segunda-feira, 27 de julho de 2015

fotografei a senhora das águas...

Há dias dei um valente mergulho na meia-praia, em Lagos. Era mais um dia cheio de sol e mar apetitoso.
Estava a admirar a transparência aquosa, quando dei de caras com alguém muito luminoso a olhar-me fixamente. Bolas, assustei-me. Era alguém de olhar aberto, ainda que de corpo submerso.
Podia ter-me afastado. Mas não. Deixei-me prender àquela presença intensa. Poderia ser alguém a precisar de ajuda. Deixei-me ficar um pouco, na expectativa. Olhei melhor. Parecia uma pessoa, mas estava a respirar dentro de água e mantinha um sorriso bondoso e confiante. Parecia estar bem.
Então lembrei-me da minha máquina descartável subaquática ali a poucos passos. Seria uma interessante história para contar e comprovar. Hesitante, fui buscá-la à toalha, na esperança de que aquele ser esperasse por mim. Não é que esperou? Bem, não sei se foi por mim, mas estava a olhar na minha direção. Viu-me aproximar, entusiasmada, de máquina em riste. Não sei se sabia o que era.. Tive receio que se assustasse. Perguntei-lhe quem era e ela (era um ser feminino) respondeu-me que era a Senhora das Águas. Que não era seu hábito aproximar-se tanto dos terráqueos, mas não resistiu à curiosidade. Perguntei-lhe se era uma sereia, embora sem cauda. Disse-me que não era uma sereia, mas gostava que muito de cantar e de assobiar. E eu, logo que me deu chance, contei-lhe as minhas aventuras pela música. Que já são algumas...

Enfim, tornámo-nos mulheres cúmplices do amor ao mar e à música.

Não é bonita a Senhora das Águas?

Ela é muito reservada. Pediu-me para vos dizer que não precisam de fazer «like» na sua imagem.

Porque diz que a beleza está no coração de quem olha e sente, e não no gesto.

Esta imagem que veem já é fruto de um retoque fictício da sua foto.

«É que a arte não é a descoberta de coisas belas, mas a beleza da descoberta das coisas.»
Senhora das Águas
Rosa Maria Duarte
Óleo sobre tela
50x60

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