Na esquina da vida, avistei luminoso o céu do meu bairro.
A Elis perguntou-me pelo bar do Veloso.
Não vai antes um fadinho?
Aqui há fado?
Se há...!
Vai um fadinho.
De janela virada aos manjericos, mergulhei o olhar.
Os gemidos chamavam.
Num banquinho enegrecido da tasca, bebi na aragem do canto.
Era um mar de versos que deslizavam salpicos de vento e fado.
Quais vagas de melodia em êxtases de cor de mel.
Velas traziam um misto de sentimento e olhar intenso.
As mesas eram matizes de poesia.
Ao som gradativo final, já era o langor a entorpecer o silvar da saudade.
O silêncio foi o agasalho fadista do regresso.
17 de março de 2015
Rosa Maria Duarte
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