- Olá bom dia.
- Bom dia. O que vês da tua janela?
- Vejo um céu azul decorado com nuvens, umas mais escuritas que outras. E tu?
- Eu vejo umas árvores despidas num relvado aparado há pouco tempo.
- Não vês o céu?
- Ah, sim, também um céu esbranquiçado e menos azul. É curioso...tu estás com a cabeça mais levantada do que eu.
- Pois...É importante olhar o céu. Ganhar alguma noção da verdadeira dimensão do espaço em que nos encontramos.
- ...bichos da terra tão pequenos...
- Sim. Há muito mais para além da nossa vidinha pequenina, de quem é mais popular ou mais influente, de quantas coisas fizemos hoje ou amanhã, quantas fasquias superámos, quanto tempo já passou, quando chega a nossa vez...tudo é importante, mas há muito mais para além de mim, de ti, dos outros. Há questões de sobrevivência que são inadiáveis, como esta pandemia, sem dúvida.
- Claro. Há que construir, com motivação e convicção, mas com consciência que são pequenas coisas temporais que apenas acontecem num fenómeno existencial mais profundo e duradouro.
- Saber relativizar as derrotas e as superações. As competições humanas. Subir ao topo da montanha, não é? Mas para quê?
- A nossa relação com a natureza desperta, a cada experiência, o melhor que há em nós. O melhor porque é a compreensão o caminho que procuramos. E só quando compreendemos é que tomamos consciência da dimensão da nossa ignorância.
- Então não se costuma dizer que quanto mais ignorantes, mais felizes?
- O conhecimento nem sempre é uma experiência aprazível, mas a natureza humana, desde muito cedo, procura o que falta em si.
- E o que é que nos falta?
- A liberdade que só se alcança pela verdade e pela sabedoria.
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