JORNALISMO NA ESCOLA
Para que serve o Jornalismo?
Foi a primeira das muitas questões que nos lançou hoje Pedro
Brinca, diretor do jornal online Setúbal
na Rede.
Foram aventadas algumas ideias soltas. Para informar, claro.
Fazer chegar ao grande público o mais relevante da realidade diária. Com
seriedade, acrescentou Pedro. Muitas vezes com a devida análise dos factos. Até
para ser mais informativa e próxima da verdade dos factos. A subjetividade é
intrínseca e não pode ser eliminada de todo. A seriedade é que é determinante
para a confiança nos Media.
E quais os problemas no jornalismo? Prosseguiu a interpelar o
seu público participativo e entusiasmado (de notar que ali só chegaram alunos
pelo seu próprio pé e vontade).
Um dos problemas é a muita gente nova, indispensável para
inovar e revigorar a atividade noticiosa, mas que precisa da inevitável
orientação e experiência dos mais maduros. A maturidade aliada à vitalidade é o
cerne da solução.
O jornalista é o mediador, não? Propôs uma aluna. Sim, claro,
deve ser essa mesma a sua função, mediar a boa comunicação dos acontecimentos
até ao grande público. O jornalismo deve promover a liberdade de expressão e
garantir a democracia.
Pedro mencionou o vox
pop (ou vox populis), um termo
comummente utilizado para transmissões jornalísticas de entrevistas de rua,
para sublinhar que muitas vezes não são recolhas relevantes, porque não
constituem uma amostragem representativa da opinião pública.
Então (e cita mais um dos seus slides) o jornalismo trabalha com base na verdade, no interesse do
cidadão, independente em relação ao poder, que deve vigiar (e sublinha vigiar)
e promover a discussão. Vigiar porque são inadmissíveis lapsos ou imprecisões
de dados no bom jornalismo. O rigor é um ingrediente indissociável.
Falamos no quotidiano de notícias, das novas (the news em inglês), palavra já
conhecida n’ as novas do meu amigo,
das cantigas de amigo medievais. São as últimas. É a atualidade em ação. Nas
últimas 24 horas. O que chega primeiro é o melhor. Mas é a exceção à realidade
comum, para fazer notícia. E deu exemplo do homem que mordeu o cão. Quando os
homens passarem a morder os cães, lá se vai a notícia!
Pedro Brinca fez notar que, na conjuntura atual, porque a
realidade crítica começa a alastrar, há um esforço jornalístico para fazer
notícias positivas e de encorajamento social.
Claro que o papel educativo dos Media ou para os Media
foi sendo abordado. Que passa, naturalmente, pela responsabilização social,
pelo papel social, pela consciência de coletivo.
O sensacionalismo, como sabemos, é jornalismo espetáculo. Não
é um bom serviço à comunidade. Embora o jornalismo tenha que procurar um
equilíbrio entre o interesse público e o interesse do público.
E porque é que o jornalismo está em crise?
Sempre elucidativo e excelente comunicador, este jornalista
de carreira referiu o individualismo excessivo, a demissão da educação para a
cidadania, a aposta no que é giro, o sensacionalismo, o facilitismo, a falta de
verificação e rigor, e a ausência do contraditório. O jornalismo passou a ser
feito nas mesmas fontes, nas mesmas agências noticiosas.
Foi merecidamente aplaudido. E a seguir, Pedro Brinca ainda
deu mais umas lições em particular a umas alunas mais decididas a
cumprimentá-lo e calorosamente a agradecer-lhe.
Saímos do auditório da RLG e acompanhámos o nosso amigo Pedro
Brinca até à saída da escola.
Agora, até ao primeiro workshop.
Laranjeiro, 8 de novembro de 2012
Rosa
Duarte
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