nos templos?

- Eu creio que há latente um nível variável de espiritualidade a despontar/manifestar-se no interior de cada um de nós. Nem todos nos apercebemos bem disso... Mas há um silêncio que, nem que seja por momentos, nos faz falta e que não é a ausência de ruído. É uma voz de silêncio que vamos ouvindo em qualquer lado em quaisquer condições que nos quer aquietar a mente e o coração das emoções, dos pensamentos quantos emprestados e dos olhares afetados e confusos. 

- Então o que é para ti a espiritualidade?

- Para mim, a espiritualidade é uma gradual descoberta das coisas verdadeiramente belas que existem no mundo de cada ser individual e coletivo. 

- Mas achas que essa espiritualidade tende a manifestar-se mais nesta época do ano?

- Nem sei bem responder-te a isso. Às vezes tenho a sensação que há em nós um sentimento mais crítico nesta altura do ano de contra-corrente consumista e que, para alguns, acredito que seja de inspiração em exemplos maiores como aquele de Jesus de Nazaré à porta do templo em face da ambição dos vendilhões da altura. Atenção: comprar e vender é próprio da nossa sociedade. Temos que participar e ajudar a progredir. Mas o mais importante do Natal não é comercializável. Não achas?


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