- Olá rosas.
- Olá catos.
- Olá silvas.
- Olá línguas da sogra.
- Olá eras.
- Olá malmequeres.
E por aí fora. O quintal era pequeno. Mas o pequeno sentia uma grande alegria naquela repetida correria e uma grande velocidade na língua nas saudações amigas àquela natureza doméstica.
Acontece que sempre que passava junto ao estendal da roupa, tocava de propósito com a cabeça em cada peça estendida. E depois imitava um toureiro:
- Olé toalhas.
- Olé calções.
- Olé meias.
- Olé camisas.
E então era não mais acabar de olés.
Nisto avistou uma sombra de figura humana junto ao portão envelhecido do quintal do lado de fora que depressa o desafiou:
- Olé Tomé!
O rapazito estacou os frenéticos movimentos, arregalou os olhos sorridentes e ripostou de pronto:
- Olé mano Zé! E o meu barrete olé?
- Ah, o teu barrete verde...E o meu abraço de manos?
E fugiu.
- Estás dispensado dos abraços, por enquanto. - Sorriu-lhe.
Depois de um demorado cumprimento com cotovelos e pontas dos sapatos, o mano Zé, satisfeito, respondeu-lhe:
- Ah o teu barrete campino...que não está esquecido, Tomé. Mas primeiro tens de ouvir a minha história do olé porque a verdade é que já não gosto de ver sofrer os nossos belos touros. Queres ouvir?
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