quinta-feira, 30 de junho de 2016

O encantamento do canto da sereia no mar português foi o Fado.

“a ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas, como se sente que são” (Fernando Pessoa). Quando se olha uma flor, por exemplo, reage-se à sua beleza e só depois, eventualmente, se pensa na sua existência biológica. É a beleza das palavras no seu contributo simbólico narrativo, como a antiga lenda pigmeia que conta que um menino, ao andar pela floresta, descobre um pássaro com um canto muito melodioso e, deveras encantado, apanha-o e leva-o para casa. O pai do menino, para não ter de procurar alimento para aquele aparente pássaro vulgar, e mesmo depois de o ouvir cantar maravilhosamente, decide matá-lo. Ao tirar a vida ao pássaro, o senhor matou a música e, sem o prever, matou-se a si mesmo.










No mar português, há um canto doce quase longínquo e profundo que quando chega aos nossos ouvidos soa a Fado.
O fado da Sereia
Rosa Maria Duarte
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