- Ainda estás nesses preparos? E esse manequim...estás com frio?
Olha, já estou vestida para o desfile. Venha o samba.
- Despida, queres dizer....e a chuva?
- Por isso é que os fatos são assim, faça sol ou faça chuva...
- Ainda estás nesses preparos? E esse manequim...estás com frio?
Olha, já estou vestida para o desfile. Venha o samba.
- Despida, queres dizer....e a chuva?
- Por isso é que os fatos são assim, faça sol ou faça chuva...
Olha
Somos azuis
cor imensa de mar
no olhar contemplativo
brancos cor de espuma
na frescura do poente
e verdes algas
nos cabelos a esvoaçar
também cor de rochas
nos corpos firmes
beijados p'la ventania
norte agreste
somos terra marinha
barro cor de argila
na existência sonhadora
fluida e navegante.
Pensemos com pensamentos próprios, com esclarecimento e consciência da verdade.
Numa interpretação do mundo de forma saudável, podemos substituir a ignorância com o conhecimento em liberdade, manter a mente ocupada com ideias construtivas, mantê-la focada e forte, evitar as discussões e as polémicas quando são lutas de egos, valorizar o bem e as virtudes, abençoarmo-nos por quem somos, aos outros e à vida em geral.
Mãe
Vou escrever-te
um dia esta carta
daquelas que toda a gente
escrevia para te dizer
que cheguei bem
aos anos das recordações
uma carta de chegada
a este lugar da vida
algures desde a meninice
um sítio na minha mente
onde não já estás (ou ainda)
porque é longe
e demora demora oito dias
de avião a chegar.
É um papel levezinho
pautado e dobrado
para não pesar no ar
com envelope às riscas
onde escrevo a caneta
na ponta superior direita
em diagonal «par avion»
não vá ficar esquecida
na bagagem da memória
e esta minha viagem
na tua rotina diária
ser cancelada desviada
da rota do teu acordar
do teu olhar longínquo.
Durante o inverno, há sempre um olhar anónimo de atenção à janela de uma casa qualquer, onde as ruas e os ajardinados são lugares de movimento de gente e bichos a irem e virem, a fugirem à chuva, até que a penumbra e as sombras de mais uma noite fria e húmida vão impondo o silêncio...
Há lírios
brancos
a nascer
nos ermos
nos becos
nos dedos
dos sem-abrigo
deitados
num lugar
ocupado
por jovens
militares
cansados
zangados
com a guerra
de colarinho
menos branco
encardido
pela ganância.
És a rola
alentejana
que canta
como ninguém!
eu bem sei
a arrulhar
aninhada
nesse canto
quente ninho
de chilreios
e de folhas
junto aos
troncos
perfumados
de seiva
cor laranja
e de gomos.
ainda é cedo
para
procriares
lindas crias e
alegres melodias...
Anda
Vem comigo
vamos pintar o dia
de azul e infinito
a adormecer
no colo de uma igreja
e das suas árvores
no alto de qualquer rua
nascida
das mãos
calajadas suadas
dos construtores
da civilização.