O Gato Voador Rosa Maria Duarte Tela, carvão, acrílicos e pastéis 50x65 |
E eu respondia-lhe que tinha muita razão, sim senhor, que gostaria muito de ajudar, mas que não tinha como.
O raio do gato começa a olhar a profundidade do azul muito limpo e, vai daí, surge uma espécie de tapete voador a voar rasteiro e para junto dele. Sem espanto, ainda faz renhau a perguntar-me qualquer coisa, mas a minha estupefação não me permite qualquer interação. Ele lança as suas patinhas com destreza por sobre uma das franjas do dito tapete, tipo oriental, e vai, senhor do seu sonho, pelo quintal fora montado no seu sonho voador, que levanta voo junto ao portão castanho do meu quintalejo e some-se pela lezíria fora. À procura doutros Alentejos, com certeza, e de outros quintais com pessoas miadoras como eu para deslumbrar e despertar para a invenção dos dias felizes.
(in «o gato da minha aldeia», Rosa Duarte)
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