terça-feira, 17 de março de 2015

o silêncio agasalhado

 
 
Na esquina da vida, avistei luminoso o céu do meu bairro.
 

A Elis perguntou-me pelo bar do Veloso.
Não vai antes um fadinho?

Aqui há fado?
Se há...!
 
Vai um fadinho.

De janela virada aos manjericos, mergulhei o olhar.
 

Os gemidos chamavam.

 Num banquinho enegrecido da tasca, bebi na aragem do canto.

Era um mar de versos que deslizavam salpicos de vento e fado.


Quais vagas de melodia em êxtases de cor de mel.
 Velas traziam um misto de sentimento e olhar intenso.
As mesas eram matizes de poesia.

Ao som gradativo final, já era o langor a entorpecer o silvar da saudade.
O silêncio foi o agasalho fadista do regresso.

                                                                                         17 de março de 2015
                                                                                          Rosa Maria Duarte

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