terça-feira, 17 de maio de 2016

crónica de opinião publicada no «Diário de Região» de 17 de maio



COMO AS PALAVRAS PODEM MUDAR O MUNDO


Rosa Maria Duarte


Todos sabemos que as palavras valem o que valem. Ou seja, são apenas sons ou representações convencionadas, nada mais, mas cujas ideias quantas vezes ajudam, magoam, influenciam e chegam a manipular. Queremo-las honradas, mas nem sempre são respeitadas.
As palavras são cruciais para o sucesso do coletivo numa propaganda, numa campanha publicitária, numa palestra, num livro, numa interação familiar, de amizade, de trabalho…nas redes sociais, nos sms…
As palavras constroem e destroem. Em menos casos, ‘não aquecem nem arrefecem’… Contudo, se o Homem as criou foi porque precisou delas para (sobre)viver.

Assim, as palavras podem ser manchetes como «Recados "fofinhos" de professora a alunos estão a fazer sucesso». Este título é de uma notícia sobre uma professora nos E.U.A. que sentiu que os seus alunos de 10 anos estavam demasiado ansiosos por causa do exame e resolveu escrever mensagens de ânimo nos tampos das suas secretárias. Segundo este jornal, a ideia da professora teve um grande impacto mediático e atingiu o efeito pretendido nas crianças.

Claro que este é apenas um dos muitos exemplos do papel formativo e grandioso das palavras no mundo da educação. Para o diálogo com os seres humanos mais jovens, mais vulneráveis, a boa escolha das palavras faz toda a diferença. Com os valores acrescidos como a intimidade e a credibilidade relacional que são determinantes para o sucesso comunicativo. Até porque há crianças e jovens minimamente dotados da capacidade que se costuma designar por ‘bom avaliador/a de carateres’.

Não obstante, errar é humano. E, pela lógica, mais poderão errar os menos experientes da vida do que os mais experientes dela.

Só que… há outras questões muito delicadas e teimosas na história do Homem que se levantam, que subvertem as estatísticas, porque atribuíveis ao mundo dos adultos: os jogos de poder, de influências, os sentimentos de inveja, de ciúmes, de ambição… e que levam ao erro propositado, deliberado, premeditado, cuja ferramenta por excelência é a palavra persuasiva ou ofensiva.

Teoricamente é sempre possível fazer valer perante a lei a palavra verdadeira... mas o mundo vive em permanente mudança. O indivíduo vai vivendo por tentativa e erro. Quem sabe se quem hoje acusa Dilma Rousselff não a ilibará em breve, por razões tão diversas quanto falíveis?

Mas se somos o que pensamos, dado que (ainda) tentamos ser coerentes com as nossas convicções, são as palavras, filhas do pensamento amadurecido, que podem mudar o mundo. A beleza das palavras está nesse amor que alguns sabem testemunhar no seu poder atuante, duradouro e consistente, nas áreas do ‘saber de experiência feito’.

Este não precisa de palavras para convencer.







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