- Olá, amigo.
- Bom dia. Como estás?
- Estou bem. Viste ontem aquela nuvem descida a meio da ponte 25 de abril? Não se via quase nada. Parecia a humidade de Londres. Mas depois da ponte estava o sol à nossa espera...
- Foi? Estive em espaços fechados. É engraçado que declarámos já há muito o nosso amor ao sol. Ao rei Sol. Ao deus Apolo. E os nossos santinhos subscrevem-no. Diz-me uma coisa: gostavas de ser santo?
- Eu? Acho que não. Ser santo, verdadeiramente santo (não um pseudossanto), implica um espírito de abnegação que não tenho, de facto.
- O ser humano não tem esse espírito de abnegação. Aqueles que dizem que o têm são os que não o têm mesmo, eu acho.
- Tens razão. Um santo não se anda a autoelogiar. Há, contudo, seres humanos um pouco mais vocacionados para o serviço ao outro. Ainda que, em geral, numa emergência acho que qualquer um de nós consiga desencadeá-lo numa situação de preservação da espécie. Da sua prole, muito em particular.
- Sim. E aí é o nosso instinto animal, puro e duro, não é? As boas ações não fazem de nós santos.
- Não. Mas e se desenvolvermos essa nossa vontade de fazer melhorar o mundo?
- Ótimo. Mas olha que o santo só é santo porque conhece a alegria de ser livre nas suas ações sem epítetos humanos ou mordomias.
Sem comentários:
Enviar um comentário