- Sou árvore. Não tenho problemas de género. Acho que sou um chorão. Os humanos gostam de chorões? As árvores são todas amigas. E se fazem sombra, é só para quem quer. Temos tronco, membros, história, genealogia, seiva, família, algumas longevas, mas não imortais nem imorais. Gostamos de sol, de chuva, de abraços, até de inscrições românticas. Mas não gostamos de ser maltratadas, insultadas, abatidas. Só se for para aquecer à noite ou ser livro de poesia ou guitarra de fado ou barco de um velho pescador.

 

Fastread poetry

 Ó céu

porque ficas

assim a olhar

ainda espantado

de cima para baixo

a biodiversidade

nossa os bichos

às vezes sorriso azul

límpido e fresco

outras vezes escuro

cinzento e chuvoso

tens luz a riscar de branco

as visitas dos sobrevoadores

e escutas as conversas

fúteis dos palradores

tu que nem és mudo

nem és bisbilhoteiro...

 

«Olá, pensamentos. Hoje vou começar o dia com uma boa respiração a olhar o exterior e atenta a vocês. Tudo é pensável, eu sei, mas a higiene também passa por escolher-vos. E escrever ajuda a pensar melhor... Mas quero olhar para mim. Como me sinto hoje :)?»

 

                             Olá, pensamentos/Rosa Maria Duarte/Óleo s/tela/55x46

Conseguem ouvir? Será o Imagine do John Lennon ou o hino da Alegria de Beethoven...?....

 

O Artur a caminho do seu concerto de piano...

 

Sou aquela gaivota que se eleva da linha do horizonte a desfrutar o perfume do azul imenso de céu e mar voando e planando pela costa portuguesa sem vontade de poisar.

 

Fastread poetry

 Num vulcão

que somos

de labaredas

fumos e lava 

saltamos as fagulhas

na nossa mente

como se fossem

lampiões populares

salamandras

aventureiros

da livre louca

imaginação

deslumbrados

imersivos na cor

no estalar do fogo

cientes do perigo

mais forte

na aventura

da representação

em tela papel

registo online

do intemporal

poder da 

recriação.

                                                Vulcão ativo/Rosa Maria Duarte/55x46/s/tela

Quando o céu decide convocar o seu clube de fãs, as nuvens grávidas de vida, o sol não resiste e espreita por entre aquela multidão de formas femininas como se ele próprio fosse uma ave luminosa, um espírito santo com autorização divina de descer à terra.

 

- Olá. Eu sou a Lili. Devo ter uns 55 anos. Estou bem conservada, não acham? Tenho o tamanho de uma criança de cinco anos. Já fui assistida no hospital das bonecas na praça da Figueira. Sou uma boneca e, como tudo, também tenho a minha história. Simples, por sinal. Nos primeiros anos, era boneca de árvore de Natal. Hoje sou uma recordação de família...

 

«Com uma inteligência não artificial e em estado um pouco ansioso, as florzinhas amarelas e azuis do caminho conversavam logo pela manhã sobre o seu futuro no planeta e as condições habitacionais naquele lugar ainda livre de betão e de excessiva poluição...»

 

Fastread poetry

 Estou?

Sempre vens?

A luz é boa

deixa contemplar

a água agitada

no chão cheio de mar

esta mesa vazia

com apenas uma cadeira

de ferro para ti.

 

 

- Vamos surfar o tempo distante e misterioso do mar duradouro e espumoso que vai e vem sempre com movimentos de emoção no fado de mais um dia. O céu por vezes chora, mas só as ondas morrem afetuosas aos nossos pés...

 

- É agora que vem aí o frio? Então vou-me agasalhar, porque não me quero derreter de amores pela luz macia e brilhante que me pinta a cor de neve...

 

                                      Boneco de neve/Rosa Maria Duarte/Óleo s/tela/46x55

Anda um bando de convidados a comer tipo buffet os dióspiros docinhos molinhos em voos estratégicos numa refeição prolongada de outono como se fosse um banquete de um casamento entre a natureza e o sol.

 

As pinturas figuro-abstratas dinâmicas que nos surgem na tela milenar natural acima de nós nunca têm assinatura porque todos sabemos quem as faz...(hum...?)

 

«Que bom a tua janela aberta a deixar entrar a luz de uma breve estação, a poesia de uma sombra fresca de pequeno verão maduro sentimental perfumado de lume e castanhas.»

 

Bom dia São Martinho, com um chá e muito carinho :)

 

«Há um caminho misterioso longo brilhante simples macio natural que nos abraça no profundo da beleza do universo, ao som primordial».

 

«Vai pela escada que na altura do céu/as nuvens brancas são poucas para tanta gente./Há cavalgada nas pernas vigorosas a subir./Prossegues ruidosa confiante libertina/numa alegria distante solta irrefletida./É a vida à espera do teu olhar sereno.»

 

Quando desenhamos algo, seja o que for, ganhamos maior intimidade com esse «objeto». Porque não conhecermos melhor o nosso próprio rosto, que vai ficando um pouco diferente a cada dia?...Se te desenhasses, como te vias (uma interpretação visual)? Há também aquele rosto familiar com (algum) tempo de convivência...

 

                                      Self-portrait/Rosa Maria Duarte/Óleo s/tela/55x46

Será o curso da História um traçado espiralado ou mesmo labiríntico? Há quem diga que é simplesmente linear...

 

«Chove. Os olhos fixam o caminho salpicado de folhas sacudidas pelo vento. Estarão os pensamentos escondidos na sua cara mergulhada em devaneios?»

 

Fastread poetry

Quem és tu, pequeno deus

sentado à beira da estrada

despreocupado do caminho

antes e depois do tempo

faminto de sol e silêncio

és personagem deste livro

quotidiano anónimo sentido

leio-te com o mesmo olhar

que vejo um verde vivo

espelhado no meu colo

como um gato sonolento.

«O pescador é um homem pequeno, com rugas fundas como caminhos dolorosos, poros abertos. Os dedos duros como raízes molhadas. A barba por fazer. Ele aguarda na quietude do fim da tarde cinzenta. Todos os seus órgãos pulsam, sem se deixarem ver. Algo mexe na água e ele suspende a respiração. Aquieta o som do coração e todo o baque alterado. Até alguma lágrima inconveniente. Setenta anos passados. Sentado sobre a tábua tosca do barquito cor de cepo velho, o panamá na cabeça e as mãos presas à cana de pesca, começa a receber desprendidamente os puxões que vêm da água...»

 

Um planeta cheio de beleza...é verdade. Os 4 elementos naturais vitais são (continuam) os grandes desafios para a humanidade: o fogo (incêndios), as cheias (água), pandemias (pelo ar) e a terra (queimada, submersa, contaminada).

 

Gradualmente há uma melhoria onde está a imagem de satélite situação contrária aos ponteiros do relógio aguaceiros mais intensos depressão ligeiramente a norte boas abertas temperaturas em descida o sol já quer brilhar na grande lisboa...bom dia a todos os santos.